Ciclones surpreendentes afetam Júpiter

É sabido que grandes fenómenos atmosféricos, como é o caso das grandes tempestades, têm um impacto enorme na vida de milhões de seres humanos. Contudo, os eventos nos planetas associados ao nosso Sistema Solar também são motivo de interesse. Saiba mais aqui!

Júpiter.
Imagem do planeta Júpiter e de toda a Via Láctea.

Uma equipa de trabalho composta por cientistas espaciais norte-americanos (Estados Unidos da América) e europeus (França e Itália) tem trabalhado incessantemente, de forma a compreender os fatores que fazem com que os ciclones em Júpiter perdurem durante tanto tempo. Através da análise e processamento de imagens captadas nos últimos anos pela sonda espacial Juno, estão a tentar desmistificar os segredos por detrás da resiliência destes eventos.

A sonda espacial Juno, enviada para o espaço pela NASA em 2011, entrou na órbita em torno de Júpiter em 2016 e desde então enviou um conjunto alargado de imagens, captadas de uma trajetória diferente do habitual: em vez de circundar o planeta utilizando a linha do Equador como referência, fê-lo passando pelos polos.

Há uma janela de oportunidade para saber mais sobre os ciclones de Júpiter (...)

A análise das fotos, desta perspetiva, permitiu que os cientistas espaciais encontrassem um ciclone sobre cada polo e uma cintura de ciclones a cercar o primeiro. O que por si só é uma surpresa, tornou-se ainda mais surpreendente quando se percebeu que, para além de hoje em dia os ciclones estarem no mesmo local, ainda mantêm a mesma forma e dimensão.

Esta descoberta é totalmente inédita, tendo em conta o comportamento das depressões no nosso Planeta. Este tipo de eventos tem a particularidade de se iniciar e ter uma duração que raramente supera uma semana. A principal questão para os investigadores era: a que se deve o comportamento destas tempestades em Júpiter?

Possíveis explicações

As fotos que foram chegando ao longo dos últimos anos são esclarecedoras quanto à rareza (e à beleza) deste fenómeno. As fotos do Pólo Norte de Júpiter mostram oito ciclones em torno do ciclone que esta diretamente acima do referido polo. Estes oito ciclones estão próximos uns dos outros e quase equidistantes do ciclone central, formando assim um padrão octogonal.

no Pólo Sul, há igualmente uma figura geométrica, um pentágono, ou seja, cinco ciclones dispostos geometricamente em redor do ciclone central. É, no entanto, impossível compreender se os ciclones que circundam os polos estão efetivamente a mover-se em torno deles.

A informação recolhida pela sonda Juno, que se espera que continue a enviar informações importantíssimas até 2025, e a posterior análise de parâmetros como a velocidade e a direção do vento, permitiu à equipa de cientistas criar um cenário do que aconteceria em águas rasas. Este modelo sugere que existe uma espécie de “anel anticiclónico” de ventos que mantém os ciclones no seu lugar durante um longo período de tempo (que por enquanto é impossível de estimar com certeza).

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Apesar dos avanços feitos, é impossível perceber de que forma é que o calor afeta o movimento e a duração destes ciclones. Assim, os próximos três anos serão fundamentais para compreender o comportamento destes fenómenos através da análise contínua e exaustiva dos dados. Há uma janela de oportunidade para saber mais sobre os ciclones de Júpiter, sendo que a comunidade científica está a fim de a aproveitar.