Pão de investigadores portugueses liberta compostos bioativos no momento certo para facilitar a sua digestão
Plantas medicinais do Alentejo, probióticos e farinha de bolota são os ingredientes centrais deste alimento que tem como trunfo técnicas inovadoras desenvolvidas pelas universidades de Coimbra, Évora e Algarve para promover a saúde digestiva.

O pão é um alimento central na dieta mediterrânica, mas cada vez mais evitado por estar associado a problemas digestivos e ao aumento do peso. O seu consumo em excesso, especialmente dos que são feitos com farinhas refinadas e fermentos químicos, pode provocar inchaço, flatulência, asia entre outros distúrbios gastrointestinais.
O trigo agora é cultivado para ter alta produtividade, resistente às doenças e processado industrialmente. A pressa de produzir em quantidade e a economia de escala acabaram por comprometer o seu valor nutricional, tornando inclusive indigesto para os intolerantes ao glúten.
Três universidade e um projeto inovador
Resgatar as melhores qualidades do pão é, por todas essas razões, o objetivo que levou os investigadores de três universidades portuguesas a se unirem em torno do projeto AlBread: Uso de plantas aromáticas do Alentejo e farinha de bolota no desenvolvimento de pão funcional.
Apoiado por empresas dos setores da extração de óleos essenciais, produção de farinhas e panificação, o programa visa criar um alimento com propriedades funcionais, utilizando ingredientes naturais com benefícios já demonstrados na saúde gastrointestinal.

A integração de óleos essenciais extraídos de plantas aromáticas e medicinais do Alentejo, como a erva-príncipe e o rosmaninho, estão na base da fórmula que desenvolveram. A utilização de farinha de bolota proveniente da região do montado alentejano é outro dos elementos diferenciadores deste pão.
A aposta, no entanto, não está apenas centrada nos ingredientes, mas também em metodologias inovadoras que potencializam as qualidades do pão. Recorrendo a técnicas de manipulação laboratorial, os investigadores estão a encapsular compostos bioativos, como probióticos e óleos essenciais, para serem libertados no momento certo do processo digestivo, preservando o sabor e o aroma tradicional do pão.
Um salto evolutivo para a panificação
O protótipo de pão funcional está ainda em desenvolvimento, mas os investigadores asseguram ter já obtido “resultados promissores” nas fases de extração e encapsulamento dos compostos ativos.

"Contamos, em breve, apresentar um primeiro protótipo de pão funcional, com propriedades antioxidantes e digestivas, que respeite o sabor e a textura do pão tradicional, mas com benefícios acrescidos para a saúde", revelou o investigador Luís Alves, citado no comunicado da Universidade de Coimbra.
Os investigadores estão, aliás, convictos de que o desenvolvimento deste novo produto alimentar pode vir a ter um peso relevante no setor da panificação funcional em Portugal, aliando inovação científica, valorização de produtos locais e promoção de hábitos alimentares saudáveis.