Os segredos dos pirilampos, os incríveis insetos luminosos das noites de verão

Os pirilampos ainda fazem brilhar as noites de junho e julho, no verão. Vamos descobrir alguns factos interessantes sobre estes fantásticos animais luminosos, agora tornados raros pela poluição, tanto nas cidades como nos campos onde se pratica uma agricultura intensiva.

pirilampo
Um exemplar da espécie Lampyris noctiluca. Juntamente com muitas outras espécies da família Lampyridae designada por "pirilampo".

Com a chegada do verão, chega a melhor altura para observar pirilampos, pequenos e fascinantes insetos infelizmente cada vez mais raros devido à poluição e à agricultura intensiva. De facto, a sua presença é fortemente condicionada pela qualidade do ar, e tanto a poluição atmosférica e luminosa como os pesticidas no solo e nas culturas têm vindo a reduzir cada vez mais o seu número.

No entanto, para quem vive em zonas mais isoladas, em áreas rurais onde a utilização de pesticidas não dizimou a população de insetos, ainda é possível assistir ao espetáculo dos pirilampos. Quando o crepúsculo dá lugar à noite, os prados enchem-se de centenas de luzes intermitentes e podemos, então, ter uma certeza razoável de que a zona onde nos encontramos não está poluída.

Em certas regiões de Portugal ainda é possível ver pirilampos a voar nas noites de junho e julho.

Curiosidades sobre os pirilampos, os insetos noturnos luminosos

Os pirilampos são pequenos coleópteros, pertencentes a diferentes géneros. Existem cerca de duas mil espécies no mundo, pertencentes a diferentes géneros. Algumas das mais difundidas em Portugal pertencem ao género Lampyris. Existem 3 espécies pertencentes ao género Lampyris em Portugal (1 delas carece oficialmente de confirmação), sendo que as espécies mais comuns deste género são a Lampyris noctiluca e Lampyris iberica.No entanto, existem também outras, por exemplo pertencentes ao género Nyctophila.

Apenas o macho tem o aspeto clássico dos coleópteros com élitros duros e brilhantes, a fêmea muitas vezes não voa, em algumas espécies é áptera, ou seja, não tem asas, noutras são pequenas e permitem apenas voos curtos.

A luz intermitente destes insetos é emitida em voo, pelo menos no caso dos pirilampos mais comuns em Portugal, pelo macho. O macho que voa emite a sua luz intermitente e a fêmea que se encontra no solo responde emitindo também a sua luz.

As larvas dos pirilampos são predadoras dos caracóis, enquanto os adultos não se alimentam ou são fitófagos. As larvas e mesmo os ovos também emitem bioluminescência.

Luz intermitente graças ao fenómeno da bioluminescência

A caraterística fascinante destes insetos é a sua capacidade de emitir luz intermitente, como chamariz sexual. Este fenómeno, conhecido como "bioluminescência", ocorre graças a uma camada fotogénica e baseia-se na oxidação de uma substância, a luciferina, que se transforma em oxiluciferina através da ação de uma enzima, a luciferase.

A "bioluminescência" ocorre graças a uma camada fotogénica e baseia-se na oxidação de uma substância, a luciferina, que se transforma em oxiluciferina por ação de uma enzima, a luciferase.

Cada espécie tem a sua intermitência particular e o método de geração de luz também varia. Existem também espécies predadoras de outros pirilampos em que a fêmea, a partir do solo, emite a cintilação de outra espécie, devorando depois o macho enganado.

Uma luz potente

Uma curiosidade sobre a luz dos pirilampos: pode ser muito potente e a emissão de luz da fonte (relação entre o fluxo radiante e o fluxo luminoso) é muito superior à de uma lâmpada antiga! Isto deve-se ao facto de a perda de calor ser mínima.

Onde ver pirilampos?

Para ver pirilampos nos meses de verão, é necessário afastar-se das zonas urbanas, das fontes de luz artificial e das fontes de poluição. Estes insetos são indicadores de locais com ar puro e não gostam de zonas iluminadas por luzes artificiais.

A poluição luminosa ameaça estes animais

Um estudo recente publicado no Journal of Experimental Biology revelou que os pirilampos da espécie Lampyris noctiluca estão cada vez mais em risco devido ao aumento da poluição luminosa. De facto, as luzes artificiais teriam um forte impacto no processo reprodutivo desta espécie, segundo o estudo.

As fêmeas dos pirilampos, incapazes de voar e de se deslocar para locais com menos poluição luminosa, tentam atrair os machos com as suas luzes intermitentes, mas num ambiente com luzes artificiais os machos ficam "cegos" e têm muito mais dificuldade em detetar as fêmeas, cuja luz intermitente passa despercebida. Este facto tem enormes consequências para o processo reprodutivo.