As regiões de Portugal onde vai chover mais com a depressão Benjamin e um rio atmosférico: 120 mm até sábado, dia 25

Portugal manterá esta tendência que se iniciou no fim de semana, com precipitação entre quarta e sexta-feira. Prevê-se chuva localmente forte e vento por vezes intenso. O risco de enxurradas e deslizamentos aumentará nestes dias, sobretudo nas regiões Norte e Centro.

Entre quarta e sexta-feira, 22 a 24 de outubro, a circulação atmosférica sobre o Atlântico Nordeste será dominada por fluxos persistentes de sudoeste que transportam ar muito húmido de origem subtropical. Esta “ligação” ao Atlântico e a um corredor de vapor de água em altitude (rio atmosférico), que tende a manter o céu muito nublado e episódios de precipitação por vezes intensa.

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A previsão à escala regional é condicionada por pequenas variações no posicionamento das frentes e linhas de instabilidade, pelo que os máximos de precipitação podem fazer-se sentir de modo variado durante a semana em várias localidades.

Temperaturas elevadas no Sul e precipitação forte no Norte

A quarta-feira deverá apresentar um padrão clássico de humidade elevada e nebulosidade fechada em grande parte do território continental, com neblinas e nevoeiros matinais e períodos de chuva fraca a moderada mais persistentes no Minho, Douro Litoral e nos relevos da Cordilheira Central. A sul do Tejo, a precipitação será em geral irregular, alternando com abertas, sendo provável maior incidência no litoral ocidental. O vento soprará de sudoeste, fraco a moderado, intensificando nas terras altas.

As temperaturas manter-se-ão acima da média para finais de outubro: máximas frequentemente entre os 18 (em Viana do Castelo) e os 27 °C (em Beja) e noites relativamente amenas para a estação, com mínimas na ordem dos 12–20 °C, potenciando sensação térmica superior à temperatura do ar devido à humidade próxima de saturação.

Na quinta-feira, o Continente deverá atravessar uma fase de transição. Se durante a madrugada ainda existem valores elevados de precipitação (com valores em torno dos 10 mm por volta da 1 hora da manhã, no Minho), persistem nuvens, especialmente durante o dia. Depois de alguma chuva durante a madrugada no Norte e Centro, o período entre as 6 e as 18 horas poderá ser relativamente mais seco em várias áreas, ainda que com aguaceiros dispersos.

Valores elevados de precipitação elevada no norte e centro de Portugal Continental.
Quarta e quinta-feira, dias 22 e 23 de outubro, a chuva ocorrerá devido a frentes associadas à depressão Benjamin, alimentadas por um rio atmosférico e que trarão valores relativamente elevados de precipitação a várias zonas do Norte e Centro de Portugal continental.

Ao final da tarde, é plausível nova intensificação no litoral Norte e Centro, em associação à aproximação de nova frente. O vento predominará em geral fraco a moderado, com rajadas mais sentidas nas terras altas. O padrão térmico continuará invulgar, com máximas acima de 26 °C nos vale interiores (do Alentejo e interior Algarvio) e mínimas localmente elevadas, próximas dos 20 ºC.

Sexta-feira marcada por núcleo mais ativo do rio atmosférico

A sexta-feira é, no estado atual da análise, o dia com maior potencial de agravamento. A entrada do núcleo mais ativo do rio atmosférico favorecerá a ocorrência de precipitação extensa e persistente. O cenário mais provável aponta para uma faixa central do território continental a registar os valores acumulados mais relevantes, enquanto Norte e Sul poderão ter alternância entre chuva e abertas durante o dia.

Contudo, ao final do dia e início da noite, a precipitação deverá intensificar-se novamente no Norte e Centro, elevando o risco de inundações rápidas em meio urbano, cheias de ribeiras e enxurradas, sobretudo em bacias declivosas e áreas com escoamento superficial deficiente. A componente de vento, embora presente, deverá ser menos crítica do que a precipitação, prevendo-se regime de sul/sudoeste em geral moderado, com rajadas localmente fortes em cotas mais elevadas.

Os impactes potenciais decorrem de três fatores combinados: saturação progressiva dos solos, intensificação horária da precipitação em células alinhadas com o fluxo e infraestruturas urbanas suscetíveis a escoamentos concentrados. Em contextos de vertente ou margens ribeirinhas, a antecedência de um verão com incêndios agrava a suscetibilidade a movimentos de massa e a transporte rápido de detritos.

Destaca-se maior atenção à região de Viseu-Dão-Lafões, aos alinhamentos orográficos da Cordilheira Central e à Beira Interior se a faixa de precipitação mais ativa se fixar sobre o Centro. Recomenda-se limpeza preventiva de grelhas, sumidouros e bueiros, prudência na circulação rodoviária sob chuva intensa, especial cuidado com atravessamentos de linhas de água e respeito por eventuais condicionamentos da Proteção Civil.

Valores mais elevados de precipitação até ao final da semana na região centro, em particular na Cordilheira Central e Beira Interior.
Apesar da precipitação concentrada na Região Norte e Centro, até ao fim de semana destacar-se-ão os valores acumulados registados no Centro, em particular, nos alinhamentos orográficos da Cordilheira Central e Beira Interior.

Olhando além de sexta-feira, é plausível um sábado ainda chuvoso, podendo a precipitação acumulada chegar aos 120 mm no Centro. Há, porém, sinais de melhoria a partir de domingo, quando uma janela de estabilidade poderá abrir caminho a períodos de sol no início da próxima semana.

A incerteza permanece influenciada por evolução no Atlântico tropical, reforçando a necessidade de atenção perante as condições meteorológicas previstas nos modelos da ECMWF, utilizados pela nossa equipa da Meteored.