O Telescópio James Webb encontra moléculas orgânicas do início do Universo!

O telescópio James Webb fez uma das maiores descobertas desde o seu lançamento: encontrou moléculas orgânicas no Universo de quando este tinha apenas 10% da sua idade atual. Esta é uma descoberta importante para compreender como estas moléculas foram formadas.

descobertas James Webb
Os astrónomos encontraram galáxias com a presença de moléculas orgânicas de quando o Universo era jovem.

O telescópio espacial James Webb foi lançado com o objetivo de responder a diversas questões que permanecem em aberto na astronomia. São perguntas importantes que vão desde a formação de buracos negros até à busca por exoplanetas.

Todas as perguntas têm algo em comum que passam por perceber melhor o ambiente em que vivemos e talvez começar a responder de onde viemos e para onde vamos. E a resposta talvez esteja em quando o Universo tinha apenas uma fração da idade que tem hoje.

Recentemente, os astronómos utilizaram dados do telescópio James Webb para encontrar moléculas orgânicas de quando o Universo tinha apenas 10% do seu tempo de vida. Essas moléculas estão presentes na Terra e são compostas por carbono - o elemento que é essencial para a vida.

Moléculas orgânicas

As moléculas orgânicas são associadas a grãos de poeira em galáxias, mas parecem ter um papel importante na formação de estrelas. As estrelas são formadas quando as nuvens de gás e poeira arrefecem e colapsam.

Estas moléculas podem ter relação com o arrefecimento dessas nuvens. São chamadas de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e podem ser encontradas na Terra em reservas de petróleo e no carvão. São moléculas complexas que podem possuir vários elementos associados.

A procura por moléculas orgânicas

Apesar destas moléculas terem sido encontradas anteriormente noutras galáxias, encontrá-las em galáxias distantes permanecia um desafio. Os telescópios anteriores não possuíam sensibilidade suficiente para observar a existência destas em galáxias formadas quando Universo era jovem.

O James Webb possibilitou que conseguissemos observar o mais longe possível no Universo, quando este tinha apenas uma fração do tempo que tem hoje. Contudo, para este estudo foi necessária a ajuda da gravidade através de um fenómeno chamado lentes gravitacionais.

Lentes gravitacionais

A luz pode ter a sua trajetória alterada ao passar perto de um objeto massivo como galáxias e aglomerados. Como a trajetória é alterada, a imagem de algo que está atrás do objeto massivo pode ser aumentada. O objeto no meio funciona como uma espécie de lente chamada lente gravitacional.

lentes gravitacionais; observações
Na imagem, o formato de anel é a imagem distorcida da galáxia que possui as moléculas orgânicas. Vemos a presença das moléculas em laranja na foto. Crédito: Spilker et al. / JWST

Neste estudo, os astronómos encontraram a galáxia SPT0418-47 num formato de anel, pois a imagem foi aumentada devido à presença de uma outra galáxia entre nós e ela. Graças a esse efeito da gravidade, foi possível observar a galáxia de forma mais detalhada.

A descoberta das moléculas orgânicas

A galáxia SPT0418-47 está localizada a uma distância cerca de 12 biliões de anos-luz. O estudo indica que a galáxia pode-se ter formado no primeiro 1 bilião de anos do Universo, cerca de 10% da idade atual deste.

A descoberta das moléculas orgânicas nessa fase do Universo é importante visto que estas moléculas são complexas e o facto de terem sido encontradas no Universo jovem é um passo para entender como estão distribuídas e como se formaram.

Missões do telescópio James Webb

A busca de respostas para a vida não é o único objetivo do telescópio James Webb. O telescópio, que observa em infravermelho para conseguir captar luz emitida no Universo jovem, também procura respostas para como os buracos negros supermassivos se formaram e estuda a atmosfera de exoplanetas.

É esperado que o James Webb tenha mais 10 anos de operação e cada etapa da missão será dividida em partes. Recentemente teremos o início da segunda parte da missão.