Alterações climáticas e estratégias de mitigação e adaptação

O Quinto Relatório de Avaliação veio confirmar a continuação do aquecimento global e salientar a pouca resiliência das sociedades e dos ecossistemas à variabilidade climática atual. Recomendava ainda a tomada urgente de medidas de adaptação e mitigação.

emissões
As emissões de gases com efeito de estufa têm vindo a aumentar desde os anos 50 do século passado

As emissões de gases com efeito de estufa, resultantes da atividade humana, aumentaram a partir da era pré-industrial, impulsionadas pelo crescimento da economia e da população.

O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), enquanto órgão das Nações Unidas para avaliar de um ponto de vista cientifico as alterações climáticas, já publicou 5 relatórios de avaliação, o último dos quais em 2014.As emissões de gases com efeito de estufa, resultantes da atividade humana, aumentaram a partir da era pré industrial, impulsionadas pelo crescimento da economia e da população.

Situação descrita no Quinto Relatório de Avaliação do IPCC

O Quinto Relatório de Avaliação do IPCC veio confirmar, que a influência do homem no sistema climático é clara e que o aquecimento global associado às alterações climáticas, desde os anos 50 do século passado, é inequívoco. A atmosfera e os oceanos aqueceram, as quantidades de neve e gelo no planeta diminuíram e o nível médio do mar aumentou.

Em cada uma das últimas três décadas, a temperatura na superfície da terra foi mais quente, que a observada ou estimada em qualquer outra década desde 1850. As emissões de gases com efeito de estufa, resultantes da atividade humana, são agora maiores do que nunca e é extremamente provável terem sido a causa principal para o aquecimento observado.

Nas últimas décadas,as alterações no clima foram a causa de impactos na natureza e no homem em todos os continentes e oceanos. Em muitas regiões as alterações da precipitação, ou da fusão da neve e do gelo, alteraram o comportamento dos sistemas hídricos, afetando os recursos de água em termos de qualidade e quantidade.

Era já muito provável à data do relatório, que o número de dias e noites frias estivesse a diminuir e que o número de dias e noites quentes estivesse a aumentar à escala global. Os impactos verificados, para extremos climáticos observados, revelam a vulnerabilidade e a exposição de alguns ecossistemas e muitas sociedades à variabilidade climática atual.

Previsão de evolução futura

Em termos futuros, prevê-se que a temperatura à superfície aumente durante o século XXI , para todos os cenários de emissões avaliados. Com o aumento do número e da duração das ondas de calor e o aumento da frequência da ocorrência de fenómenos que originam precipitações mais intensas. Os oceanos continuarão a aquecer e a acidificar e o nível médio do mar a subir.

Medidas a tomar

Para reduzir os riscos associados às alterações climáticas, o relatório conclui da necessidade da sociedade tomar medidas de adaptação e mitigação. Ou seja tomar medidas em paralelo, por um lado reforçando a resiliência às novas condições climáticas já observadas e esperadas, bem como limitando a emissão de gases com efeito de estufa para reduzir os impactos no clima futuro.

Situação atual

Espera-se que o Sexto Relatório de Avaliação do IPCC venha a ser finalizado em 2022 e possivelmente divulgado em 2023. No entanto a observação e acompanhamento do clima a nível nacional, regional e mundial tem vindo a reforçar a confiança nas previsões elaboradas anteriormente. No seu relatório de acompanhamento do clima de Janeiro de 2018, a Organização Meteorológica Mundial confirma que 2015,2016 e 2017 foram os três anos mais quentes, desde que há registo.

É assim cada vez mais necessário, que países a nível individual ou em associação, para além de contribuírem para o esforço comum de diminuírem a emissão de gases com efeito de estufa, desenvolvam e apliquem estratégias de adaptação às alterações climáticas.

O Centro Internacional de Investigação Climática e Aplicações para a CPLP e África

Foi nesse contexto, que sendo África um dos continentes com elevado risco associado às alterações climáticas, os países de língua oficial portuguesa decidiram criar o Centro Internacional de Investigação Climática e Aplicações para a CPLP e África (CIICLAA).

Este Centro com Sede em Cabo Verde foi consagrado em Julho de 2012, pela IX Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O CIICLAA foi assim constituído em Cabo Verde em 2015, com o objetivo de fomentar a investigação aplicada nos países da CPLP e de África, em particular as que relacionem o clima/variabilidade climática/ alterações climáticas e medidas de mitigação e adaptação com os recursos hídricos e marinhos, ambiente, transportes, industria, energia, agricultura e desastres naturais.