Fevereiro: o mês mais frio dos últimos 30 anos nos EUA

O mês de fevereiro foi excecionalmente frio na América do Norte, onde algumas massas de ar polares causaram transtornos em latitudes mais a Sul do que o habitual. O Estado do Texas foi o exemplo mais proeminente e mediático deste episódio gélido. Fique a saber tudo connosco!

Pós tempestade de neve.
Habitação, em meio rural, que está praticamente isolada devido aos rigores do inverno norte americano.

A análise climática permite-nos compreender que o passado mês de fevereiro foi um mês extremamente frio em todo o continente norte americano. Os dados recolhidos pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) mostram que a temperatura média registada para o referido mês, em todos os estados dos Estados Unidos da América (com exceção do Alasca e do Havai) foi de -0,77 ºC, cerca de 1,3 ºC abaixo da média do século XX.

Outro aspeto relevante é o facto de 46.6% dos territórios contíguos dos Estados Unidos da América estarem no início deste mês em seca.

O mês de fevereiro de 2021 foi o 19.º mais frio dos últimos 127 anos, ou seja, desde que há registos. Foi também o fevereiro mais frio desde 1989. As baixas temperaturas afetaram todo o país, com especial incidência em cinco Estados: Arkansas, Iowa, Kansas, Missouri, Nebrasca e Oklahoma. Para estes territórios, fevereiro de 2021 entrou para o top 10 dos mais frios desde que há registos. Já o Estado do Texas registou o 11.º fevereiro mais frio.

Em termos de precipitação, os territórios supra mencionados registaram igualmente valores abaixo da média para a época. Em fevereiro, a precipitação média foi de 50,5 mm, ligeiramente abaixo do valor médio: 54,1 mm. Contudo, em alguns Estados do Noroeste e da Costa Este, a precipitação superou o valor médio. Por exemplo, a Carolina do Norte registou o 8.º fevereiro mais chuvoso de sempre, sendo que a vizinha Carolina do Sul, registou o 10.º.

Fevereiro mais frio, mas Inverno mais quente

Em muitos locais do Estado do Texas, as temperaturas negativas bateram recordes devido à ação direta de uma massa de ar polar, que acabou por afetar severamente milhões de cidadãos norte americanos. Algumas cidades texanas, como Austin e Waco bateram recordes da mais longa sequência de dias com temperaturas negativas. As temperaturas muito baixas conjugadas com os ventos gélidos afetaram áreas mais a Sul, junto à fronteira com o México.

Apesar de se ter registado um fevereiro frio, a análise do inverno, no seu todo, revelou uma estação mais quente do que o normal.

A análise das temperaturas e da precipitação entre o mês de dezembro de 2020 e o mês de fevereiro de 2021 (o período referente ao inverno meteorológico), mostra um inverno relativamente suave e seco, em que a temperatura média rondou os 0,8 ºC, ou seja, 0,7 ºC acima da temperatura normal (0,1 ºC). Estes valores colocam o inverno de 2020/21 como o 3.º mais quente desde que há registos. No Estado do Maine, na costa Este, este inverno também foi o 3.º mais quente. Já o Estado da Califórnia registou o 12.º inverno mais quente.

Em termos de precipitação, a média nos Estados Unidos da América cifrou-se nos 154,94 mm, cerca de 17,53 mm abaixo do valor normal de precipitação (172.47 mm). Estes valores colocam este inverno como um dos mais secos dos últimos 126 anos. No Estado do Dakota do Norte, verificou-se o terceiro inverno mais seco de sempre, enquanto os estados da Virginia e de Delaware (Costa Este) registaram o 9.º e o 11.º inverno mais chuvoso de sempre, respetivamente.

Outro aspeto relevante é o facto de 46,6% dos territórios contíguos dos Estados Unidos da América estarem no início deste mês em seca, um valor superior aos 45,8% registados no início do mês de fevereiro. É esperado que este indicador se agrave (afetando mais territórios) e se intensifique, à medida que nos aproximamos da primavera e do verão.