Tempo em janeiro: como será?

Após um final de 2019 recheado de intempéries violentas em Portugal, como poderá ser o início de 2020? Continuaremos com o anticiclone ou vão regressar as tempestades? Contamos-lhe aqui o que revelam as previsões a longo prazo do ECMWF.


Frio, geadas e nevoeiro, algo típico da região de Trás-os-Montes no inverno. Foto: Hugo Reis.

Para trás fica 2019, um ano com alguns eventos meteorológicos extremos em Portugal. Inundações, impressionantes massas de ar frio vindas do Ártico, uma seca que persistiu de forma preocupante até há pouco tempo atrás, apenas superada com os tremendamente chuvosos meses de novembro e dezembro, e com o surgimento de três tempestades violentas (especialmente a Elsa, que lamentavelmente deixou vítimas mortais). O Arquipélago dos Açores foi invadido por várias tempestades tropicais em 2019 e até o furacão Lorenzo por lá passou, causando danos avultados.

Os modelos estimam o aumento da frequência destes eventos meteorológicos, possivelmente, devido às alterações climáticas. Desde o Natal que o estado do tempo tem sido dominado pela influência de um potente anticiclone (altas pressões), com a formação de nevoeiros, geadas e sincelos como fenómenos naturais mais relevantes, isto na região de Trás-os-Montes.

E como será janeiro? As boas-vindas a 2020 serão calmas, ou potenciadas pela instabilidade atmosférica? Para já, o tempo estável, soalheiro, com alguma oscilação térmica (com tendência à descida da temperatura) é aquilo que os mapas do ECMWF, o nosso modelo de referência, vai revelando.

O anticiclone persiste, até quando?

As previsões a longo prazo do ECMWF salientam que na primeira metade de janeiro vamos ter temperaturas abaixo ou dentro da média em todo o país. Temos sentido a descida gradual da temperatura, esperando-se que o ambiente frio e gélido em Portugal continental se mantenha nos próximos dias.

As geadas têm surgido nos fundos de vales com a inversão térmica. O tempo soalheiro e estável persiste nesta primeira semana de janeiro de 2020, apesar da chuva fraca prevista para dia 3. Trata-se dum ato isolado no meio desta autêntica monotonia invernal que para já vai fazendo as delícias dos amantes de sol. Isto deve-se às altas pressões que continuam a dominar o panorama meteorológico.

Poderá voltar a chover tanto como em dezembro? De acordo com as previsões estabelecidas pelo organismo europeu, não parece. A precipitação deverá registar níveis substancialmente inferiores aos valores de referência, especialmente de norte a sul de Portugal continental, com a deslocação do anticiclone até às Ilhas Britânicas e Europa Central. As anomalias de precipitação serão negativas (entre -30 a -90 mm de chuva) na primeira quinzena de janeiro. Mesmo assim, estamos sempre sujeitos à imprevisibilidade da atmosfera.

Para a segunda quinzena do mês, com base no modelo Europeu, as temperaturas registarão valores ‘standard’. O tempo deverá ficará mais instável e chuvoso na generalidade do país, e até com probabilidade de trovoada. O primeiro mês de 2020 poderá terminar com um padrão climático de variabilidade atmosférica. De dias ventosos a dias com aguaceiros de curta duração até dias soalheiros, de céu pouco nublado, com o frio como tónica dominante.

A estimativa dos americanos

As previsões do NOAA apontam para a possibilidade de janeiro ser um mês mais quente que o habitual, apesar do frio que iremos sentir. Algo que acontecerá em quase toda a Europa. Na precipitação existe diferença em relação ao modelo ECMWF. Os americanos apostam num ambiente mais ‘normal’, mais húmido que o cenário ‘seco’ e com níveis de precipitação inferiores ao normal estipulados pelos europeus. No entanto, o cenário antecipado pelos americanos não parece muito provável, tendo em conta a disposição dos centros de ação prevista pelos modelos meteorológicos.