Estes castelos estão assombrados: conheça os fantasmas e as lendas de Portugal
Das margens do Tejo ao coração do Mondego, há relatos de amores proibidos, bruxarias e presságios sombrios. Descubra as histórias que transformam castelos portugueses em cenários de mistério e tradição popular.

Portugal está cheio de castelos que parecem saídos de um conto. Uns dominam rios, outros vigiam serras e planícies, mas muitos guardam mais do que pedra e cal.
Entre muralhas antigas e pedras gastas pelo tempo, algumas fortalezas guardam não apenas história, mas também lendas de fantasmas, amores impossíveis e mistérios que atravessam gerações.
Eis alguns exemplos onde a imaginação e a tradição popular se encontram.
Castelo de Almourol — Templários e um amor perdido
No meio do rio Tejo, o Castelo de Almourol ergue-se sobre uma pequena ilha rochosa. Além da sua ligação à Ordem dos Templários, é palco de uma das lendas mais conhecidas: a história de um comandante mouro e da sua filha, envolvida num amor impossível com um cavaleiro cristão.
Entre batalhas e traições, diz-se que os ecos dessa paixão ainda vagueiam pelas muralhas.
"O castelo de Almourol tem mais de uma lenda, aliás muitas, o que não parece excessiva fantasia graças à formosura única do lugar, do espírito do mesmo e ao desenho gentil dos contornos deste monumento com a paisagem envolvente", acrescenta o jornal 'Médio Tejo'.
Castelo de Santa Maria da Feira — o mouro e a donzela
Com as suas torres imponentes, o Castelo da Feira, no concelho de Santa Maria da Feira, é um dos mais bem preservados do país. A tradição local conta que um alcaide mouro se apaixonou por uma jovem donzela, dando origem a uma narrativa onde a sedução e o rapto se misturam.

"Conta-se que um alcaide mouro de Sta. Maria da Feira se disfarçou de mendigo e planeou o sequestro de uma donzela cristã, para depois fingir tê-la salvo dos raptores, lavando a rapariga a apaixonar-se e a aceitar viver com ele no castelo", lê-se no site 'RTP Ensina'.
É uma das muitas histórias transmitidas ao longo dos séculos e que ainda hoje fazem parte da memória coletiva.
Castelo de Montemor-o-Velho — bruxas e encantamentos
No coração do Baixo Mondego, o Castelo de Montemor-o-Velho tem séculos de história militar, mas também fama de ser palco de bruxarias e mistérios.
O município promove até eventos inspirados nessas narrativas, perpetuando o lado mais enigmático da fortaleza.
Castelo de Leiria — corvos e presságios
O Castelo de Leiria é conhecido não só pela sua importância histórica, mas também pelas lendas que o rodeiam. Uma das mais conhecidas é a “Lenda dos Corvos”, que associa estas aves a presságios e mistérios.
"Esta é uma lenda que se passa no reinado de Dom Afonso Henriques, que tinha por hábito participar em inúmeras batalhas, sendo o ponto nevrálgico o Castelo de Leiria, que era bastante cobiçado por todos os invasores, dado a sua localização ser excelente", começam por explicar os responsáveis pelo site 'Portal de Portugal'.

"Numa altura andava o soberano a treinar as suas tropas, quando se cruzou com um grupo de Castelhanos. O monarca tinha poucos homens, (...) que, quando os viram, ficaram demasiadamente desanimados, atendendo à desproporcionalidade. Os outros eram em número bastante elevado, e eles muito poucos e já sem coragem para lutar. Nesta altura surge um corvo a sobrevoar toda aquela zona, acabando por pousar no sítio onde se encontravam os soldados portugueses. Aqui, começa a bater as asas e a fazer aqueles ruídos característicos, como se estivesse a cantar. Os soldados pensaram que aquilo seria um agoiro para lhes trazer coragem e vencerem a batalha. E conseguiram."
Estas histórias, passadas de geração em geração, fazem parte do património imaterial da cidade e ajudam a dar ao castelo uma aura única.
Uma rota para os mais curiosos
Entre factos e lendas, estes castelos mostram como em Portugal a história anda de mãos dadas com a imaginação popular. Visitar estas fortalezas é descobrir não só arquitetura e paisagens deslumbrantes, mas também mergulhar em narrativas que tornam cada pedra um pouco mais viva — e, quem sabe, sentir um arrepio inesperado ao anoitecer.
Se quiser experimentar estas histórias ao vivo, é possível organizar uma pequena rota que combina história, paisagem e lendas. Curioso?
Partindo de Lisboa, a viagem pode começar no Castelo de Almourol, em Vila Nova da Barquinha. Depois de uma curta travessia de barco, chega-se à ilha e mergulha-se no ambiente templário. Seguindo para norte, o Castelo de Leiria surge como a paragem seguinte, onde a lenda dos corvos dá mais vida ao cenário medieval. O dia pode terminar em Coimbra, com tempo para passear pela cidade.
No segundo dia, a manhã pode ser dedicada ao Castelo de Montemor-o-Velho, que oferece uma vista ampla sobre o Mondego e guarda as histórias de feitiçaria que lhe estão associadas. À tarde, a rota prossegue até ao Castelo de Santa Maria da Feira, cuja imponência das muralhas é acompanhada por narrativas de amores e rivalidades.