WWF vai arrancar com operações de restauro no Gerês, Serra do Caldeirão e Estuário do Tejo
O programa nacional Re-Store inclui reabilitação de solos degradados, recuperação flora e fauna nativa ou redução de riscos de incêndio.

Biólogos, ecólogos, engenheiros florestais, agrónomos paisagistas, entre outros técnicos, caminham por estes dias pela serra do Gerês. São os primeiros passos exploratórios no parque nacional que antecedem um plano de restauro mais abrangente a arrancar ainda durante o mês de dezembro.
Em paralelo, seguir-se-á uma operação para remover espécies exóticas invasoras que comprometem a regeneração da flora nativa.

A intervenção no Parque Nacional do Gerês, no Norte do País, é o pontapé inicial do projeto Re-Store Portugal, iniciativa da WWF Portugal, que irá também desenvolver programas de restauro na Serra do Caldeirão e no Estuário do Tejo.
Três ecossistemas distintos
A recuperação ecológica destes três destinos irá envolver um investimento inicial de 1 milhão e 800 mil euros para cinco anos, até 2030. As áreas de intervenção foram escolhidas através de estudos que cruzaram fatores ambientais, socioeconómicos, técnicos, legais e estratégicos.
A equipa da WWF recorreu a tecnologias de mapeamento e análises multicritério para identificar os locais com maior necessidade e potencial de recuperação da biodiversidade e reforço dos serviços dos ecossistemas.
Os três locais foram escolhidos pela diversidade de ecossistemas que representam para o território nacional – desde montanhas, a terrenos áridos, passando por paisagens estuarinas. O restauro ecológico terá por isso características e prioridades distintas em cada um dos ambientes selecionados.
A desertificação da paisagem mediterrânica
Na paisagem mediterrânica da Serra do Caldeirão, entre o Algarve e o Baixo Alentejo, a WWF pretende dar continuidade às intervenções de restauro anteriores. Recuperar o solo e as espécies autóctones, mas também restaurar os habitats de aves e mamíferos são algumas das iniciativas previstas.

Espera-se ainda que através da gestão florestal, restauro da conectividade ecológica e a resiliência do território, se possa beneficiar a flora e a fauna autóctones e reduzir o risco de incêndio florestal.
A proteção da fauna marinha
Os ecossistemas marinhos vão ser, por outro lado, o foco do programa no Estuário do Tejo, na região metropolitana de Lisboa.
Na frente ribeirinha de Almada, junto ao movimento dos barcos, resiste uma comunidade de duas espécies raras de cavalos-marinhos – o cavalo-marinho-de-focinho-comprido (Hippocampus guttulatus) e o cavalo-marinho-comum (Hippocampus hippocampus) – ambas ameaçadas pela poluição, ruído subaquático, entre outras atividades humanas.

A proteção da espécie irá envolver a instalação de estruturas subaquáticas que venham a servir de abrigos e zonas de reprodução seguras para os cavalos-marinhos. O programa envolve igualmente ações de educação ambiental e projetos de ciência-cidadã que vão procurar a envolver a comunidade na preservação destes habitats.
Angariação de fundos
Desenvolvido em articulação com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, autarquias e comunidades locais, o programa Re-Store Portugal conta também com o apoio de vários parceiros empresariais, mas irá precisar da ajuda de todos. É por este motivo que a organização lançou uma campanha de angariação de fundos. Quem quiser contribuir para esta causa pode fazer o seu donativo no website restoreportugal.pt.

Depois da intervenção nestes três locais, o projeto irá prosseguir em outras áreas degradadas do país já identificadas: Ria de Aveiro, Serra da Estrela, Serras de Aire e Candeeiros, Ria Formosa, Vale do Guadiana e a zona mais a montante do Tejo.
Referência da notícia
Projeto Re-Store Portugal – WWF Portugal