O porto espacial do Açores prepara-se para lançar foguetões a partir de 2026
Malbusca, na ilha de Santa Maria, vai entrar em rápida transformação para vir a ser um hub espacial destinado a missões da Agência Espacial Europeia e lançamentos comerciais.

Encostado ao Atlântico, Malbusca é um lugar silencioso, na ilha de Santa Maria. As vacas aqui pastam tranquilamente e nem desconfiam a revolução que está prestes a acontecer nestas paisagens açorianas esculpidas por falésias e trilhos que descem até ao mar.
É na primavera de 2026 que o primeiro foguetão a chegar ao espaço a partir do território português vai acontecer nestas paragens cobertas de pastos verdes.
No ano seguinte, será a vez do voo inaugural do Space Rider, da Agência Espacial Europeia (ESA), aterrar neste território insular bafejado pela brisa oceânica.
As missões projetadas para Malbusca
A ambição de incluir o território português no mapa das missões espaciais tem mais de três décadas, mas só agora começa a ganhar forma.

Malbusca, segundo a ESA, oferece as melhores condições de segurança e de gestão do espaço aéreo e marítimo, além de um clima mais propício do que outros possíveis locais da Europa. Mas ainda há muito a fazer antes de os primeiros foguetões subirem a pique pelo céu.
Os testes para lançar os Açores no mapa espacial
A preparação implica um planeamento faseado com vários ensaios que terão de ser bem-sucedidos antes abrirem caminho aos lançamentos orbitais.
O primeiro já aconteceu em 2024, com os foguetões atmosféricos Gama que, lançados a partir de uma plataforma móvel, atingiram altitudes a rondar os cinco quilómetros. Seguir-se-ão depois os foguetões suborbitais, veículos que podem atingir o espaço, mas sem velocidade suficiente para entrar em órbita.
O novo hub plantado à beira-mar
O lançamento do Perun, da Space Forest, e a aterragem do Space Rider, da ESA, já vão implicar estruturas físicas mais complexas, com plataformas fixas de lançamento, centro de controlo de missões, hangares e escritórios.
A coordenar esta empreitada está a Atlantic Spaceport Consortium (ASC), uma parceria que junta duas empresas portuguesas com sede em Cascais e Oeiras – a Optimal Structural Solutions e Ilex Space, que já assinaram contratos para os primeiros voos espaciais.
A prova decisiva da ESA em 2027
O lançamento do foguetão Perun está previsto para maio do próximo ano, mas a grande prova de fogo será em 2027, com a aterragem do voo inaugural do Space Rider. Ainda em fase de testes, o projeto da ESA será o primeiro sistema de transporte espacial reutilizável e não tripulado da Europa.
No voo inaugural irá embarcar uma experiência do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP) da Universidade de Coimbra. A missão é apoiada pela Agência Espacial Portuguesa e irá testar equipamentos para observar raios gama, ambientes de radiação e flashes de raios gama atmosféricos.
A escolha dos Açores como local de aterragem é para a Agência Espacial Europeia uma etapa decisiva que irá converter a ilha de Santa Maria num hub estratégico para se afirmar na vanguarda da exploração do espaço.

Este é, portanto, o futuro que está rapidamente a avançar na Malbusca, um lugar tranquilo, por enquanto, mas que em breve irá entrar na órbita das grandes missões espaciais da Europa.
Referência da notícia
A Vision for Space Exploration - Atlantic Spaceport Consortium (ASC)