Portugal tem cinco salinas desde a Ria de Aveiro à Foz do Guadiana. Alcochete acolhe este sábado mais um FestiSal

O FestiSal decorre nas Salinas do Samouco, das 9h00 às 19h00, e é considerado uma referência no calendário cultural da região. Os visitantes podem descobrir os segredos do sal marinho e a riqueza natural do estuário do Tejo.

Salinas
Portugal possui, na parte continental do seu território, cinco salgados (conjuntos de salinas): Aveiro, Figueira da Foz, Tejo, Sado e Algarve. Desde tempos imemoriais que atividade produtiva do sal marinho tem lugar no nosso país, sendo que os Romanos já a utilizavam.

A costa portuguesa, desde a Ria de Aveiro à Foz do Guadiana, apresenta boas condições para a produção do sal marinho por evaporação solar, especialmente no sul do país onde as condições edafo-climáticas são consideradas bastante favoráveis.

Portugal possui, na parte continental do seu território, cinco salgados (conjuntos de salinas): Aveiro, Figueira da Foz, Tejo, Sado e Algarve. Desde tempos imemoriais que atividade produtiva do sal marinho tem lugar no nosso país, sendo que os Romanos já a utilizavam.

O produto obtido é uma mistura de vários sais precipitados da água do mar, na qual predomina fundamentalmente o cloreto de sódio. Constitui uma matéria-prima imprescindível para muitas finalidades, desde logo para a culinária, integrando-se no grupo das big-five raw-materials.

A maior parte da produção de sal marinho em Portugal é destinada, justamente, a fins alimentares. As técnicas utilizadas no aproveitamento de recursos naturais de algumas zonas litorais de Portugal assentam na utilização de energias renováveis (energias solar e eólica).

Os processos tecnológicos empregues variam, desde o uso de metodologias tradicionais (produção artesanal), até à utilização de maquinaria pesada e automatizada, refletindo-se no dimensionamento das unidades produtivas.

Alimentação de água do mar pela ação das marés

Estas unidades, designadas por salinas ou marinhas, são constituídas por um conjunto de reservatórios construídos em terra e sobre solos impermeáveis, implantados em zonas de sapal. A alimentação de água do mar para os primeiros reservatórios de evaporação aproveita, regra geral, a ação das marés.

Bacalhau salgado
A maior parte da produção de sal marinho em Portugal é destinada, justamente, a fins alimentares, entre eles para a salga do bacalhau.

O fluxo das águas para aumento da graduação/concentração de sal, devido à evaporação pelo calor do sol e pelo vento, prossegue ao longo dos reservatórios seguintes até aos cristalizadores, onde se deposita o sal marinho.

Depois, a movimentação das águas utiliza o potencial gravítico dos primeiros reservatórios, cujas quotas topográficas são superiores aos restantes, o que é ganho pela tomada de águas das maiores marés ou por bombagem.

Produção de sal vem do tempo dos Romanos

A técnica mais tradicional em Portugal e que já vem do tempo dos Romanos é a que se encontra ainda em uso no salgado de Aveiro, também sendo conhecida por "técnica aveirense", que é aplicada em pequenas unidades, associando frequentes "reduras" (recolhas de sal) e uma mão-de-obra intensiva e conhecedora do ofício.

As técnicas mecanizadas, algumas muito sofisticadas e fazendo uso de maquinaria pesada, são adotadas em unidades de maiores dimensões e em que o número de recolhas por safra (ciclo anual de produção) é pequeno.

Globalmente a atividade produtiva do sal marinho é muito benéfica para a manutenção dos equilíbrios ambientais nas zonas costeiras, sendo a avifauna específica e a estabilidade da linha de costa, dos aspetos mais beneficiados.
Isto, porque as salinas ativas proporcionam a existência de ecossistemas determinantes para a sobrevivência de várias espécies animais e vegetais e impedem a ação negativa das marés vivas sobre as zonas do litoral devido aos muros-dique que defendem as unidades produtivas.

Sendo o estuário do Tejo uma das zonas mais emblemáticas na produção de sal, é natural que a comunidade local e os seus agentes económicos a festejem. E fá-lo já de há seis anos para cá.

Amanhã, sábado, 20 de setembro, tem lugar em Alcochete a 6ª edição do FestiSal, que visa celebrar a tradição salina em Portugal e convidar os visitantes a uma viagem pelas origens da salicultura portuguesa.

Salina
Os processos tecnológicos empregues na produção de sal variam desde o uso de metodologias tradicionais (produção artesanal), até à utilização de maquinaria pesada e automatizada, refletindo-se no dimensionamento das unidades produtivas.

O FestiSal decorre nas Salinas do Samouco, das 9h00 às 19h00, e é considerado uma referência no calendário cultural da região, que atrai cada vez mais visitantes e curiosos por descobrir os segredos do sal marinho e a riqueza natural do estuário do Tejo.

Samouco: a única salina ativa na região

Mais do que um festival, “o FestiSal é uma experiência sensorial e pedagógica, que resgata saberes antigos e convida famílias e amantes da natureza, de todas as idades, a mergulharem no mundo da salicultura artesanal, uma arte com séculos de história, profundamente enraizada na identidade local”, refere a organização, em comunicado.

Com um programa dinâmico, pensado para todas as idades, o FestiSal oferece uma verdadeira viagem sensorial pelas práticas ancestrais da produção de sal, através de recriações históricas, visitas guiadas, rapação de sal, observação de aves, exposições, workshops e um showcooking com o chef António Sequeira. Há ainda música ao vivo e um mercado de produtos locais.

Esta é “uma oportunidade ímpar para redescobrir um modo de vida tradicional e entender como o sal marinho é produzido artesanalmente, num ambiente natural de rara beleza. Uma proposta completa que combina natureza, cultura e bem-estar na única salina ativa, neste momento, da região”, explica a organização.

Ao longo dos últimos anos, o FestiSal tem vindo a afirmar-se como “uma iniciativa diferenciadora, não só pelo seu valor cultural, mas também pela forma como sensibiliza para a importância ambiental das salinas e do seu ecossistema único”.

Muitos visitantes chegam a Alcochete sem saberem como se produz o sal marinho artesanal”, mas, depois, “saem fascinados com um conhecimento renovado e um respeito mais profundo por esta prática ancestral”, dizem os organizadores.