Previsão da Meteored para setembro: saiba o que esperar do tempo no mês em que "ou seca as fontes ou leva as pontes"

A Meteored lança a sua primeira previsão para setembro em Portugal, um mês meteorologicamente famoso pela sua grande incerteza meteorológica. Analisamos aqui as possibilidades de tempo seco ou de chuvas torrenciais, bem como as projeções das temperaturas.

Setembro é o mês conhecido pelo famoso provérbio popular "Setembro: ou seca as fontes ou leva as pontes".

O outono climatológico arrancará na segunda-feira, 1 de setembro, após mais um verão marcado por fenómenos meteorológicos extremos: junho e julho foram meses bastante quentes, e agosto trouxe-nos uma das ondas de calor mais fortes desde que há registos em Portugal continental, senão mesmo a mais forte (terá de ser confirmado oficialmente a posteriori).

Isto sem esquecer os incêndios florestais devastadores, em que a meteorologia não constitui normalmente causa direta, mas sim um fator de agravamento. Por todos estes motivos, muita gente está atenta ao que poderá ocorrer nas próximas semanas.

Provérbio certeiro no que toca à imprevisibilidade do tempo em setembro: "ou seca as fontes ou leva as pontes"

Este provérbio é um dos mais conhecidos sobre o nono mês do ano e também resume perfeitamente o que pode acontecer nas primeiras semanas do outono.

Há anos em que setembro é bastante chuvoso na generalidade do território continental, ora por causa de depressões atlânticas, ora por causa de gotas frias, sendo que estas últimas, quando surgem podem, por vezes, produzir chuva irregular mas extremamente forte e com possíveis consequências catastróficas.

Todos nos conseguimos lembrar das chuvas torrenciais e inundações ocorridas em Portugal continental em setembro de 2021.

Daí a afirmação de que pode destruir pontes. No entanto, há outros anos em que a nossa geografia fica exposta a um evidente prolongamento do verão, daí o “seca as fontes”, com o tempo seco a poder agravar substancialmente a situação de seca.

Em muitas ocasiões, setembro é um prolongamento do verão, evidenciando um estado do tempo geralmente seco e quente.

É esta a origem do ditado “secar as fontes", pois a escassez de água e a seca podem tornar-se mais graves. Isto é algo que se tem tornado cada vez comum nos últimos anos, apesar de em 2025 o balance hídrico ser francamente mais positivo em relação a anos anteriores.

No que concerne à temperatura, os dados plasmados nas normais climatológicas revelam-nos que o valor médio nas regiões do interior de Portugal continental costuma descer cerca de 3/4 ºC comparativamente a agosto, sendo que no litoral e nos Arquipélagos da Madeira e dos Açores, a descida térmica é menor graças ao efeito termorregulador do oceano. É também neste mês que os dias vão ficando gradualmente mais curtos, pelo que as noites são, de um modo geral, mais frescas.

Irá o calor extremo voltar a repetir-se em setembro?

Por enquanto, tudo indica que não! As primeiras tendências do nosso modelo de referência (ECMWF) mostram que, para a primeira semana de setembro, as temperaturas poderão estar entre 1 e 3 ºC abaixo da média para a época em quase toda a Região Norte (distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real e Bragança - este último parcialmente) e em vastas zonas de distritos da Região Centro (Aveiro, Viseu e Coimbra).

Grande parte da Região Centro, algumas zonas do Alentejo e do interior Norte (parte do Nordeste Transmontano) e ainda o distrito de Lisboa poderiam registar uma anomalia térmica negativa mais suave (temperaturas até 1 ºC inferiores aos valores médios de referência). Para o resto do território do Continente preveem-se temperaturas em torno dos valores habituais.

De acordo com o modelo Europeu, a primeira semana de setembro 2025 em Portugal continental será geralmente mais fresca do que o normal.

Quanto à segunda semana de setembro (8-15 setembro) vislumbra-se uma tendência para a normalização das temperaturas (temperaturas dentro da média) em toda a geografia de Portugal continental, o que evidencia, em relação à semana antecedente, um ligeiro aumento térmico. Inclusive, nalgumas zonas, como o Sotavento Algarvio e o Baixo Alentejo (distritos de Faro e Beja, respetivamente), antecipa-se uma ligeira anomalia quente (+1 ºC).

No que diz respeito aos arquipélagos dos Açores e da Madeira prevê-se um cenário geralmente consistente durante todo o mês de setembro, marcado pelo provável registo contínuo de anomalias térmicas positivas, isto é, com temperaturas sempre um pouco acima da média (+ 1 ºC).

Porém, para a segunda metade de setembro, observa-se uma elevada incerteza. Neste momento, o cenário mais provável indica a possibilidade de temperaturas 1 a 3 ºC superiores à média para esta época do ano em quase toda a geografia do Continente, exceto na extremidade ocidental do Barlavento Algarvio (anomalia térmica negativa de -1 ºC).

O que esperar da chuva em setembro 2025?

É importante salientar o seguinte: setembro é um dos meses mais complexos para a elaboração de previsões a longo prazo no que toca à chuva, dado que a precipitação pode ser extremamente irregular e intensa (gotas frias, com trovoada) ou mais contínua, mas igualmente impactante (depressão atlântica), ou até mesmo nem existir de todo.

Para a primeira quinzena do mês observa-se um padrão geralmente semelhante de norte a sul de Portugal continental: as regiões a sul do rio Douro poderão registar um estado do tempo mais seco do que o habitual, pelo que é expectável que chova em quantidades ligeiramente abaixo do normal (anomalia de precipitação negativa -10 mm).

Em traços gerais, no território do Continente, parece que choverá dentro do normal em setembro. Porém, é expectável uma anomalia de precipitação negativa em vastas zonas do Norte e Centro do país.

Isto não quer dizer que não vá chover neste período nas referidas regiões, simplesmente a precipitação será muito mais escassa. Na Região Norte deverá chover dentro dos valores climatológicos de referência.

Açores e Madeira: Precipitação dentro da média ou ligeiramente abaixo da média (-10 mm). A única exceção poderá ser o Grupo Oriental, em particular a ilha de São Miguel, para a qual está prevista uma anomalia positiva de chuva na segunda e terceira semanas de setembro (+10 mm). Relembramos que é bastante provável que esta previsão se altere, pelo que deve encarar esta tendência com cautela, devido ao reduzido grau de fiabilidade inerente às previsões meteorológicas de longo prazo.

Para a segunda metade de setembro não se verifica uma tendência particularmente clara. Os mapas também não mostram um padrão meteorológico particularmente prevalecente, pelo que é provável que esta situação se altere. Uma única depressão de ar frio isolada em altitude, ou até mesmo uma ou duas depressões atlânticas, podem alterar significativamente o balanço hídrico em poucas horas ou dias.