Outubro 2025 foi muito quente e seco, segundo o IPMA: meteorologista Teresa Abrantes analisa os principais destaques
O mês de outubro de 2025, em Portugal continental, classificou-se, do ponto de vista climatológico, como um mês muito quente em relação à temperatura do ar e seco em relação à precipitação.
Em outubro, no continente, o estado do tempo foi condicionado predominantemente por regiões anticiclónicas, quer estendendo-se sobre as ilhas Britânicas ou sobre a Europa Central, originando fluxos de leste sobre o território, quer estendendo-se em crista desde os Açores até à Península Ibérica ou até ao Golfo da Biscaia, com fluxos de norte e noroeste sobre o continente.
A precipitação que ocorreu foi devido à passagem de depressões sobre território nacional, com sistemas frontais associados, o que se verificou mais para o final do mês.
Temperatura média muito acima dos valores normais para o mês de outubro
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, IPMA, em Portugal continental, no mês de outubro, o valor médio da temperatura média do ar, 19.00 °C, foi 2.21 °C superior ao valor da normal 1991-2020.
O valor médio da temperatura máxima do ar 24.57 °C, foi 2.61°C acima do valor médio no período 1991-2020 e foi o 4ª mais alto desde 1931. O valor mais alto, 27.11 °C, ocorreu em 2017. Nos últimos 10 anos, apenas 2020 e 2024 registaram desvios inferiores ao valor normal.
O valor médio da temperatura mínima do ar, 13.42 °C, registou uma anomalia de 1.80 °C, sendo o 6º valor mais alto desde 1931. O valor mais alto registou-se em 2006, com 13.95 °C. Os últimos 4 anos apresentaram anomalias superiores a 1.7 °C no mês de outubro.
O maior valor da temperatura máxima do ar foi 34.1 °C, que se registou em Alvega, no dia 06 e o menor valor da temperatura mínima do ar, -0.5 °C, ocorreu em Lamas de Mouro, no dia 27.
Os valores médios de temperatura média do ar em outubro foram em geral superiores ao valor normal 1991-2020, em especial nos concelhos do interior Norte, Centro, vale do Tejo, Alentejo e Sotavento Algarvio.
Ao longo do mês destacaram-se dois períodos nos valores diários da temperatura do ar em relação ao valor médio mensal, um período muito quente, até ao dia 19 na temperatura máxima e até ao dia 25 na temperatura mínima e um período próximo ou inferior ao normal no restante mês.
As estações de Alvalade, Alvega e Alcácer do Sal tiveram 9 dias consecutivos com temperatura máxima ≥ 30 °C, dias quentes, e temperaturas mínimas ≥ 20 °C, noites tropicais, ocorreram também em alguns dias do mês.
Em cerca de 60% das estações meteorológicas, abrangendo as regiões Norte, Centro e Alto Alentejo, verificou-se a ocorrência de uma onda de calor entre os dias 10 e 19 de outubro.
A precipitação em outubro foi muito inferior ao valor normal
Ainda de acordo com o IPMA, o mês de outubro de 2025 registou um total de precipitação mensal de 86.9 mm, com uma anomalia de -22.8 mm, o que corresponde a 79% do valor médio 1991-2020.
Valores de precipitação mensal inferiores ao deste mês ocorreram em 49% dos anos, desde 1931.
Verificou-se a ocorrência de precipitação persistente, por vezes acompanhada de trovoada e rajadas fortes nos dias 28 e 29 de outubro, sendo forte na região metropolitana de Lisboa e no Algarve e no dia 31 na região litoral Norte e região Centro.
No dia 29 registaram-se, em quatro estações meteorológicas, novos extremos do maior valor de precipitação. O maior valor da quantidade de precipitação em 24 horas, 104.9 mm, registou-se em Cabril, no dia 31.
Em termos de distribuição espacial, os valores de precipitação em outubro foram em geral inferiores ao valor normal 1991-2020, exceto na região Centro, com destaque para o distrito de Coimbra com valores de percentagem acima de 125%.
Na região Sul, e em particular no Alentejo, registaram-se percentagens inferiores a 50% em relação ao valor médio, sendo mesmo inferior a 25% nos concelhos interiores do distrito de Beja, cerca de 17%, no concelho de Serpa.
Monitorização da Seca – Índice PDSI
De acordo com o Índice Meteorológico de Seca, PDSI, índice meteorológico de seca calculado pelo IPMA para monitorização da situação de seca, no final de outubro verificou-se uma diminuição da seca na região Norte e Centro (mantém-se apenas alguns concelhos do Minho e da região Nordeste em seca) e agravamento da intensidade da seca nas regiões Centro-Sul e Sul.
Em termos de distribuição percentual por classes do índice PDSI no território continental, no final de outubro era a seguinte: 1.2% na classe de chuva fraca, 32.4% na classe normal, 31.8% na classe de seca fraca, 27.9% na classe de seca moderada e 6.7% na classe de seca severa.