Amanhã a chuva chegará ao Minho e Douro Litoral pelas 22 horas, Alfredo Graça conta-lhe quando irá parar

Uma depressão vai impulsionar uma frente fria em direção ao Noroeste de Portugal continental, com uma mudança no tempo a partir das últimas horas de sábado, 6 de setembro. O tipo de chuva previsto será benigno para as zonas queimadas pelos incêndios.

À medida que o outono climatológico vai avançando, a temporada de tempestades (ou depressões) atlânticas torna-se mais ativa, assim como as suas frentes associadas. Duas das regiões que mais beneficiam desta dinâmica atlântica são o Litoral Norte e o Litoral Centro (distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra e outras zonas do Norte e Centro), que recebem uma parte muito significativa da sua precipitação anual devido a este tipo de situações.

Outro aspeto clássico da atmosfera outonal no Atlântico Norte é a interação das baixas tropicais (ex-furacões) com a dinâmica da frente polar. Estas interações costumam provocar o caos nas previsões e, nalguns casos, podem acabar por intensificar as tempestades nas nossas latitudes.

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Voltando ao Litoral Norte e Centro, uma frente fria, 'munida' por um rio atmosférico e associada a uma depressão atlântica muito cavada, chegará à faixa costeira ocidental de Portugal continental por volta das 21/22:00 deste sábado, 6 de setembro, prevendo-se que continue a regar de forma fraca a moderada, pontualmente forte, estas regiões durante boa parte de domingo (7).

A frente estará ativa no litoral Norte e no litoral Centro (distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra e Leiria), mas enfraquecerá rapidamente quando embater nos dois principais sistemas montanhosos portugueses: a Barreira de Condensação e Montejunto-Estrela, que separam as regiões mais próximas ao mar das regiões do interior.

Deste modo, maior parte da chuva irá cair no Minho, Douro Litoral e nas Regiões de Aveiro, Coimbra e Leiria (todas pertencentes ao Litoral Norte e Centro). A depressão a que a frente está associada passará a grande distância do nosso país, posicionando-se a oeste da Irlanda no domingo, dia 7.

Cerca de 20 mm de chuva benéfica prevista para as seguintes regiões

A aproximação da frente far-se-á sentir a partir da tarde de sábado (6), com a chegada de nebulosidade abundante que deixará o céu encoberto e uma mudança do vento, que passará a soprar de Sul/Sudoeste.

Os distritos de Porto, Aveiro, Coimbra e Leiria são aqueles em que se prevê mais chuva acumulada. Para tal será decisiva a trajetória do rio atmosférico, que poderá aportar uma maior quantidade de água precipitável.

Espera-se que as primeiras chuvas geradas pelo sistema frontal comecem a cair no litoral dos distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto após a hora do jantar, ou seja por volta das 21:00 ou 22:00. De acordo com a previsão, as zonas mais expostas à precipitação, assinaladas a roxo no mapa de referência da Meteored (acima), serão as faixas territoriais entre as cidades do Porto e Aveiro e entre as cidades de Coimbra e Leiria, com acumulações entre 18 e 22 mm.

A partir das 23:00 de sábado (6) e durante toda a madrugada de domingo, 7 de setembro, prevê-se chuva fraca a moderada em grande parte das Regiões Norte e Centro, pontualmente forte nalguns locais, favorecida pela interação dos ventos marítimos com a orografia. A partir do meio da manhã e até meio/fim da tarde de domingo (7), a precipitação irá diminuindo gradualmente de intensidade até dissipar-se.

Para os valores acumulados nas referidas faixas territoriais (Porto-Aveiro; e Coimbra-Leiria) contribuirão, por um lado, os ventos marítimos de Sudoeste e o rio atmosférico, carregados de humidade e que reforçarão o potencial de água precipitável nas faixas territoriais supracitadas, mas também a orografia, uma vez que algumas das zonas situadas a norte do sistema Montejunto-Estrela serão favorecidas pela sua orientação, tendo tendência a acumular mais nebulosidade e chuva do que as restantes.

A noite de sábado (6) e a madrugada e parte da manhã de domingo (7) serão os períodos mais ativos da chuva gerada pela passagem de uma frente fria, alimentada por um rio atmosférico.

À medida que a frente fria for atravessando o país de noroeste para sudeste, perderá imensa força, com a precipitação acumulada a diminuir consideravelmente e a assumir um carácter esporádico e residual nas regiões do Interior. Deste modo, no resto do país, as acumulações pluviométricas deverão variar entre 1 (no mínimo) e 15 mm (no máximo).

Mas, tal como o mapa de previsão de precipitação acumulada revela, há zonas em que poderá nem sequer chover, tais como: uma pequena porção do Sotavento Algarvio e grande parte do Nordeste Transmontano.

Precipitação bem-vinda após meses de devastadores incêndios florestais

A chuva que está prestes a regar Portugal continental será do tipo frontal e de carácter estratiforme, ou seja, mais contínua e persistente, sem a típica "torrencialidade" muitas vezes derivada dos aguaceiros fortes gerados por depressões isoladas em altitude ou gotas frias. Este tipo de precipitação é o mais benéfico para os campos e suas culturas agrícolas, uma vez que é melhor absorvida pelo solo (menos escoamento).

Após meses estivais extremamente secos e quentes devido ao domínio da crista subtropical, elemento climático tipicamente veranil, a chuva será muito bem-vinda para os campos, rios e ribeiros, sobretudo após um verão assolado por uma onda catastrófica de incêndios florestais nas Regiões Norte e Centro.