Especialista Alfredo Graça: “modelo Europeu já marcou data para o regresso das temperaturas mais frescas a Portugal”

Após várias semanas marcadas por sucessivas ondas de calor tórrido, parece estar à vista uma mudança significativa no padrão meteorológico em Portugal continental. Estará ao “virar da esquina” a chegada de tempo mais fresco? Saiba a previsão completa!

A semana de 11 a 17 de agosto será novamente marcada por calor intenso e poeiras. Algumas zonas do interior de Portugal continental também poderão ver-se expostas ao risco de instabilidade localizada (aguaceiros e trovoada).

As regiões do litoral deverão registar algum alívio térmico, embora o risco de incêndio permaneça elevado. Até sexta-feira, 15 de agosto, o calor manter-se-á geralmente intenso, sobretudo no interior, embora com uma gradual diminuição da intensidade em termos de área geográfica abrangida.

Sistemas tropicais no Atlântico acrescentam incerteza às previsões para o fim de semana de 16 e 17 de agosto

A previsão do tempo para sábado (16) e domingo (17) ainda revela alguma incerteza devido à influência indireta de sistemas tropicais no Atlântico. O comportamento destas baixas pressões ditará alterações no posicionamento do anticiclone dos Açores e, consequentemente, na massa de ar muito quente e seco que vai pairando sobre a Península Ibérica.

Seja o primeiro a receber as previsões graças ao nosso canal do WhatsApp. Siga-nos e ative as notificações.

Grande parte dos cenário aposta numa descida significativa das temperaturas, especialmente a partir do próximo domingo (17), com máximas no interior a rondar os 30 a 34 ºC e mínimas entre 14 e 18 ºC, o que daria origem a noites mais frescas. No litoral espera-se o prevalecimento da nortada e a provável formação de nevoeiros persistentes, afetando até mesmo algumas áreas do Algarve.

Não obstante, algumas projeções continuam a sugerir a possibilidade de temperaturas elevadas, pelo que a evolução meteorológica terá de ser monitorizada minuciosamente.

O modelo mais fiável para a Meteored aposta numa descida das temperaturas a partir desta data

A atual previsão dos mapas do tempo do modelo Europeu (ou ECMWF), aquele em que a Meteored mais confia para elaborar as suas previsões, intui uma provável mudança significativa no estado do tempo em Portugal continental dentro de poucos dias, contrastando acentuadamente com as sucessivas ondas de calor extremo vividas nas últimas semanas no nosso país.

Para o próximo domingo, 17 de agosto, já se vislumbra uma pequena descida das temperaturas máximas numa parte significativa de Portugal continental.

Por um lado, acaba por não ser assim tão surpreendente a iminente descida das temperaturas, pois a Climatologia conta-nos que, estatisticamente, o período mais quente dos verões em Portugal - conhecido oficialmente como canícula - decorre normalmente entre 15 de julho e 15 de agosto.

Por outro lado, o cenário previsto para as datas posteriores a 15 de agosto (semana de 18 a 25 de agosto) evidencia a passagem repentina de um extremo térmico (calor tórrido) para outro extremo térmico (anomalias térmicas negativas numa parte significativa do país, isto é, temperaturas abaixo da média para a época estival).

Na semana de 18 a 25 de agosto prevê-se que quase todo o território de Portugal continental registe temperaturas abaixo da média climatológica de referência.

O mais expectável seria a passagem para temperaturas apenas ligeiramente acima da média ou dentro da média, daí que o cenário previsto acabe por ser um pouco surpreendente (ou anómalo), quer pelo seu carácter repentino, quer pelo acentuado contraste térmico entre uma semana (10-17 agosto) e outra (18 a 25 de agosto).

A secção de mapas do tempo da Meteored sugere uma descida significativa das temperaturas já no próximo domingo, 17 de agosto. Não é possível estender a previsão para além deste horizonte temporal, mas os mapas do ECMWF intuem uma tendência de arrefecimento do estado do tempo para a semana seguinte (18-25 de agosto).

Adicionalmente, de acordo com os mapas semanais de anomalia de temperatura (carácter estatístico) do modelo Europeu, cujo alcance temporal é maior, a tendência de descida térmica revelada pelos mapas deterministas da Meteored não só se deverá manter, como é possível que se acentue em largas porções da geografia continental portuguesa.

Tal como se observa no mapa imediatamente acima, para quase todo o país se preveem anomalias térmicas negativas na semana de 18 a 25 de agosto (ou seja, temperaturas abaixo da média para a época do ano), mas é para a região do Alentejo - e em particular os distritos de Portalegre e Évora - que se vislumbram as anomalias frescas mais acentuadas (até 3 ºC inferiores aos valores médios de referência).

Quase todo o país seguirá a tendência de tempo mais fresco do que o normal na semana vindoura (temperaturas até 1 ºC abaixo da média climatológica de referência). Todavia, estão previstas exceções em algumas zonas, para as quais se prevê que as temperaturas continuem consistentemente acima do habitual.

Nalgumas zonas costeiras perspetivam-se anomalias de calor (Lisboa e Litoral Oeste, algumas áreas do litoral algarvio e algumas áreas do litoral Oeste - até 1 ºC acima da média; litoral Centro - até 3 ºC acima da média); mas noutras regiões, como por exemplo o Nordeste Transmontano, esperam-se temperaturas dentro da média.

Chuva de regresso? Eis quando e onde ocorreria o seu regresso

Embora estejamos a praticamente 10 dias de distância deste cenário, as últimas atualizações dos mapas de referência da Meteored levam a crer que poderá chover no Noroeste de Portugal continental (distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e setores ocidentais de Vila Real e Viseu) na reta final da próxima semana, mais concretamente na quinta e na sexta-feira, dias 21 e 22 de agosto.

Há que encarar com prudência este cenário de possibilidade de chuva, olhando-o mais como uma tendência e não tanto como uma previsão.

descida das temperaturas portugal
Para além do provável domínio da nortada, também a intensificação da atividade ciclónica deverá ter uma "palavra a dizer" no que diz respeito ao regresso de temperaturas mais frescas a Portugal continental dentro de poucos dias.

Naturalmente que a incerteza na previsão é muito elevada devido ao horizonte temporal da mesma, mas é uma possibilidade que deve ser monitorizada, sobretudo tendo em conta a recente intensificação da atividade ciclónica no Atlântico, que acrescenta um ligeiro aumento à probabilidade de precipitação em território nacional.