Soberania alimentar de Portugal. Governo lança Estratégia +CEREAIS para fomentar a autonomia alimentar do país

Em Portugal, o grau de autoaprovisionamento de cereais é, atualmente, de 19%, um dos mais baixos do mundo. O Ministério da Agricultura apresentou esta semana a Estratégia +CEREAIS, para fomentar a autonomia alimentar do país.

Cereais
Os cereais em Portugal equivalem a 3,5% da produção agrícola nacional, com destaque para o milho em grão, que tem o maior peso na produção de cereais (56%), seguida do trigo (19%) e do arroz (16%).

Os cereais em Portugal equivalem a 3,5% da produção agrícola nacional, com destaque para o milho em grão, que tem o maior peso na produção de cereais (56%), seguida do trigo (19%) e do arroz (16%).

O nosso grau de autoaprovisionamento em cereais é, atualmente, de 19%, sendo um dos mais baixos do mundo, situando-se nos 5% no caso do trigo mole e nos 25% no caso do milho grão.

O COVID-19, a Invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, o aumento das tensões geopolíticas, com uma guerra comercial instalada entre os Estados Unidos (EUA) e a Europa e outras regiões do mundo, vieram evidenciar um conjunto de vulnerabilidades.

Entre elas, o fim da segurança nas fronteiras da Europa, os perigos da dependência externa das economias europeias em termos alimentares e energéticos e a necessidade de reconstituir as capacidades industriais e as reservas de produtos estratégicos.

Estes problemas acrescem à instabilidade gerada pelas mudanças climáticas, que afetam a produção agrícola, os recursos hídricos e os ecossistemas.

Cereais
Portugal possui um dos menores graus de aprovisionamento do mundo, a que se somam as condições edafo-climáticas do território.

Portugal é considerado particularmente vulnerável a estas condicionantes, com um défice estrutural da balança comercial, fruto da dependência externa energética e dos défices alimentares, em particular nos cereais.

O nosso país possui, aliás, um dos menores graus de aprovisionamento do mundo, a que se somam as condições edafo-climáticas do território, marcadas, na generalidade, por um clima temperado mediterrânico cada vez mais extremado pelo fenómeno das alterações climáticas.

Aumento do consumo de cereais

Em julho do ano passado, a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) já tinha apelado ao Governo para que revisitasse a estratégia de incentivo à produção de cereais em Portugal, sublinhando que se estava a verificar um “decréscimo nas áreas de produção”, com consequências para o percentual para o autoaprovisionamento em Portugal de cereais.

Entre os vários dados em cima da mesa, estavam os da campanha de 2020/2021, em que a produção de cereais de outono/inverno (trigo, aveia e cevada, por exemplo), tinha sido das mais baixas dos últimos 35 anos em Portugal (apenas 189,2 mil toneladas), segundo dados então divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Na posse de todos os dados e com o avolumar das tensões internacionais, um grupo de trabalho, coordenado pelo GPP do Ministério da Agricultura, preparou uma estratégia para o setor dos cereais.

Lançadas 17 medidas

Foi designada Estratégia +CEREAIS e define um total de 17 medidas para promover o aumento sustentado e sustentável da produção nacional de cereais através da criação de +Rendimento, +Organização e +Resiliência, com o suporte de +Conhecimento.

O documento acabou por ser apresentado nesta quarta-feira, 9 de abril, no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa (ISA), durante o seminário “Aumento da Produção Sustentável de Cereais em Portugal: que desafios se nos colocam?”.

MIlho
O grau de autoaprovisionamento em cereais em Portugal é, atualmente, de 19%, sendo um dos mais baixos do mundo, situando-se nos 5% no caso do trigo mole e nos 25% no caso do milho grão.

A organização foi da Associação Nacional de Produtores de Cereais (ANPOC), da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (ANPROMIS) e da Associação de Orizicultores de Portugal (AOP). O evento foi encerrado pelo ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes.

Os agentes do setor são unânimes: "É necessário promover o aumento da produção sustentável dos cereais em Portugal" e, assim, contribuir para a autonomia alimentar no âmbito de uma estratégia de soberania de longo prazo.

A nova Estratégia +CEREAIS visa dar continuidade à ambição do aumento do autoaprovisionamento dos cereais em Portugal e, assim, contribuir para a autonomia alimentar no âmbito de uma estratégia de soberania de longo prazo.

Além dos três objetivos estratégicos (+Rendimento, +Organização e +Resiliência), sustentados por um quarto objetivo transversal que visa promover +Conhecimento, também foram definidas oito medidas prioritárias, de implementação urgente.

E ainda foram traçadas nove medidas estratégicas, para um reforço da competitividade do setor cerealífero nacional, a curto/médio prazo.