Iminente mudança do tempo em Portugal: amanhã e quinta são esperados aguaceiros de lama, trovoada e até mesmo granizo

Nas próximas horas uma gota fria aparecerá ao largo da costa de Portugal continental, o que deixará o nosso país à mercê de aguaceiros de lama, potencialmente acompanhados de trovoada e granizo.

Estamos prestes a testemunhar uma mudança no estado do tempo nas próximas horas, algo que aliás já temos vindo a alertar nos últimos dias aqui na Meteored.

Uma gota fria irá descolar-se da corrente de jato polar surgindo junto da costa ocidental de Portugal continental ao longo do dia de amanhã - quarta-feira, 20 de março e primeiro dia da primavera astronómica. Recorde-se que, é precisamente nesta estação do ano que este tipo de eventos meteorológicos são mais frequentes.

Entre amanhã (20) e quinta-feira (21) o nosso país estará sob o raio de influência desta bolsa de ar frio. Mas, logo depois, já na reta final da semana, a deslocação do anticiclone dos Açores fará com que a gota fria se movimente vertiginosamente para as imediações do Arquipélago das Canárias.

Mesmo assim, apesar da sua curta passagem pela nossa geografia, poderá dar origem a um vasto conjunto de fenómenos meteorológicos adversos.

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Os aguaceiros de quarta (20) e quinta-feira (21) poderão ser pontualmente fortes, com "lama" e potencialmente acompanhados de trovoada e granizo.

Estão previstos aguaceiros nestas zonas. Poderão ser localmente fortes

De acordo com o nosso modelo de referência (ECMWF), na manhã de quarta-feira (20) haverá aguaceiros fracos e dispersos no interior Norte e Centro (distrito de Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda), e aguaceiros mais isolados noutras zonas do Continente. Contudo, prevê-se que a instabilidade aumente consideravelmente na segunda parte do dia, com linhas de trovoada e aguaceiros - possivelmente de lama nalgumas ocasiões - em muitas regiões.

Com o passar das horas poderão tornar-se localmente intensos na metade ocidental do Baixo Alentejo (litoral Alentejano - distrito de Beja), no Algarve sobretudo no Barlavento, no Nordeste Transmontano, Regiões de Viseu Dão-Lafões e Alto Tâmega e Douro, no Alentejo Central, na Península de Setúbal e na Área Metropolitana de Lisboa. Haverá aguaceiros fracos e irregulares no Minho, Douro Litoral e noutras zonas do país.

Segundo o nosso mapa de densidade de raios, para quarta-feira (20) as zonas com maior probabilidade de ocorrência de trovoada são o Nordeste Transmontano, o Barlavento Algarvio, o Baixo Alentejo (parte litoral), Península de Setúbal, zonas do distrito de Lisboa e outras zonas do interior Norte.

Este episódio de instabilidade atmosférica não será de precipitação generalizada, mas sim de aguaceiros irregulares. O aspeto mais chamativo tem a ver com a provável ocorrência de trovoada, um panorama mais típico de meados e finais da primavera.

Na quinta-feira (21), a gota fria afastar-se-á gradualmente para sudoeste, passando entre a Madeira e Marrocos. A instabilidade atmosférica ainda irá manifestar-se no país, principalmente a sul do Tejo, nos distritos de Évora, Beja e Faro, regiões onde os aguaceiros terão tendência a concentrar-se.

De acordo com as mais recentes atualizações do mapa de densidade de raios, estão previstos para estas zonas núcleos de trovoada particularmente fortes sobretudo nas últimas horas da tarde e noite de quinta-feira (21).

Possibilidade de queda de granizo, poeiras em suspensão e muito calor

A posição deste sistema de baixas pressões à superfície (gota fria) favorecerá uma intrusão maciça de poeiras do Saara no Continente. As condições meteorológicas adversas de amanhã (20) e de quinta-feira (21) produzirão as famosas "chuvas de lama”. Tampouco está excluída a possibilidade de queda de granizo.

Além disto, outro dos elementos do clima mais notórios será a temperatura, sobretudo na sexta-feira (22), dia para o qual se prevê imenso calor.

A massa de ar quente carregada de poeiras em suspensão e arrastada pela gota fria provocará uma subida a pique das temperaturas máximas, deixando o Litoral Norte com tempo tão quente como as zonas mais meridionais de Portugal continental, o que numa fase tão precoce da primavera não deixa de ser impressionante.