Verme congelado há 46 mil anos é reavivado: descoberta surpreende a ciência
Após a análise do genoma de vermes retirados do gelo da Sibéria, um grupo de cientistas fez uma descoberta surpreendente. Saiba mais aqui!

Num estudo que foi realizado no gelo siberiano, cientistas especializados no estudo do genoma humano observaram a presença de um verme microscópico que estava adormecido há cerca de 46.000 anos, preso no permafrost daquela região.
Este nematoide foi identificado sob o nome técnico Panagrolaimus kolymaensis. Essa espécie, desconhecida até a realização do estudo, surpreendeu bastante a comunidade científica por ter sido considerada protegida na descoberta.

Ele estava protegido numa toca fossilizada de esquilo a uma profundidade de 40 metros. Para verificar a sua condição e ambiente, foi realizada uma técnica para verificar a sua idade. Os investigadores aplicaram a datação por radiocarbono.
Conseguiram confirmar que o solo onde foi encontrado tinha aproximadamente entre 45.000 a 47.000 anos. Explicaram que o nematoide conseguiu sobreviver devido a um processo conhecido como criptobiose, que é um estado biológico em que o metabolismo para completamente.
Estrutura celular intacta: criptobiose, a chave
Nestas condições, o corpo pode suportar desidratação, falta de oxigénio ou temperaturas extremas sem sofrer danos. Após o descongelamento num ambiente controlado de laboratório, o espécime mostrou sinais de atividade quase imediatamente e começou a reproduzir-se assexuadamente.
Esta forma de propagação é uma evidência de que a estrutura celular permaneceu intacta por milhares de anos, apontam os investigadores. O estudo também mostrou que esta nova espécie compartilha alguns genes com o nematoide Caenorhabditis elegans, que é capaz de entrar em criptobiose.
Ambas as espécies têm a capacidade de produzir um açúcar conhecido como trealose, que, entre outras funções, tem a capacidade de proteger as células do congelamento extremo e da desidratação. Como resultado, os seres conseguiram sobreviver por períodos muito longos.
Novas oportunidades no setor da saúde
Ao reativá-lo com sucesso como se tivesse sido simplesmente congelado, abre-se uma nova janela de oportunidade na investigação médica, com o objetivo de preservar órgãos humanos para fins médicos, mas sem sequer considerar o possível prolongamento da vida humana.
A descoberta foi feita por especialistas do Instituto de Problemas Físico-Químicos e Biológicos em Ciências do Solo da Rússia. Esta é uma notícia importante para a comunidade científica internacional. E embora o organismo originalmente encontrado tenha morrido após completar o seu ciclo de vida, vários estudos continuaram a ser realizados com os seus descendentes.
Especulações sobre o prolongamento da vida humana
Diante de uma descoberta tão significativa, investigadores da UNAM ressaltam que os resultados desta descoberta estão aos poucos a tornar-se públicos. Este facto relevante coloca em perspetiva temporal o quão poderosa a vida é. Os seres humanos podem extinguir-se, mas a vida é como um "fenómeno" contínuo.

Podemos deduzir, dizem os estudiosos da UNAM, que os humanos são seres insignificantes; Temos a tendência de colocar a vida em geral no mesmo nível na Terra e fazer da vida humana o centro de tudo. A vida em geral é muito persistente e forte e talvez nós, humanos, sejamos muito frágeis.
Potenciais benefícios médicos diante da fragilidade humana
Como resultado desta descoberta, um debate sobre a extensão da vida humana foi aberto na opinião pública. Há algumas pessoas que consideram a possibilidade de que, com base nessa investigação, seria possível congelar seres humanos doentes e depois acordá-los saudáveis.
Especialistas em genoma da UNAM são claros ao ressaltar que tornar estas ideias realidade seria muito complicado. No entanto, pode ser usado para diversas coisas, como criar bancos de órgãos e tecidos humanos que podem ser congelados por um longo tempo e depois usados noutra pessoa.
Aplicações em várias áreas
As aplicações desta nova descoberta são muito amplas. Os cientistas concluem que muitos destes vermes são importantes, por exemplo, para a saúde do solo. Esses tipos de organismos não representam riscos aos humanos, e não há necessidade de temer esse tipo de avanço científico.
Mostra-se que a vida é muito mais ampla do que aquilo que pode ser relacionado ao ser humano. Se os investigadores conseguirem aplicá-lo nos diversos campos da vida quotidiana, isso levará a avanços de todos os tipos. Uma das mais importantes é aquela que corresponde à saúde das pessoas.
Referências da notícia
Robles D., Oceguera Figueroa A., Sobrevive gusano 46 mil años en el permafrost de Siberia. Gaceta UNAM
Shatilovich A., Gade V.R., Pippel M., Hoffmeyer T. T., V. Tchesunov A. V., Stevens L., Winker S., Hughes G.M., Traikov S., Hiller M., Rivkina E., Schiffer P.H., Myers E.W., Kurzchalia T.V. A novel nematode species from the Siberian permafrost share adaptive mechanisms for cryptobiotic survival with C. elegans dauer larva. PLOS Genetics Journals