6 produtos básicos consumidos na Europa provêm de países sem recursos para se adaptarem às alterações climáticas

Segundo uma investigação mais de metade das importações de 6 produtos básicos consumidos na Europa provêm de países vulneráveis ao clima, com recursos limitados para se adaptarem. Descubra aqui quais são!

Produtos importados
De acordo com um novo estudo, a segurança das principais importações de produtos alimentares da UE está cada vez mais ameaçada por fatores ambientais.

A União Europeia (UE) não é autossuficiente em produtos de base essenciais, como o milho, o arroz e o trigo, nem em produtos de importação essenciais para a produção agroalimentar, como o cacau, o café e a soja.

Este facto tem implicações importantes tanto para a segurança alimentar europeia como para as empresas nacionais segundo um relatório publicado sobre as ameaças climáticas às importações de produtos alimentares, pela Foresight Transitions.

Importações para a UE
Se acordo com o estudo apresentado, a sija, o milho e o trigo são os três produtos importados oriundos de regiões com um nível baixo a médio de preparação para as Alterações Climáticas. Fonte: SustainableViews

Além disso, três destes produtos, o trigo, milho e cacau, correm também um risco significativo de impactos relacionados com a biodiversidade, amplificando a ameaça ao abastecimento já colocada pelo clima e aumentando a quantidade de produção em risco.

Risco de escassez e aumento de preço

Para além do risco de escassez, existe tambem a possibilidade do aumento dos preço destes 6 produtos, devido às alterações climáticas e à perda de biodiversidade.

Segundo Mark Workman, diretor da Foresight Transitions, metade das importações de milho, arroz, trigo, cacau, café e soja da UE em 2023, foram oriundas de regiões com um nível baixo a médio de “preparação para as alterações climáticas”.

Isto significa que os países não dispõem de recursos para responder às mudanças de temperatura e aos fenómenos meteorológicos mais frequentes e extremos.

Por conseguinte, a redução da quantidade de alimentos disponíveis para importação é suscetível de fazer subir os preços dos alimentos na UE, afetando os consumidores, o emprego e a indústria alimentar.

O arroz é particularmente afetado, uma vez que mais de 90% das importações de arroz são provenientes de países com um grau de preparação para as alterações climáticas baixo.

Segundo o relatório, a produção de chocolate é totalmente dependente das importações, principalmente da África Ocidental, onde os produtores enfrentam “impactos climáticos e de biodiversidade sobrepostos”.

“A União Europeia paga um preço cada vez mais elevado pelas importações de cacau em resultado destas pressões ambientais, tendo o valor total das importações aumentado 41% em relação ao ano passado”, afirma Hyslop.

São necessárias soluções a longo prazo

Mark Workman, na apresentação formal do relatório, apelou aos decisores políticos europeus para que abordem a segurança alimentar com “intervenções políticas sólidas em muitos futuros possíveis”, uma vez que a escassez é difícil de prever, instando-os a evitar soluções rápidas para a escassez de alimentos, incluindo a diversificação e a deslocalização.

Diversificar o país de origem das importações de alimentos da UE pode oferecer um alívio a curto prazo, mas não resolve as causas subjacentes, incluindo as pressões climáticas e naturais sobre a agricultura.

Contudo, iniciar uma produção na Europa seria insuficiente para satisfazer a procura, uma vez que também os nossos solos estão igualmente a sofrer os efeitos de um mundo mais quente e da perda de natureza, e alguns produtos de base, como o cacau, não podem ser cultivados num clima europeu.

Referência da notícia

Camilla Hyslop, Mark Workman "Climate and biodiversity risks to EU food imports" Foresight Transitions, maio 2025.