Frio extremo na Europa: os peritos preveem um “comboio siberiano”; eis as possibilidades de chegar a Portugal

Ao longo da próxima semana uma massa de ar polar continental proveniente da Rússia poderá trazer um ambiente gélido a grande parte da Europa em pleno Natal: analisamos os possíveis efeitos em Portugal.

Os mapas continuam a insistir que é provável que massas de ar muito frias cheguem à Europa por volta do Natal.

No que falta da presente semana, grande parte da geografia de Portugal vai continuar a ser afetada pela chegada de frentes frias atlânticas que trarão mais chuva e neve nos dias imediatamente anteriores ao Natal, bem como por altos e baixos das temperaturas. Contudo, a situação meteorológica na Europa poderá mudar radicalmente durante as festividades natalícias.

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Em breve a corrente de jato polar produzirá ondulações muito pronunciadas, o que será favorável à formação de bloqueios anticiclónicos nas latitudes altas e à libertação de bolsas de ar frio e centros de baixas pressões que circularão bastante para sul, pois serão desviadas por este poderoso ‘escudo’ de altas pressões. Esta configuração atmosférica irá condicionar o estado do tempo na Europa em pleno Natal.

O bloqueio na Europa poderá resultar na chegada de uma massa de ar gélido proveniente da Rússia

Os especialistas da Meteored acreditam que ao longo da próxima semana as altas pressões vão fortalecer-se entre a Europa Central, a Escandinávia, a Islândia e as Ilhas Britânicas. Segundo o modelo Europeu, este cenário continua a ser o mais provável atualmente, mas a incerteza permanece elevada face a uma configuração tão complexa.

De acordo com o modelo europeu, o panorama de bloqueio anticiclónico no centro ou norte da Europa na semana do Natal é muito provável.

Caso este cenário se concretize, entre este grande anticiclone e as baixas pressões que deslizarão pelo flanco meridional do anticiclone, poderá ser impulsionada uma massa de ar polar continental proveniente da Rússia, e alguns cenários consideram mesmo a possibilidade de que arranque a partir da Sibéria.

O ar polar continental poderá gerar temperaturas muito baixas na Europa

Neste momento, os modelos indicam que a isoterma de -12 ºC a 850 hPa (cerca de 1500 metros de altitude) poderá atingir no dia de Natal zonas da Polónia, Roménia, Bielorrússia, norte da Bulgária, Ucrânia e estender-se até aos Alpes, enquanto a isoterma de -8 ºC poderá estender-se a uma grande parte da Europa, alcançando as Ilhas Britânicas. Em suma, perspetiva-se a possibilidade de uma vaga de frio em vários países europeus.

Esta situação poderá traduzir-se num cenário em que o ar polar continental se espalha por grande parte da Europa, trazendo temperaturas bastante frias.

Isto resultaria num estado do tempo muito frio ou gélido, com geadas muito fortes em vastas regiões do continente europeu. Contudo, é importante frisar que a precipitação será geralmente escassa devido à origem continental da massa de ar. Só ocorrerá queda de neve nos lugares em que esta mesma massa de ar atravesse um corpo de água de dimensões significativas, como um mar, um golfo ou um lago.

Quais são as possibilidades de um Natal branco e gélido em Portugal?

Neste momento é impossível determinar se Portugal irá vivenciar um Natal branco ou se o nosso país será afetado por este potente “abanão” invernal, devido ao facto de os prazos ainda serem bastante longos. Por causa da localização geográfica da Península Ibérica, o ar polar continental costuma chegar mais temperado ao nosso território do que ao resto da Europa, mas os mapas perspetivam várias possibilidades.

O bloqueio poderá fazer com que as baixas pressões se desloquem para sul, o que resultaria numa potencial interação destas com o ar polar continental proveniente da Rússia.

A primeira das possibilidades é que o nosso país fique de fora da entrada de ar frio devido à possível formação de baixas pressões em torno da Península Ibérica, às quais estariam associados ventos mais amenos ou temperados provenientes do Atlântico. Neste caso, sim, a chuva seria abundante.

Mas tampouco deve ser excluída a possibilidade em que a língua de ar frio da Europa é arrastada para Portugal continental pelas bolsas de ar frio ou baixas pressões que provavelmente se irão formar nas imediações da Península Ibérica, com interações entre diferentes massas de ar.

Caso esta última possibilidade ocorra, o frio e a precipitação coincidiriam - algo que é pouco habitual em grande parte de Portugal continental - podendo conduzir a uma tempestade de chuva e neve. Tudo isto carece de confirmação, mas os modelos continuam a insistir numa tendência de temperaturas bastante baixas para o final de dezembro e alguma instabilidade. Na Meteored vamos continuar a analisar esta interessante tendência nos próximos dias.