Clima de maio analisado pela meteorologista Teresa Abrantes: dados do IPMA mostram principais tendências em Portugal

O mês de maio de 2025, em Portugal continental, classificou-se, do ponto de vista climatológico, como um mês quente em relação à temperatura do ar e seco em relação à precipitação.

Tempo quente e seco
O mês de maio foi um mês quente e seco.

Em maio, o estado do tempo no continente foi condicionado predominantemente pela ação de regiões anticiclónicas. No início do mês tivemos massas de ar vindas de sul, mas no restante período prevaleceram massas de ar vindas de Norte ou Nordeste. No entanto uma depressão pouco cavada centrada na Península Ibérica ou na proximidade ainda afetou o continente durante alguns dias, com ocorrência de precipitação.

Temperatura média acima dos valores normais para o mês de maio

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, IPMA, em Portugal continental, no mês de maio, o valor médio da temperatura média do ar, 17.32 °C, foi 0.47 °C superior ao valor da normal 1991-2020.

Maio de 2025 foi o 12º maio mais quente desde 2000, sendo o mais quente o de 2022.

Anomalias da temperatura
Anomalias da temperatura média do ar no mês de maio, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1991-2020. Fonte: IPMA

O valor médio da temperatura máxima do ar, 23.54 °C, 11º maio mais alto desde 2000, foi 1.02 °C acima do valor médio no período 1991-2020. Valores de temperatura máxima superiores aos deste mês ocorreram em cerca de 20 % dos anos, desde 1931.

O valor médio da temperatura mínima do ar, 11.11 °C, registou uma anomalia de 0.07 °C inferior ao valor normal.

O maior valor da temperatura máxima do ar foi 39.9 °C, que se registou em Coruche e Alvega, no dia 29 e o menor valor da temperatura mínima do ar, 0.8 °C, ocorreu em Lamas de Mouro, no dia 10.

O mês de maio, caracterizou-se por um período frio, na primeira quinzena, e um período quente até ao final do mês, com valores de temperatura média do ar muito acima do valor médio mensal no período de 29 a 31 de maio, em que as anomalias registaram valores superiores a 7.0 °C.

No período de 28 a 31 de maio, mais de 70% das estações meteorológicas da rede do IPMA registavam temperatura máxima superior a 30.0 °C, sendo que nos dias 29 e 30 mais de 10% das estações registavam uma temperatura máxima superior a 38.0 °C.

No período quente, de 29 a 31, foram registados 18 novos extremos da temperatura máxima do ar e verificou-se a ocorrência de noites tropicais (Tmin ≥ 20.0 °C) em mais de 10% das estações meteorológicas da rede do IPMA.

Ocorreu uma onda de calor em 14 estações meteorológicas, a partir do dia 24 de maio e até ao dia 01 de junho em algumas estações, com a duração máxima de 8 dias.

Os valores da temperatura máxima foram em geral superiores à média, com os maiores desvios positivos na região noroeste, vale do Tejo e interior Sul, enquanto que a temperatura mínima do ar apresentou anomalias negativas em especial na região sudoeste do território.

A precipitação em maio foi inferior ao valor médio

Ainda de acordo com o IPMA, o mês de maio de 2025 registou um total de precipitação mensal de 42.3 mm, que corresponde a 68% do valor médio 1991-2020, com uma anomalia de -19.6 mm.

Valores de precipitação superiores aos registados neste mês ocorreram em cerca de 40% dos anos desde 1931.

Anomalias da precipitação
Anomalias da quantidade de precipitação, no mês de maio, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1991-2020. Fonte: IPMA

A precipitação registou-se em todo o território, tendo sido mais significativa nos períodos de 2 a 4 em todo o território e de 9 a 12 na região Norte e litoral Centro. Nestes períodos a precipitação foi por vezes forte e acompanhada de trovoada e vento por vezes forte e com rajadas.

Na segunda quinzena não ocorreu precipitação na região Sul.

Em termos de distribuição espacial, os valores de precipitação em maio foram inferiores ao valor normal 1991-2020, exceto nalguns locais do Centro e do interior Norte.

O valor mais elevado de percentagem de precipitação em maio, em relação ao valor médio, 143%, verificou-se em Mirandela e o menor, 2%, em Portimão.

O maior valor da quantidade de precipitação em 24 horas, 46.9 mm, registou-se na estação meteorológica de Lamas de Mouro, no dia 12. Também em Lamas de Mouro ocorreu o maior valor mensal da quantidade de precipitação em maio, 110.2 mm, e o menor valor na estação meteorológica de Portimão, 1.9 mm.

Monitorização da Seca – Índice PDSI

O valor da quantidade de precipitação acumulada no final de maio referente ao ano hidrológico 2024/2025 (1 de outubro de 2024 a 30 setembro de 2025) é de 815.3 mm, corresponde a 111% do valor normal 1991-2020.

Em termos espaciais, os valores da quantidade de precipitação acumulada no ano hidrológico 2024/2025 são inferiores ao normal nalguns locais da região noroeste. Nas regiões do interior Centro, Vale do Tejo e grande parte da região Sul os valores de precipitação acumulados são superiores ao valor médio 1991-2020.

De acordo com o Índice Meteorológico de Seca, PDSI, índice meteorológico de seca calculado pelo IPMA para monitorização da situação de seca, no final de maio todo o território continental continuava a não apresentar nenhuma região em seca meteorológica, tendo-se verificado uma diminuição da intensidade das classes de chuva, significativa da classe de chuva severa nas regiões do Centro e Sul.

Em termos de distribuição percentual por classes do índice PDSI no território continental, no final de maio verificava-se: 2.8% na classe de chuva severa, 64.5% na classe de chuva moderada, 25.9%, na classe de chuva fraca e 6.8% na classe normal.