Gabrielle poderá transformar-se num furacão de categoria 2 ao girar em direção aos Açores

Prevê-se que a atual tempestade tropical Gabrielle se transforme num furacão de categoria 2 dentro de poucos dias. Na sua trajetória pelo Atlântico, este poderoso sistema de baixas pressões poderá provocar efeitos nos Açores. Eis o que sabemos de momento!

Na passada quarta-feira (17) de setembro uma perturbação nascida no seio do oceano Atlântico intensificou e evoluiu para tempestade tropical, dando origem a Gabrielle. Há dois dias atrás, esta tempestade tropical apresentava ventos máximos sustentados de 65 km/h e uma pressão central mínima de 1007 hPa. Devido à sua localização, em pleno Atlântico central e sem grandes porções de terra em seu redor, não representava perigo para ninguém.

Porém, a situação de perigo para a população poderá mudar quando, no próximo domingo, 21 de setembro, Gabrielle evoluir para um furacão de categoria 1 e passar a leste das Bermudas. De acordo com o NHC (Centro Nacional de Furacões do Estados Unidos), ainda é cedo para saber a magnitude dos potenciais impactos de vento e chuva neste território ultramarino britânico, mas a ondulação marítima já chegará às ilhas na noite desta sexta-feira, dia 19 (hora local) e intensificará ao longo do fim de semana, constituindo condições de ameaça para a vida.

Gabrielle tem vindo a descrever uma trajetória para nordeste e, esta sexta-feira, 19 de setembro, evidencia ventos máximos sustentados de 80 km/h e uma pressão central mínima ligeiramente mais intensa (1004 hPa).

A partir de domingo, 21 de setembro, é expectável que Gabrielle evolua para um furacão de categoria 1

No próximo domingo (21), ao deslocar-se sobre águas atlânticas mais quentes (30 ºC temperatura da superfície do mar), irá deparar-se com a energia necessária para se intensificar e desenvolver para um furacão de categoria 1.

Serão 2 ºC a mais do que a temperatura da superfície do mar da zona atual sobre a qual Gabrielle está localizado e a diferença térmica suficiente para que o sistema de baixas pressões tropical se fortaleça e adquira as características necessárias para se tornar um furacão forte e organizado: um olho bem definido, que é a área central do furacão em que o céu se apresenta geralmente limpo e com ventos calmos, cercado por uma parede do olho intensa, em que a convergência dos ventos é forte e há chuvas torrenciais e relâmpagos.

A temperatura da superfície do mar (30 ºC), muito quente, será um dos principais "motores" por detrás do ganho de energia e consequente intensificação de Gabrielle para um furacão de categoria 1.

De acordo com os mapas de confiança da Meteored, baseados no modelo ECMWF, por volta das 18:00 (hora de Lisboa) do próximo domingo (21), Gabrielle já estará plenamente convertido num furacão ao apresentar ventos máximos sustentados de 130 km/h e fortíssimas rajadas de vento até 157 km/h. Os nossos mapas revelam ainda que Gabrielle, uma vez convertido em furacão de categoria 1 mudará de trajetória, prevendo-se que passe a deslocar-se para norte, em vez de nordeste, entre as últimas horas de domingo (21) e as primeiras horas da madrugada de segunda-feira (22).

Mudança de direção para nordeste e possíveis efeitos nos Açores

Em apenas 24 horas, entre as 06:00 da manhã de segunda (22) e terça (23), o modelo Europeu prevê que o furacão Gabrielle sofra uma rápida intensificação. Não só ganhará ainda mais energia, evoluindo para um furacão de categoria 2, como isto acontecerá quando este poderoso sistema tropical de baixas pressões alterar de rumo, passando a circular para nordeste, em vez de norte.

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Ora, nesta sua mudança para nordeste, alguns cenários probabilísticos do modelo Europeu colocam os Açores na trajetória do furacão Gabrielle (embora já mais enfraquecido e com um menor grau de organização, mas a poder constituir perigo, mesmo assim). Ainda que, de momento, a interação direta entre este furacão e o arquipélago português seja altamente improvável, prevê-se a possibilidade de alguns efeitos indiretos no estado do tempo a partir de meados ou finais da próxima semana, provavelmente a partir de quinta-feira, 25 de setembro.

Ainda não é possível estimar com precisão a intensidade e duração dos impactos de chuva, vento e agitação marítima, mas é possível que Gabrielle, seja em condição de furacão categoria 1, tempestade tropical ou depressão tropical afete parcialmente o arquipélago dos Açores com a sua atividade ciclónica ao passar pelas ilhas, ou de acordo com outros mapas, ligeiramente a norte das mesmas, entre quinta (25) e sexta-feira (26).

Previsão do mapa de rajadas de vento para a próxima quarta-feira, às 19:00. A oeste dos Açores observa-se Gabrielle, possivelmente como furacão de categoria 1 ou já mais enfraquecido (tempestade tropical). A norte dos Açores, uma outra baixa que influenciará as condições meteorológicas do arquipélago e que se deslocará em paralelo a Gabrielle.

Convém realçar que a chuva moderada prevista para segunda-feira (22) nas ilhas ocidentais e centrais do arquipélago não tem nada a ver com o furacão Gabrielle, mas sim com uma enorme frente fria associada a um vale depressionário com origem na parte leste da Gronelândia (chuva acumulada até 30 mm no Grupo Ocidental em cerca de 24 horas).

É importante também salientar que os ventos intensos da próxima quarta-feira (24) nos Açores (rajadas até 50/60 km/h, sobretudo no Grupo Ocidental e Central) estarão mais relacionados com a passagem de uma baixa pressão que se deslocará em paralelo ao furacão Gabrielle e a norte do mesmo, do que propriamente com Gabrielle.

Todavia, como já foi acima explicado, isso poderá mudar a partir de quinta-feira (25), uma vez que Gabrielle, até então a circular para nordeste, poderia mudar de direção rumo a leste, o que deixaria os Açores precisamente no caminho (ou ligeiramente a sul) de um potencial impacto deste sistema, com chuvas fortes, ventos intensos e forte agitação marítima.

Não obstante, a incerteza é muito elevada, dado que o horizonte temporal de previsão abrange um prazo relativamente longo (refere-se a praticamente 7 dias) e qualquer alteração na trajetória deste poderoso sistema de baixas pressões tropicais poderá mudar radicalmente o cenário atualmente previsto.