Sabe quantos habitantes tem a aldeia mais remota do distrito do Porto?
Localizada no concelho de Baião, junto à fronteira com o município de Peso da Régua, Mafómedes soma menos de duas dezenas de habitantes. Já conhece esta que é uma das aldeias mais isoladas da região?

No coração da serra do Marão, entre encostas tão íngremes que parecem querer esconder segredos, ergue-se Mafómedes, uma das aldeias mais isoladas do distrito do Porto. Aliás, diz-se até que é a ‘aldeia mais remota' deste distrito— e, acredite, não é exagero.
No verão, contudo, a história é outra, já que a população quase duplica, com o regresso de filhos da terra e curiosos à procura de natureza no estado puro.
Trilhos, romarias e vistas de cortar a respiração
Chegar a Mafómedes não é propriamente coisa de um passeio de domingo sem GPS. São cerca de 80 quilómetros desde a cidade do Porto, e a estrada obriga-o a serpentear montanha acima, numa viagem que já vale por si só pela vista panorâmica. No final, o prémio é garantido: um cenário que parece saído de um postal. A aldeia surge encaixada entre encostas íngremes, com casas de pedra, o verde intenso da serra e o rio Teixeira, considerado um dos mais limpos da região.
É precisamente o rio que faz com que Mafómedes ganhe fama no verão. A sua Zona Fluvial é irresistível. “É um dos principais motivos de 'peregrinação' de forasteiros a esta aldeia, especialmente no verão, quando convidam a banhos, mas não é o único”, lê-se num artigo da ‘SIC Notícias’.
Aqui encontrará águas frescas, uma piscina natural, um espaço de lazer com barbecue e até uma fonte de água potável.
Só precisa mesmo de coragem para enfrentar a temperatura da água — vamos só dizer que é “revigorante”.

Mas Mafómedes não vive apenas de mergulhos. É também ponto de partida para trilhos desafiantes pela serra do Marão. O mais conhecido leva-o até à Ermida da Senhora da Serra do Marão, a 1416 metros de altitude.
Todos os anos, em julho, realiza-se ali a chamada “romaria mais alta de Portugal”, uma celebração noturna que junta pessoas de várias terras vizinhas, todas com o mesmo objetivo: ver o nascer do sol no topo da serra. E podemos garantir-lhe que essa alvorada compensa o esforço.
Pastores, cabras e sabores da terra
Quanto à aldeia em si, continua a ser fiel às suas raízes. Apesar de minúscula, a aldeia preserva tradições ancestrais. Muitos dos habitantes dedicam-se à pastorícia e à agricultura, como já faziam os seus avós.
Se decidir prolongar a estadia, saiba que a antiga escola primária foi transformada numa Casa da Comunidade, equipada com quartos, lareira e até um terraço com churrasqueira. É um bom ponto de partida para quem quer acordar com o chilrear dos pássaros em vez de ouvir buzinas de trânsito.

E porque ninguém sai de Baião sem provar a doçaria local, deixamos-lhe uma dica: não se esqueça de experimentar o biscoito da Teixeira. Depois de uma caminhada ou de um mergulho gelado, sabe ainda melhor.