Temperaturas elevadas em pleno outono: próximos dias trazem tempo seco e mantêm risco de incêndio elevado
Outubro avança com tempo mais próprio do verão do que do outono. Esta segunda-feira, 6 de outubro, será marcada por sol, calor e ar seco em todo o país. O anticiclone reforça-se, bloqueando a chegada de frentes e mantendo as temperaturas acima da média, situação que perdura nos dias seguintes.
O mês de outubro vai avançando, mas a meteorologia continua a parecer mais compatível com o final de verão do que com o core do outono. Esta segunda-feira, 6 de outubro de 2025, será marcada por tempo seco e temperaturas acima da média em todo o território de Portugal Continental, devido à formação de uma crista anticiclónica que se estende desde os Açores até à Europa Central.
Esta estrutura atmosférica resulta do cavamento de depressões a sudoeste dos Açores e de uma corrente de jato intensa a norte, criando um cenário de bloqueio que impede a passagem de frentes atlânticas e favorece a estabilidade e o aquecimento.
Reforço de anticiclone mantém temperaturas elevadas para a estação e baixa humidade relativa do ar
O anticiclone, em fase de reforço, desloca-se gradualmente para norte, em direção ao golfo da Biscaia, o que provoca vento de leste e nordeste, responsável pela descida da humidade relativa e pela subida das temperaturas diurnas. Assim, o início da semana será dominado por céu geralmente limpo ou pouco nublado, vento moderado a forte nas terras altas, e um ambiente termicamente muito ameno, tanto de dia como de noite.
Durante o dia desta segunda-feira, o vento de nordeste poderá atingir rajadas entre 40 e 50 km/h nas áreas montanhosas, sendo mais fraco ao final da tarde, o que permitirá o aquecimento rápido da atmosfera. No Algarve, o vento soprará de sudeste, também moderado, mas com tendência para enfraquecer ao longo do dia.
As temperaturas continuarão a subir, com valores máximos que podem atingir entre 25 e 28 °C em várias regiões do país, nomeadamente nos vales do Tejo, Sado, Douro e Mondego, e nas planícies alentejanas. No litoral, cidades como Lisboa, Porto, Braga ou Coimbra deverão registar máximas próximas dos 25 °C, num cenário que recorda os dias quentes de setembro. As temperaturas mínimas também estarão acima do normal para a época, variando entre 10 °C e 12 °C na maioria das regiões do interior, e podendo ultrapassar os 15 °C no Algarve.
A baixa humidade relativa será uma das principais características meteorológicas do dia. Em várias áreas do interior, a humidade poderá descer abaixo dos 30%, tanto de noite como de dia, o que, combinado com vento moderado e temperaturas elevadas, aumentará significativamente o risco de incêndio rural. De acordo com o IPMA, grande parte do território continental apresenta risco elevado ou muito elevado de incêndio, uma situação que exige especial atenção e prudência, sobretudo em áreas florestais.
No mar, a ondulação na costa ocidental deverá variar entre três e quase quatro metros, com a temperatura da água a oscilar entre 17 e 19 °C, enquanto na costa sul do Algarve as ondas não deverão ultrapassar os dois metros, e a água se manterá entre 20 e 21 °C. A radiação ultravioleta permanecerá em níveis elevados, entre 6 e 7, o que reforça a necessidade de maior proteção solar, mesmo nesta fase do ano.
E como serão os próximos dias? Quando se espera precipitação?
Ao longo dos próximos dias, não se esperam mudanças significativas no padrão atmosférico. A crista anticiclónica manter-se-á firme sobre o Atlântico e o oeste da Europa, prolongando o tempo seco e as temperaturas elevadas em Portugal Continental. A ausência de frentes e de precipitação relevante deverá prolongar-se pelo menos até meados do mês.
Os modelos meteorológicos mais recentes indicam que apenas após os dias 13 a 17 de outubro poderá ocorrer uma alteração no padrão, com o eventual enfraquecimento do anticiclone e o aumento gradual da probabilidade de chuva, sobretudo no Norte e Centro do país.
Até lá, o cenário continuará dominado pela influência do regime anticiclónico, com vento de leste, céu limpo e temperaturas elevadas para a estação. A sensação térmica continuará a ser de “verão tardio”, e as condições meteorológicas deverão manter-se propícias a atividades ao ar livre e até mesmo a um prolongamento simbólico da época balnear em algumas áreas do litoral. No entanto, o tempo seco e quente, combinado com a vegetação ainda desidratada após um setembro pouco chuvoso, impõe o reforço da precaução em todo o país.~
Com a Oscilação do Atlântico Norte (NAO) ainda em fase positiva e a corrente de jato posicionada a norte, a chegada de sistemas frontais às nossas latitudes continuará a ser impedida. Só quando este regime se alterar, possivelmente com a formação de uma crista atlântica mais a norte, poderá abrir-se a porta à chuva outonal que agricultores e populações começam agora a aguardar. Até lá, o início desta segunda semana de outubro será sinónimo de sol, calor e secura atmosférica — uma repetição prolongada do verão em pleno outono português.