Fumo dos incêndios está a deteriorar a qualidade do ar para níveis perigosos em Portugal continental

Como, infelizmente, é habitual, no verão, Portugal é fustigado por enormes incêndios florestais. Este ano o cenário não é diferente. Aliás, tendo em conta as condições atmosféricas atuais que se resumem em muito calor, pouca humidade relativa do ar e rajadas de vento, por vezes, fortes, o risco de incêndio, segundo o IPMA, encontra-se no nível máximo, especialmente no Norte e Centro do país, à exceção das zonas mais próximas ao litoral, cujo nível varia entre "reduzido" e "muito elevado".

E é precisamente nestas duas regiões que o número e a dimensão dos incêndios impera. Neste momento, encontram-se milhares de opcionais e centenas de viaturas no combate às chamas que, para além de ameaçarem aldeias e populações, deterioram também a qualidade do ar.

Os incêndios e a qualidade do ar em Portugal nas próximas horas

São vários os incêndios que têm afetado o país nos últimos dias. Os de maior dimensão e que requerem mais operacionais, contando com cerca de 1000 cada um, segundo o site Fogos.pt, e à data da redação desta previsão, são o incêndio de Viseu (Sátão, Ferreira De Aves) e o de Coimbra (Arganil, Piódão). Para além dos operacionais, também contam com mais de 300 viaturas e tiveram o apoio de mais de uma dúzia de meios aéreos.

Trancoso também conta com um incêndio de grandes dimensões onde, à data da redação desta previsão, contava com 457 operacionais e 152 viaturas. Nos últimos dias estiveram quase 800 operacionais no local. Para além destes, existem dezenas de outros incêndios de menor dimensão, mas que requerem toda a atenção, pois podem alastrar-se rapidamente.

Todos estes focos de incêndio contribuem ativamente para uma deterioração da qualidade do ar, não só enquanto ardem, mas também nas horas seguintes, pelo que se pede cautela ao andar ao ar livre nestas zonas mais críticas, principalmente aos grupos mais vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas com doenças cardio-respiratórias.

Fatores que podem continuar a contribuir para a dificuldade no combate às chamas

O vento mais fraco que normalmente se regista durante a noite poderá ser aliado no combate às chamas, assim como o aumento da humidade relativa do ar. Contudo, durante o dia espera-se o aumento da velocidade do vento, podendo ser registadas rajadas na ordem dos 40 km/h, precisamente nas zonas mais afetadas pelos incêndios.

Já a humidade relativa também se manterá baixa durante o dia, facilitando a origem e propagação de novos incêndios. O grande problema aqui reside no facto de a maior parte destes focos acontecem em zonas de difícil acesso e com as condições mais propícias a que isto aconteça.

As regiões mais afastadas do litoral, como podemos ver acima, têm registado uma média de humidade relativa do ar na ordem dos 20/30%, o que é pouco e que, por si só, já tende a contribuir para uma pior qualidade do ar. Para além disto e do vento que já foi descrito, também são das regiões do país com os valores de temperatura mais elevados e com ausência de precipitação. Tudo isto contribui para este cenário devastador.

O dia de hoje, sábado, poderá contar com mais de 40ºC em vários locais do Interior do país, como tem sido habitual. Para amanhã, domingo, o cenário não será muito diferente nesta mesma região, apesar de se denotar uma descida dos valores em vários distritos do Norte e Centro. No entanto, é expectável que no domingo o vento volte a aumentar de velocidade durante o dia, assim como nos dias seguintes.