Tempestades tendem a triplicar no Alasca

Existem regiões no globo, tais como as regiões dos trópicos e algumas regiões das latitudes médias, onde é normal a ocorrência de tempestades convectivas.

O Globo
Atualmente as tempestades convectivas são mais frequentes nas regiões tropicais e nas regiões de latitudes médias.

Existem muitos estudos sobre as tempestades convectivas nos trópicos e latitudes médias, mas poucos sobre as mesmas nas regiões árticas.

Tempestades convectivas

As tempestades convectivas são fenómenos meteorológicos que podem provocar situações de tempo severo grave, com ocorrência de vento e precipitação forte, queda de granizo, trovoadas e relâmpagos que podem causar danos irreparáveis.

Tempestades convectivas organizadas são uma característica comum do sistema climático em regiões continentais, onde ocorrem tipicamente no verão. Os processos de formação de tempestades convectivas são complexos e dependem do estado da atmosfera e da superfície do globo.

Se devido à radiação solar a superfície da terra nos continentes for suficientemente aquecida, existindo fortes movimentos verticais ascendentes na atmosfera (convecção), a atmosfera torna-se instável e basta haver entrada de vapor de água, provocando um aumento de humidade na região, para estarem reunidas as condições para a formação de tempestades convectivas organizadas com aparecimento de nuvens de fortes desenvolvimentos verticais, os
cumulonimbos
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Cumulonimbos
Os cumulonimbos são nuvens com forte desenvolvimento vertical, associados às tempestades convectivas e que provocam tempo severo.

Deste modo as tempestades convectivas organizadas são uma ocorrência frequente nos trópicos e latitudes médias, pois é onde a atmosfera é mais húmida e o aquecimento solar cria instabilidade com movimentos verticais ascendentes na atmosfera. Em contraste, o Ártico mais frio fornece um ambiente inóspito para tempestades com forte impacto.

O Alasca e as alterações climáticas

Se o homem continuar a emitir para a atmosfera grandes quantidades de gases de efeito de estufa, espera-se, de acordo com diversos estudos, que o Alasca aqueça entre 6-9 graus Celsius até ao final do século.

O Alasca, atualmente, já está a sofrer alguns impactos derivados da ocorrência de temperaturas mais elevadas, incluindo estações mais longas de incêndios florestais, ondas de calor recordes, deslizamentos de terra e buracos, poços de água, causados pelo derretimento do permafrost.

Novos estudos, desenvolvidos por uma equipa de investigação constituída por cientistas da Universidade de Ciências e Letras de Paris (PSL) e do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos EUA (NCAR), e tendo em conta um cenário de altas emissões de gases de efeito estufa, mostram que o gelo marinho em redor do Alasca pode em grande parte dar lugar a águas abertas nos meses mais quentes, criando uma ampla fonte de humidade para a atmosfera. Esta humidade, combinada com temperaturas mais elevadas das massas de ar que podem conter mais vapor de água, provocaria a formação de tempestades convectivas de verão sobre o Alasca até ao final do século.

Segundo estes estudos, a subida potencial das temperaturas alterará o clima no Alasca tão profundamente que no final deste século o número de tempestades triplicará, aumentando os riscos de inundações generalizadas, deslizamentos de terra e incêndios florestais provocados por relâmpagos.

As tempestades estender-se-iam por todo o Alasca, mesmo em regiões distantes no norte, onde tais tempestades são praticamente inéditas. Em regiões mais a sul, que atualmente experimentam tempestades ocasionais, as tempestades tornar-se-iam muito mais frequentes e as taxas de pico de chuva aumentariam em mais de um terço.

Os cientistas usaram um conjunto de modelos avançados de computador e um algoritmo especializado para simular condições climáticas futuras e rastrear as fontes de humidade na atmosfera. Eles observaram que os impactos no Alasca poderiam ser significativamente reduzidos se a sociedade reduzisse as emissões de gases de efeito de estufa para a atmosfera.