Temporal nos Açores chegará a Portugal: chuva voltará em força após domingo

Os últimos dias e semanas têm sido muito chuvosos em Portugal e já muita gente suspira pelo regresso dos dias de sol. Contudo, para os próximos dias prevê-se uma nova sequência de depressões e mais condições meteorológicas adversas. Consulte a previsão!

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Nas próximas horas e dias, Portugal continental vai viver depressões em catadupa, o que se traduzirá num risco acrescido de cheias e inundações por causa de solos já saturados.

Se novembro já tinha sido chuvoso, este mês vai agora a meio e já muitas estações meteorológicas por esse Portugal continental fora bateram o recorde de precipitação mensal para dezembro, em cerca de 15 dias. Os dados oficiais mostram números impressionantes do ponto de vista da acumulação pluviométrica.

Pegue-se por exemplo nos extremos diários em relação à precipitação acumulada em estações meteorológicas dos distritos de Évora e Lisboa. Na passada terça-feira, 13 de dezembro, houve uma acumulação de chuva de 96.5 mm em Mora (Évora), de 101.9 mm em Lisboa (Tapada da Ajuda), de 109.7 mm em Lisboa (Instituto Geofísico) e de 110.6 mm em Lisboa (Gago Coutinho).

A chuva tem sido de tal forma abundante, forte e persistente que as cheias e inundações se têm repetido a uma velocidade estonteante em várias regiões do país, causando numerosos danos materiais estimados em vários milhões de euros e, inclusive, 1 morte a lamentar.

O temporal dos últimos dias não foi devido apenas à depressão Efraín, mas também a dois rios atmosféricos arrastados pela mesma e que a alimentaram como se de “combustível” se tratasse, contribuindo enormemente para um maior potencial de água precipitável e para as cheias e inundações que ocorreram.

Sexta-feira: chuva e agitação marítima desencadeiam aviso amarelo em vários distritos do país

Esta quinta-feira (15) os vestígios da depressão Efraín foram precipitando pelo nosso país, assumindo, em geral, a forma de aguaceiros dispersos e intermitentes, pontualmente fortes. Houve alguns períodos mais nublados e inclusive soalheiros hoje, mas, nem tempo tivemos “para respirar” entre depressões, e já outra tempestade está a caminho de Portugal continental.

Começará a entrar pela nossa geografia entre as 21:00 de hoje e as 00:00 de amanhã, expandindo-se para várias regiões ao longo de toda a madrugada e manhã de sexta-feira. Produzirá chuva fraca, pontualmente moderada, e vento fraco a moderado de direções variáveis, embora com alguma tendência a soprar de Este/Sudeste. Esta pequena depressão percorrerá rapidamente o nosso país, deixando de fora algumas regiões tais como Terras de Trás-os-Montes e o Algarve.

Ainda assim, o risco de precipitação é moderado e o aviso amarelo já foi decretado para oito distritos, entre a meia-noite e as 09:00 da manhã de sexta-feira: Porto, Aveiro, Viseu, Coimbra, Leiria, Santarém, Castelo Branco e Portalegre. Saliente-se também o aviso amarelo por agitação marítima previsto para a faixa costeira ocidental (Lisboa, Litoral Alentejano e Barlavento Algarvio) e também para o litoral meridional ou algarvio. Ali são esperadas ondas do quadrante oeste com 4 a 5 metros, passando gradualmente a ondas de noroeste.

Sábado de tréguas na chuva… Irão durar muito?

De acordo com as mais recentes atualizações do nosso modelo de maior confiança, o ECMWF, não, as tréguas não irão ter uma longa duração. Más notícias para os amantes dos frios e, por vezes, soalheiros dias de inverno. De facto, prevê-se que a precipitação faça uma pausa no sábado (17), de uma forma generalizada, esperando-se, assim, céu nublado e abertas de norte a sul de Portugal continental.

Os dias estarão mais frios na sexta (17) e no sábado (17), com valores, sobretudo da mínima, consideravelmente inferiores aos registados nos últimos dias. O vento soprará, em geral, com fraca intensidade e novamente de direções variáveis.

A partir de domingo (18), o panorama meteorológico voltará a mudar no território do Continente. Ainda que em grande parte do dia não se devam verificar grandes alterações no estado do tempo em relação a sábado (17), exceto talvez na subida da temperatura, aquilo que sim, também se prevê é céu muito nublado, especialmente a norte do Tejo, bem como a possibilidade de queda de aguaceiros fracos associados à chegada iminente de uma depressão.

A referida depressão é a mesma que ao longo de sexta-feira (16) e sábado (17) irá afetar o Arquipélago dos Açores de maneira especialmente intensa. As condições meteorológicas começarão a agravar-se primeiro no Grupo Ocidental (Corvo e Flores), e, posteriormente, nas restantes ilhas açorianas devido ao alastramento para leste deste sistema meteorológico particularmente amplo e muito cavado.

A precipitação prevê-se abundante e persistente em todas as Ilhas dos Açores, além do vento forte, que apresentará rajadas até 90 km/h, sobretudo no sábado (17), e da possibilidade de ocorrência de trovoada. Como se isto tudo não bastasse, o mar também estará muito agitado.

Risco de mais cheias e inundações em Portugal nos primeiros dias da próxima semana?

Por fim, refira-se que segunda (19) e terça-feira (20) poderão ser dias de especial risco meteorológico e hidrológico em Portugal continental, por causa da chegada de rompante da tal depressão que uns dias antes se passeará pelos Açores.

Escusado será dizer que, após tantos dias e semanas consecutivas de chuva forte e persistente, o risco de cheias e inundações, como as que vemos nas imagens abaixo, irá acentuar-se em Portugal na próxima segunda (19) e terça-feira (20), com o despejo provável de mais chuva abundante num curto espaço de tempo.

Isto porque, não só muitas regiões já apresentam solos saturados, como também porque as áreas historicamente vulneráveis a inundações - ou porque possuem uma elevada impermeabilização dos solos, ou porque não possuem uma eficiente capacidade de escoamento da precipitação excessiva – não serão capazes de evitar novas inundações.