Dezembro pode trazer uma reviravolta no tempo em Portugal: consulte as primeiras tendências de frio, chuva e neve

Após a montanha-russa térmica deste final de novembro em Portugal, o modelo europeu acaba de atualizar as suas tendências para dezembro: analisamos os possíveis sinais de uma vaga de frio, chuva e/ou queda de neve.

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Estamos às portas do inverno climatológico. Quais são as perspetivas para o tempo em Portugal no último mês do ano 2025?

Já estamos às portas do mês de dezembro, pelo que muitas pessoas prestam agora atenção ao céu por várias razões. Em breve, ocorrerão os fins de semana prolongados da Restauração da Independência, da Imaculada Conceição e, além disso, as férias de Natal estão mesmo ao ‘virar da esquina’. O que se prevê para o primeiro mês do inverno climatológico em Portugal?

Que temperaturas costuma registar o primeiro mês do inverno climatológico?

As temperaturas médias são entre 2 e 3 ºC mais baixas do que em novembro em todo o território do Continente, sendo essa descida ligeiramente mais moderada no litoral Norte, Centro e Algarvio. Nos Açores e na Madeira, ambas geografias insulares, o efeito termorregulador do oceano é fulcral para a descida ser inferior a 2 ºC entre novembro e dezembro.

Nas zonas montanhosas e de planalto do Norte e Centro, as geadas começam a aparecer com mais frequência, sobretudo no Nordeste Transmontano (Bragança) e Beira Alta (Guarda), com as temperaturas a descerem habitualmente aos 2 ou 1 ºC, podendo ocasionalmente ficar abaixo do patamar dos 0 ºC. Na Serra da Estrela são muitas vezes registadas temperaturas negativas nos pontos de maior altitude.

Em dezembro as temperaturas costumam ser baixas em grande parte da nossa geografia, com geadas mais intensas e extensas nas regiões do interior e em zonas de montanha ou planalto. As noites são as mais longas do ano.

Em certas regiões do país, como o litoral Oeste ou a Península de Setúbal, é frequente que nas horas de maior calor o termómetro se aproxime dos 16 ºC, e, ainda mais a sul, no Algarve, as temperaturas máximas normalmente rondem os 17 ºC. Ou nos Açores (18 ºC). E, claro, não esquecendo a Madeira, com uma temperatura máxima de cariz primaveril de 21 ºC.

Dezembro é um dos meses mais chuvosos do ano

A precipitação em dezembro tende a estar associada sobretudo aos fluxos ou circulações zonais de Oeste (ventos de Oes-Sudoeste), com depressões e frentes atlânticas que deixam chuva em grande parte do território do Continente (sobretudo nas regiões Norte e Centro). É também em dezembro que começam a ocorrer os primeiros episódios de queda de neve mais típicos do inverno nas principais serras, montanhas e cordilheiras de Portugal continental e, por vezes, na Região Autónoma da Madeira (embora neste arquipélago a neve seja mais comum em janeiro e fevereiro).

Dezembro costuma ser um dos meses mais chuvosos do ano no nosso país.

É um dos meses mais chuvosos do ano no nosso território, ocupando o primeiro lugar nos Açores, na Madeira e em 6 dos 18 distritos de Portugal continental, segundo a normal climatológica 1991-2020. A precipitação média ronda os 200 mm no Minho e distrito de Viseu, situando-se entre 125 e 155 mm nos distritos de Vila Real, Porto e Aveiro. Em contrapartida, as regiões mais secas costumam ser o distrito de Santarém, o Alentejo e o Algarve, com valores médios iguais ou inferiores a 90 mm.

Estará à vista alguma possível situação de vaga de frio em Portugal?

Para a primeira semana de dezembro, as primeiras tendências do modelo Europeu (ECMWF) mostram que as temperaturas poderão registar até 1 ºC acima dos valores médios de referência nas regiões Norte, Centro, Grande Lisboa, Península de Setúbal e Oeste e Vale do Tejo e zonas do Alto Alentejo. Na segunda semana de dezembro a anomalia térmica positiva de 1 ºC estender-se-á para mais regiões, abrangendo quase todo o Alentejo, Grupo Oriental dos Açores e Madeira.

Regra geral, ao longo da primeira quinzena de dezembro, não se vislumbram desvios significativos em relação à média no Algarve e em grande parte das ilhas açorianas.

Em dezembro as temperaturas poderão registar valores acima da média em grande parte de Portugal, embora de momento não se perspetivem anomalias muito significativas.

Para a segunda parte do mês, a incerteza aumenta e não há uma tendência particularmente definida, com temperaturas que podem ser até 1 ºC acima da média no Norte e Centro, na Madeira e em pontos do interior alentejano. Para já, não se vislumbram indícios de uma grande entrada de ar frio na Europa, mas tampouco se observam anomalias quentes significativas. Além disso, ainda estão por verificar os possíveis efeitos do aquecimento súbito estratosférico sobre a circulação atmosférica.

Haverá chuva abundante e queda de neve neste mês de dezembro?

No que diz respeito à precipitação - como já explicámos anteriormente na Meteored - esta é a variável mais complexa de analisar a longo prazo: aqui revelamos uma aproximação geral, não uma previsão. Durante a primeira quinzena, preveem-se níveis de chuva superiores à média para estas datas em grande parte da Região Norte e em algumas zonas do Centro (distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Vila Real e zonas dos distritos de Bragança e Viseu). Além disto, observa-se uma certa tendência para um padrão de bloqueio na Europa.

Após a alternância entre a circulação atlântica e o fluxo de ventos de Norte ocorrida nos últimos dias, o cenário mais provável é que as altas pressões possam ganhar terreno nas nossas latitudes em dezembro, mas a incerteza é muito elevada.

Por outro lado, para as restantes regiões portuguesas - continentais e insulares - o modelo Europeu não revela uma tendência clara neste momento, sendo que os níveis de chuva poderão ser inferiores ao normal (anomalias de precipitação negativas) no Baixo Alentejo, Algarve, Açores, Madeira e em algumas zonas do litoral Centro. Para a segunda quinzena é possível que haja um predomínio de condições anticiclónicas em grande parte da nossa geografia (tempo estável e geralmente seco), apesar dos pequenos sinais de anomalias húmidas no Algarve, nos Açores e na Madeira.

O mês de dezembro poderá arrancar com tempo instável no Noroeste de Portugal continental.

Tendo tudo isto em conta, ainda não há sinais claros que apontem para uma vaga de frio, chuva abundante ou para episódios de queda de neve, mas atualmente a atmosfera está muito dinâmica sobre as imediações de Portugal, o que pode fazer com que as tendências se alterem radicalmente. Além disto, como já foi acima referido, há que verificar se o atual aquecimento súbito estratosférico vai alterar de alguma forma a circulação na nossa geografia nas próximas semanas.