Alfredo Graça sobre o tempo que se avizinha para junho: “o modelo europeu é claro e não traz boas notícias”

O nosso modelo de referência acaba de atualizar a sua previsão para o mês de junho em Portugal: os mapas da Meteored são muito claros no tempo para as próximas semanas. Saiba o que poderá acontecer!

trovoada portugal
Junho é o primeiro mês do verão climatológico. Mas apesar das temperaturas altas e da muita luz solar, é um período de 30 dias no qual os aguaceiros, o granizo e a trovoada tem tendência a ocorrer, de acordo com o histórico dos dados climatológicos para o nosso país.

A primavera climatológica chegará ao fim este sábado, 31 de maio, e fá-lo-á após um episódio de temperaturas muito elevadas em Portugal, e após meses repletos de chuva, depressões e sem notícias devido ao calor. Uma mudança drástica de panorama que deixará um estado do tempo mais típico de uma canícula em pleno do que o de um final de maio. Irá esta situação atmosférica ser temporária ou será que se vai prolongar durante todo o mês de junho?

Junho é o primeiro mês do verão climatológico

Junho é um mês de calor e de muita luz solar. Nas próximas semanas vamos viver os dias mais longos do ano. A média da temperatura máxima mensal na geografia do Continente em junho (26,4 ºC) é significativamente mais elevada do que a de maio, quase 5 ºC!

Também é de salientar o grande contraste térmico entre as regiões situadas a norte do rio Tejo (22 a 25 ºC) - mais frescas ou amenas - e aquelas a sul do referido rio, já bastante quentes (27 a 30 ºC). Na faixa costeira ocidental e meridional de Portugal continental, bem como nos arquipélagos dos Açores e da Madeira a subida térmica é mais moderada graças à influência das brisas marítimas.

No entanto, nos últimos anos tem vindo a ser registadas ondas de calor precoces em maio. A geada fica praticamente limitada às zonas de alta montanha.

Além de ser o primeiro mês do verão climatológico, junho é o mês em que muitos veraneantes vão de férias e usufruem do calor para se estenderem ao sol na praia e se banharem nas águas atlânticas portuguesas.

Em junho a precipitação tende a ser escassa e extremamente irregular nas regiões situadas a sul da Cordilheira Central (composta pela serras da Lousã, Açores e Estrela) e nos Açores e Madeira. A normal climatológica 1991-2020 mostra-nos que a precipitação média mensal em junho é de (21 mm) e menos de metade do valor total mensal para o mês de maio.

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Porém, no Noroeste de Portugal continental - nas regiões situadas a oeste da Barreira de Condensação - tais como os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e os setores ocidentais dos distritos de Vila Real e Viseu, bem como na Cordilheira Central, os valores de precipitação acumulada são normalmente mais significativos graças aos aguaceiros fortes, por vezes de granizo, e às trovoadas (tempestades convectivas), típicas da estação estival do ponto de vista climatológico.

Recordemos que o verão, para a Climatologia, arranca a 1 de junho e termina a 31 de agosto.

Os valores da média de precipitação total mensal referidos para o Norte e Centro de Portugal continental contrastam fortemente com o resto do país. De facto, a sul da Cordilheira Central, mas sobretudo a sul do rio Tejo, a precipitação acumulada mensal de junho, em média, costuma apresentar registos substancialmente inferiores.

Os mapas de previsão são claros quanto às temperaturas esperadas para Portugal

A última previsão do nosso modelo de referência, no que diz respeito às temperaturas, é convincente. Se o atual cenário se concretizar, na primeira quinzena de junho os valores térmicos poderão situar-se entre 3 e 6 ºC acima da média para as datas em zonas de Trás-os-Montes, Beira Alta, Beira Interior, Beira Baixa, Alto Alentejo, Alentejo Central e Baixo Alentejo.

Prevê-se que junho 2025 seja um mês bastante quente em Portugal continental, sobretudo nas regiões do interior.

No resto do nosso país, a metade ocidental e orientada para o Atlântico, as temperaturas poderão ser 1 a 3 ºC mais elevadas do que o habitual durante a primeira metade de junho. Em relação à primeira semana de junho (dias 2 a 9) esperam-se valores de temperatura dentro da média climatológica de referência no litoral Centro e Oeste (distritos de Coimbra, Leiria e Lisboa).

Relativamente a Açores e Madeira estão previstas anomalias térmicas positivas mais moderadas, entre 0,5 e 1 ºC acima da média.

Ainda é precoce avançar com a possibilidade de uma onda de calor em junho.

Estes eventos meteorológicos extremos só podem normalmente ser confirmados das seguintes formas: ou alguns dias antes da onda de calor, em casos de episódios mais extremos; ou após a análise aos registos térmicos de um conjunto de estações oficiais do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Quanto a uma possível mudança do panorama meteorológico na segunda quinzena de junho, os mapas sugerem que as temperaturas poderiam ser 1 a 3 ºC mais elevadas se tomarmos como referência os registos médios das Regiões Norte, Centro e algumas zonas do Alentejo fronteiriço, onde as anomalias de calor serão mais pronunciadas do que no resto do país.

No resto do país e no arquipélago dos Açores as temperaturas poderiam ser até 1 ºC acima da média. Não se detetam anomalias estatisticamente significativas para a Região Autónoma da Madeira e para o Algarve (distrito de Faro) na semana de 16 a 23 de junho.

Será que junho vai ser um mês muito instável?

Quanto à chuva, recorde-se que nesta altura do ano já é bastante escassa, mas muito esporádica em termos de ocorrência, irregular em termos de distribuição geográfica e forte em termos de intensidade, havendo uma prevalência para a precipitação convectiva (aguaceiros, por vezes de granizo, e trovoadas).

As tendências indicam que a primeira quinzena será mais seca do que o habitual em grande parte de Portugal, exceto nas regiões situadas a sul do rio Tejo. Nelas não se observam desvios em relação à média (zonas manchadas a branca) pelo que poderá precipitar dentro do que é habitual nestas regiões para esta época do ano.

Em Portugal o mês de junho não deverá ser extremamente instável no que concerne à chuva, granizo e trovoada. Porém, a volatilidade típica da corrente de jato polar, pode conduzir a situações repentinas de instabilidade (gotas frias e nuvens de desenvolvimento vertical formadas por aquecimento diurno intenso) em locais inesperados.

Para a segunda quinzena de junho não se vislumbra uma tendência particularmente definida no conjunto de Portugal, mas os mapas sugerem uma corrente de jato polar com algumas pequenas ondulações, o que seria favorável ao desenvolvimento de aguaceiros e trovoadas em certas zonas do nosso país.

Por outro lado, para a segunda quinzena de junho, perspetiva-se a possibilidade de ligeiras anomalias de precipitação, quer nos Açores, quer na Madeira.

Em suma, à data de hoje, não se vislumbra um mês de junho extremamente instável.