Um vislumbre de esperança para as tartarugas marinhas com a recuperação das populações
Os esforços de conservação das tartarugas deram os seus frutos: muitas populações estão menos ameaçadas do que antes. No entanto, os peritos alertam para a necessidade de continuar a trabalhar.

Décadas de esforços de conservação melhoraram o estado da maioria das populações de tartarugas marinhas em todo o mundo, segundo uma nova avaliação.
Descobriu-se que as ameaças diminuíram para a maioria das populações de tartarugas marinhas e os especialistas em tartarugas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) consideram que mais de 40% estão em baixo risco, contra apenas 23% em 2011.
Este é um sinal promissor de que os esforços de conservação das tartarugas marinhas estão a produzir impactos positivos em muitos locais, afirmaram.
“Este trabalho demonstra o profundo impacto dos esforços locais de conservação em todo o mundo, refletindo a dedicação de inúmeros indivíduos e organizações que trabalharam no terreno e na água para proteger estes antigos e icónicos marinheiros”, afirmou Bryan Wallace, principal autor do estudo.
Ação sustentada
No entanto, os peritos sublinham que é necessária uma ação sustentada. As tartarugas são frequentemente apanhadas acidentalmente em redes de pesca e esta continua a ser a principal ameaça para as tartarugas marinhas em todo o mundo.
O desenvolvimento ao longo da costa, a poluição dos oceanos (especialmente os plásticos) e as alterações climáticas também ameaçam as populações de tartarugas, tal como a caça furtiva de tartarugas e dos seus ovos.
Os resultados registaram diferenças geográficas. Nove populações de tartarugas marinhas, principalmente no Oceano Pacífico, foram classificadas como estando altamente ameaçadas. Em contrapartida, muitas populações do Oceano Atlântico foram classificadas como de baixo risco.
A investigação também revelou que as tartarugas-de-couro (a maior e mais amplamente distribuída das sete espécies de tartarugas marinhas do mundo) se destacam como estando particularmente em apuros, com as pontuações mais elevadas de risco e ameaça combinadas de todas as populações de tartarugas marinhas no estudo.
As tartarugas-de-couro têm o seu nome devido à sua pele dura e emborrachada e existem na sua forma atual desde a era dos dinossauros.

Esta espécie é altamente migratória e alguns indivíduos nadam mais de 16.000 quilómetros por ano entre os locais de nidificação e de alimentação. São também mergulhadores experientes: o mergulho mais profundo registado atingiu cerca de 4.000 pés (1,21 km), mais profundo do que a maioria dos mamíferos marinhos, como as baleias, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA.
Esforços adicionais
Os resultados recordam que o trabalho de conservação deve continuar e que devem ser envidados maiores esforços para as populações mais ameaçadas, afirmou Roderic Mast, copresidente do grupo de peritos em tartarugas da UICN e presidente da Oceanic Society.
“Precisamos de mais financiamento, de uma colaboração mais forte e de uma maior capacidade de conservação, especialmente em áreas importantes para as tartarugas marinhas e que também enfrentam desafios socioeconómicos”, afirmou.
Referência da notícia
Wallace et al, Updated global conservation status and priorities for Marine Turtles. Endangered Species Research, 17 April 2025.