Março de 2024 foi o março mais quente no planeta Terra, desde que há registo

A NOAA divulgou a análise da temperatura global referente ao mês de março de 2024 e concluiu que este mês foi o março mais quente da Terra, desde 1850, ano em que se iniciaram os registos.

Calor
A nível do globo, março bateu recorde de temperatura para este mês.

Os Centros Nacionais de Informação Ambiental (NCEI-National Centers for Environmental Information) da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) dos EUA calculam mensalmente a anomalia da temperatura média global tanto da superfície da terra como da superfície dos oceanos.

Dez meses consecutivos de temperaturas recorde na Terra

Segundo os cientistas dos Centros Nacionais de Informação Ambiental da NOAA, a temperatura média global da superfície terrestre e oceânica em março foi 1,35°C acima da média do século XX, que é de 12,7 °C. Isto é 0,01°C mais quente do que o anterior recorde de março estabelecido em 2016.

Março de 2024 é o décimo mês consecutivo de temperaturas médias globais recorde.

Este março marcou também o 48º mês de março consecutivo com temperaturas globais acima da média do século XX.

Anomalias das temperaturas
Anomalias da temperatura média da superfície do globo, no mês de março, no período de 1850 a 2024 (Fonte: NOAA Global Climate Report March 2024)

A temperatura média global de março, apenas em terra, foi a quarta mais quente de que há registo, com 2,09°C acima da média.

As temperaturas estiveram muito acima da média em grande parte da América do Sul, África e Europa Ocidental e Central. As temperaturas também foram muito mais altas do que a média em grande parte do nordeste dos EUA e no leste do Canadá, onde as anomalias mensais excederam 3,0 °C em muitas áreas.

A América do Sul e a África tiveram o seu mês de março mais quente, enquanto a Europa teve o segundo mês de março mais quente de que há registo.

Temperaturas muito mais altas do que a média, também ocorreram em regiões do sudoeste da Ásia, centro e leste da China, grande parte da metade leste da Austrália, partes do extremo leste da Rússia, bem como grandes partes da Antártida Ocidental.

Este mês, 10,8% da superfície terrestre foi coberta por temperaturas altas recorde.

Em março registou-se um recorde mensal da temperatura média global da superfície oceânica, com 1,01°C acima da média.

Pelo décimo segundo mês consecutivo, a temperatura média global da superfície oceânica atingiu um recorde.

Estas temperaturas ocorreram quando o atual episódio do El Niño se aproxima do fim. As condições do El Niño, que surgiram em junho de 2023, enfraqueceram ainda mais em março.

Tal como em fevereiro, as temperaturas à superfície do mar estiveram novamente acima da média em grande parte do Oceano Pacífico setentrional, ocidental e equatorial. As temperaturas altas recorde de março cobriram grande parte do Oceano Atlântico tropical, bem como partes do Atlântico Sul e do noroeste do Oceano Índico.

Anomalias da temperatura no globo
Anomalias da temperatura média da superfície do globo em março de 2024, em relação ao valor médio no período 1991-2020 (áreas a cinzento representam falta de dados) (Fonte: NOAAGlobalTemp v6.0.0-20240408)

No Hemisfério Norte, o mês de março de 2024 foi o segundo março mais quente de que há registo, com 1,68°C acima da média, abaixo do recorde de março de 2016, que foi de 1,82°C acima da média.

O Hemisfério Sul registou o mês de março mais quente desde que existem registos, com 1,01°C acima da média.

Chuvas intensas em algumas regiões do globo

Em março ocorreu precipitação acima da média em áreas que incluíam grande parte da Europa Ocidental, da Rússia central e oriental, áreas da China central, grande parte do Japão e grande parte da Austrália central e ocidental.

A precipitação também foi acima da média em grande parte da Costa Leste e do Sul dos EUA, no oeste dos EUA e no oeste do Alasca. Na América do Sul, a precipitação acima da média foi notória na costa do Brasil e no nordeste da Argentina.

As condições mais secas do que a média foram generalizadas no México, na América Central, em muitas áreas do norte da América do Sul e nas Ilhas Havaianas. A precipitação de março também foi inferior à média em grande parte da Europa Central e Oriental, no sul da Mongólia, no norte e sudeste da China, no sul e oeste da Índia, em grande parte do Norte de África e da África Ocidental, bem como em grande parte do leste da Austrália e da Nova Zelândia.

Chuvas fortes ocorreram no sudeste do Brasil, provocando cheias e deslizamento de terras, o que causou a morte de mais de 24 pessoas. Na parte nordeste da Argentina também ocorreu precipitação forte, registando-se chuvas recordes em menos de 6 horas. A chuva forte associada à depressão Monica atingiu o sudeste de França, provocando cheias na região. O valor da precipitação mensal excedeu os 400% do valor médio mensal.

É de referir ainda as chuvas intensas que se registaram em março, na Indonésia, com a ocorrência de cheias e deslizamento de terras, que provocaram a destruição de infraestruturas e a perda de vidas humanas.

Gelo no Ártico e na Antártida e ciclones tropicais

A extensão de gelo no Ártico, em março, foi a 14ª menor extensão e foi no dia 14 que ocorreu a extensão máxima de inverno. Por outro lado, na Antártida, a extensão de gelo foi a 5ª menor registada.

Em relação à atividade das tempestades tropicais em março, é de referir a tempestade tropical severa Filipo, que atingiu Moçambique provocando chuva e vento muito fortes que destruíram milhares de casas, matando ou ferindo dezenas de pessoas. Também o ciclone tropical Gamane provocou graves impactos no nordeste de Madagáscar, levando ao deslocamento de milhares de pessoas e à morte de pelo menos 18 pessoas. É de assinalar ainda o ciclone tropical Megan, que atingiu o norte da Austrália no dia 18 de março e provocou cheias e danos significativos nos portos.