Primeiro teleférico para o transporte de maçãs: inovação e sustentabilidade nos Alpes italianos
A inauguração do primeiro teleférico dedicado ao transporte de maçãs em Itália marca um avanço notável na logística agrícola, combinando inovação tecnológica com sustentabilidade ambiental.

A cadeia agroalimentar vive um momento de transformação acelerada, impulsionada por exigências de sustentabilidade, eficiência energética e redução de emissões.
Neste contexto, a região do Trentino, no norte de Itália, tornou-se palco de um marco histórico: a inauguração do primeiro teleférico do mundo dedicado ao transporte de maçãs.
O projeto, conhecido como Funivia delle Mele, foi promovido pelo Consórcio Melinda e representa uma fusão exemplar entre inovação tecnológica e respeito pelo ambiente.
Uma infraestrutura pioneira
O teleférico estabelece a ligação entre o centro de manipulação e classificação de Predaia e as câmaras de armazenamento subterrâneo localizadas nas montanhas das Dolomitas.
Com uma extensão de aproximadamente 1,3 quilómetros, a estrutura foi concebida para transportar até 460 contentores por hora, cada um com cerca de 300 quilos de fruta.
Isto significa uma capacidade logística impressionante de mais de 140 toneladas por hora, permitindo agilizar o fluxo entre colheita, processamento e armazenamento. O desnível de quase 90 metros ao longo do percurso, aliado ao traçado parcialmente subterrâneo, com cerca de 430 metros em túnel, revela a complexidade técnica da obra.
O sistema foi desenvolvido com tecnologia da empresa Leitner, reconhecida internacionalmente pela produção de teleféricos e sistemas de transporte por cabo.
A automação avançada garante a carga e descarga dos contentores sem intervenção manual contínua, exigindo apenas a supervisão de um operador.
Sustentabilidade no centro do projeto
Um dos aspetos mais notáveis deste teleférico é o seu contributo para a sustentabilidade ambiental. Alimentado exclusivamente por energias renováveis, o sistema permite eliminar mais de 5.000 viagens anuais de camião que, até agora, asseguravam o transporte das maçãs entre instalações.
Esta mudança traduz-se numa redução significativa das emissões de CO₂ e no alívio da pressão sobre as estradas de montanha, frequentemente congestionadas durante a época de colheita.
A construção das câmaras de armazenamento em ambiente subterrâneo, inseridas na rocha dos Dolomitas, representa outra solução inovadora.

Estas instalações tiram partido da estabilidade térmica natural, reduzindo em cerca de 30% o consumo energético necessário para conservar as maçãs em condições ideais.
Em vez de depender de sistemas intensivos de refrigeração, o armazenamento subterrâneo garante temperaturas constantes e ótimas, reforçando o compromisso ambiental do consórcio.
Um modelo para o futuro
O Funivia delle Mele não é apenas uma curiosidade tecnológica: é um protótipo funcional de como as regiões agrícolas montanhosas podem repensar a sua logística.
O transporte aéreo por cabo, amplamente utilizado em turismo ou mobilidade urbana, mostra agora o seu potencial para a agricultura do futuro.
A redução de custos operacionais, a diminuição de emissões e a melhoria da eficiência energética são argumentos fortes para que este modelo seja replicado noutros contextos. Além disso, a utilização de sistemas integrados, teleférico, elevador vertical e armazenamento subterrâneo, constitui um caso exemplar de gestão logística avançada. O primeiro teleférico do mundo destinado ao transporte de maçãs representa um passo audacioso rumo à inovação sustentável no setor agrícola.
Ao combinar tecnologia de ponta, eficiência energética e respeito pela natureza, o Consórcio Melinda e os seus parceiros demonstram que é possível modernizar a produção sem sacrificar o ambiente. Este projeto poderá inspirar novas soluções logísticas noutros países e setores, tornando-se um símbolo de como a agricultura do século XXI pode evoluir de forma responsável e inteligente.