Poderão a chuva e trovoada dos próximos dias amenizar a seca em Portugal continental?

A previsão do tempo em Portugal para a primeira semana de maio indica que do calor excessivo passar-se-á à possibilidade de chuva, aguaceiros e trovoada. Servirá isto para amenizar a seca no Continente?

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Nesta primeira semana de maio prevê-se chuva, aguaceiros e trovoada em Portugal continental. O que poderá isto significar para a situação de seca meteorológica em várias regiões do país?

Esta terça-feira (2) o dia foi de céu parcialmente nublado, embora com bons períodos de sol, em grande parte da geografia de Portugal continental. O tempo seco e de muito calor intensificou-se devido a outra subida da temperatura, provocada por uma nova massa de ar quente associada a um anticiclone em crista.

A ascensão térmica foi particularmente evidente na Região Norte, tendo-se alcançado uns impressionantes 27 ºC no Porto e 29 ºC em Braga e Vila Real. Nalgumas capitais distritais do Centro e Sul do país a máxima rondou os 34 ºC! Entretanto, ao final desta terça (2) os primeiros sinais de uma iminente mudança no estado do tempo começarão a surgir sob a forma de nuvens mais densas, em particular na faixa costeira ocidental.

Quarta e quinta: vem aí aguaceiros, chuva, possibilidade de trovoada e descida da temperatura

Para quarta-feira (3) prevê-se uma mudança súbita no estado do tempo em Portugal, graças à provável passagem de uma frente de fraca atividade proveniente do Atlântico. Espera-se ocorrência de chuva fraca ou aguaceiros a partir do início da tarde em vários pontos da Região Norte (Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real).

A precipitação poderá ser acompanhada de trovoada e não se descarta queda de granizo. Inevitavelmente conectado a esta instabilidade atmosférica estará o vento de Sudoeste que soprará moderado a forte, com rajadas a variar entre os 40 e 60 km/h no período da tarde de quarta-feira (3). O tempo instável também se poderá manifestar noutros pontos do interior Norte (Bragança), bem como da Região Centro (Coimbra, Viseu, Guarda, Santarém), ou até mesmo além do Tejo (Portalegre).

No entanto, a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, na generalidade das localidades, antecipa-se um panorama meteorológico estável, pouco nublado e com reduzida probabilidade de precipitação. A temperatura descerá vertiginosamente em praticamente todo o território de Portugal continental. Para o Porto prevê-se uma máxima de 21 ºC, em Lisboa de 22 ºC e em Faro de 24 ºC.

Para quinta (4) espera-se um panorama, no geral, menos adverso. A precipitação que eventualmente ocorrer será fraca, intermitente e irregularmente repartida pela geografia do Continente. Não se descarta trovoada dispersa. O vento passará a soprar de direções variáveis, ora de Oeste, ora de Noroeste ou Sudoeste. E a temperatura deverá registar outra descida significativa em grande parte do país.

Irá a chuva que se prevê para os próximos dias ajudar a amenizar a seca?

Além de quarta (3) e quinta (4), também se prevê precipitação mais generalizada e abundante no sábado, dia 6 de maio. No entanto, este cenário meteorológico não está confirmado, pois persiste uma grande incerteza na trajetória da depressão associada ao sistema que eventualmente regaria boa parte de Portugal.

Ainda que a precipitação prevista seja algo irregular e pouco contínua no tempo, qualquer água é bem-vinda às regiões de um país que desde fevereiro de 2023 só tem vindo a registar, progressivamente, uma diminuição do armazenamento de água nos seus solos. Obviamente que a acumulação pluviométrica desta semana, caso se concretize tal como o modelo ECMWF a projeta à data de hoje, não amenizaria a seca de forma generalizada.

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Em muitas regiões de Portugal continental, sobretudo no Alentejo e no Algarve, a ausência de chuva generalizada no inverno de 2023 desencadeou uma situação de seca meteorológica cada vez mais preocupante, sobretudo porque o verão está cada vez mais próximo.

Serviria, isso sim, apenas como um “penso rápido” localmente, ao acrescentar alguma água aos solos das regiões a norte de Montejunto-Estrela. Ainda assim, aquelas que mais necessitam de água da chuva (Alentejo e Algarve) continuarão sem ser regadas de forma abundante e “bem chovida”, dado que a previsão aponta para precipitação residual ou escassa nestas regiões.

Um, dois ou três dias de chuva é demasiado pouco para poder amenizar a seca. Sobretudo quando as temperaturas demasiado elevadas para a época do ano agravam ainda mais a retenção de humidade nos solos, por causa da elevada evapotranspiração associada a este processo.

Mas a esperança na habitual dinâmica climática associada ao mês de maio, poderá eventualmente resultar num ligeiro alívio na seca meteorológica que muitas regiões de Portugal continental já atravessam. Resta esperar pelas próximas semanas e pela previsão atualizada para maio que lançaremos a partir do próximo dia 5.