Sabia que Portugal tem uma das bibliotecas mais bonitas do mundo?
Não é palácio nem igreja, mas muitos a confundem com ambos: conheça a biblioteca que deslumbra pela beleza e pelo legado que guarda há séculos.

“Uma das bibliotecas mais espetaculares do mundo”, “uma das mais bonitas”, ou ainda “obra-prima do Barroco europeu”. Estas são algumas das expressões que a imprensa internacional tem usado para tentar traduzir o impacto da Biblioteca Joanina. Também há quem a chame de “espaço suntuoso”, sublinhando a pompa e a riqueza do seu interior.
No coração da Universidade de Coimbra ergue-se este lugar que não deixa ninguém indiferente. Mandada construir entre 1717 e 1728 por ordem de D. João V, a Biblioteca Joanina tornou-se não apenas um ícone da cidade, mas também uma das mais admiradas bibliotecas a nível mundial.
Mas, o que é que a torna tão especial? À primeira vista, não parece uma biblioteca no sentido tradicional. O piso nobre é composto por três salas contínuas, todas ricamente decoradas, com estantes de madeira exótica, entalhadas e revestidas a folha de ouro. O teto, pintado com ilusão de profundidade, acrescenta ainda mais imponência.
Livros e mensagens escondidas
O acervo ultrapassa os 60 mil volumes, sobretudo impressos entre os séculos XVI e XVIII. Há obras raríssimas, incluindo bíblias antigas e edições pioneiras da literatura portuguesa. As três salas têm também um forte simbolismo: representam valores como a virtude e a honra, e recordam que o conhecimento deve vir de todas as partes do mundo.
Outro detalhe curioso é que o edifício foi concebido para proteger os livros. As paredes espessas, a madeira de carvalho e a disposição das salas ajudam a controlar temperatura e humidade. À noite, entram em cena os vigilantes mais inesperados: pequenos morcegos que se encarregam de eliminar os insetos que poderiam danificar o papel.
Uma visita breve mas intensa
Atualmente, a Joanina é uma das atrações mais procuradas de Coimbra. Para garantir a preservação, as visitas têm duração limitada e são feitas em grupos reduzidos, em horários marcados. Fotografias não são permitidas, o que obriga a concentrar a atenção no que realmente importa: a riqueza visual do espaço.

O bilhete de entrada inclui, geralmente, outros locais do Paço das Escolas, como a Capela de São Miguel e o Palácio Real. O percurso começa nos antigos calabouços e termina no piso nobre da biblioteca, onde estão os livros mais valiosos.
Do passado para o futuro
Apesar de ser um monumento do século XVIII, a Joanina está também de olhos postos no futuro.
Está em curso um projeto de digitalização de cerca de 30 mil obras centenárias, para que possam ser consultadas por investigadores de todo o mundo sem risco para os exemplares originais.
Porque vale a pena
A Biblioteca Joanina não é apenas uma coleção de livros raros. É um símbolo de uma época em que Portugal investia em conhecimento e arte com o mesmo entusiasmo com que erguia palácios e igrejas.
“A biblioteca é um dos lugares mais visitados em Coimbra. É procurada por muitos estrangeiros que podem ver ainda os dois pisos subterrâneos que funcionaram como prisão”, acrescenta o ‘Sapo’.