Modelos Europeu e Americano avisam do que está para chegar a Portugal, vindo do Atlântico: tempestades fortes à vista!

Para além do calor intenso, nos próximos dias teremos de estar atentos à evolução deste fenómeno meteorológico que se aproximará de Portugal, uma vez que poderá provocar tempestades e trovoadas, mais fortes, e mais extensas.

Como já avançámos na Meteored, esta semana o protagonista do panorama meteorológico em Portugal serão as temperaturas invulgarmente elevadas para a época do ano e as tempestades que, embora poucas, "brotam" como cogumelos a partir do meio-dia, especialmente no interior do nosso país, deixando fenómenos meteorológicos adversos (FMA), tais como, o granizo de grandes dimensões e os vendavais (ou se em inglês quisermos chamar, 'downbursts').

A situação não mudará radicalmente a curto prazo, mas dentro de alguns dias, chegarão algumas novidades.

O que é uma DINA?
Também conhecida como gota fria, é uma depressão que se isola da circulação geral da atmosfera, nos níveis elevados da troposfera. Caracteriza-se pela presença de um núcleo de ar frio rodeado de ar mais quente e por uma circulação de vento que gira em direção ciclónica, quase sem reflexos à superfície.

É um erro utilizar este conceito como sinónimo de chuvas torrenciais com consequências catastróficas.

A explicação para este calor intenso e persistente é encontrada no Atlântico. Nos últimos dias, têm-se desenvolvido pequenas gotas frias (ou depressões isoladas em altitude ou ainda DINA'S), e/ou vales depressionários ao largo da costa ocidental da Península Ibérica, o que favorece a subida de massas de ar quentes e secas do Norte de África, que também estão carregadas de poeiras em suspensão sobre a nossa geografia.

Uma DINA aproximar-se-á de Portugal continental a partir deste sábado, 21 de junho

Vamos continuar vigilantes à evolução de uma bolsa de ar frio em altitude nas proximidades da Península "à boca" para este fim de semana, e que, provavelmente, ficará isolada da corrente de jato polar, gerando deste modo, uma gota fria ou DINA. Para já, esta situação é contemplada, quer pelo modelo Europeu (ECMWF), quer pelo GFS americano.

Alguns cenários mostram que a DINA poderia aproximar-se do Sudoeste da Península Ibérica.

O que ainda claro nada está é a trajetória desta depressão em altitude, o que é normal, uma vez que, recordemos, tratam-se de elementos atmosféricos tremendamente erráticos. Alguns cenários indicam que se deslocará de noroeste para ser absorvida pela circulação geral da atmosfera, enquanto outros a colocam verticalmente sobre o Sul da Península Ibérica (com Sevilha à 'cabeça', e talvez, o Sotavento Algarvio, do outro lado da fronteira luso-espanhola, à espera, possivelmente ou não, de uma trovoada).

Em caso de ocorrência deste primeiro cenário, as tempestades seriam mais frequentes e adversas em pontos das Regiões do Interior Norte, e quiçá Centro, enquanto no segundo cenário a instabilidade estender-se-ia a mais regiões e distritos, tornando-se muito mais generalizada. Nesta estação do ano, uma DINA costuma provocar aguaceiros convectivos irregulares (acompanhados de trovoada e, por vezes, sob a forma de granizo) que podem ser localmente muito intensos.

Quais seriam os efeitos da DINA?

Se isto se confirmar, as tempestades poderão afetar mais zonas e ser mais intensas entre domingo e o início da próxima semana. A Península Ibérica, ou melhor dizendo, Portugal e Espanha, ficariam sob o setor de divergência em altitude da depressão.

A isto juntar-se-iam as águas anormalmente quentes que rodeiam o Golfo de Cádiz (águas quentes do Mediterrâneo que atravessam o Estreito de Gibraltar de leste para oeste, aquecendo as águas oceânicas de superfície do Golfo de Cádiz que ali ficam a 'marinar' e, também, de forma parcial, o litoral meridional algarvio (Sotavento)), bem como todo o calor acumulado nestes dias.

Este mapa de precipitação acumulada, concebido pela Meteored com base em dados do modelo Europeu (ECMWF), revela que, com a aproximação da DINA, as tempestades e/ou trovoadas que as acompanham, podem propagar-se, ou espalhar-se, para muitas outras regiões.

As condições preveem-se as ideais para um grande evento de tempestade sobre grandes zonas, com núcleos que podem vir a apresentar um elevado grau de organização (supercélulas, linhas de turbulência ou sistemas convectivos), capazes de gerar fenómenos muito adversos ou extremos, como granizo de grandes dimensões, ventos muito fortes ou aguaceiros intensos.

Outro dos efeitos da DINA será a prevista descida das temperaturas. Se, por fim, a DINA conseguir atravessar o Noroeste Ibérico (Galiza, Leão, Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro), a descida dos termómetros seria sentida, principalmente, na metade ocidental e na vertente cantábrica. Se a gota fria conseguir deslocar-se mais para o interior, isto é, mais para leste, então o alívio térmico estender-se-ia a mais regiões.

Em suma, há potencial para que os efeitos destas tempestades sejam prejudiciais, algo que já vimos nestas semanas em vários locais da nossa geografia. Na Meteored, estaremos a afinar esta previsão nos próximos dias, uma vez que coincidirá com o São João, com eventos e feriados em algumas cidades, povoações e localidades portuguesas.