Erupção do vulcão La Soufrière ao fim de 40 anos

No passado dia 9 entrou em erupção o vulcão La Soufrière da ilha de São Vicente, no mar das Caraíbas, que está a deixar a ilha sob uma imensa chuva de cinzas.

Cinzas do vulcão La Soufrière
Vista do Observatório Belmont enquanto a erupção na La Soufrière continua. O vulcão é obscurecido pela queda de cinzas e os depósitos podem ser vistos na vegetação e nas casas circundantes. Fonte: UWI-SRC, Prof Robertson

O vulcão La Soufrière, localizado na ilha de São Vicente no mar das Caraíbas, entrou em atividade 40 anos depois da última erupção, no passado dia 9 de abril. A ilha está agora sob uma imensa chuva de cinzas.

Ilha de São Vicente

A ilha de São Vicente (Saint Vincent) é uma ilha localizada no mar das Caraíbas, na América Central. É a ilha mais extensa do arquipélago de São Vicente e Granadinas, país independente do Reino Unido desde 1979, que tem uma área de apenas 389 quilómetros quadrados e uma população de pouco mais de 100 mil habitantes, sendo a ilha de São Vicente a maior extensão do território e onde vive maior parte da população.

Trata-se de uma ilha vulcânica e é formada por montanhas vulcânicas parcialmente submergidas e, como grande parte das ilhas vulcânicas, tem problemas de risco hidrogeológico. As ilhas vulcânicas são muitas vezes afetadas por sismos, ciclones tropicais, deslizamentos de terras e inundações repentinas, além da erupção dos vulcões.

Vulcão La Soufrière

O vulcão La Soufrière, vulcão ativo na ilha de São Vicente, é o pico mais alto da ilha e domina a paisagem dos seus 1.234 metros de altura. Desde 1718 teve cinco erupções explosivas ocorridas em 1718, 1812, 1902, 1979 e agora em 2021.

A erupção de São Vicente de 6 de maio de 1902 matou 1.680 pessoas, poucas horas antes da erupção do Monte Pelée na Martinica que matou 29.000.

Ilhas vulcânicas
As ilhas vulcânicas, muitas vezes ilhas paradisíacas, são por vezes afetadas por sismos e erupções dos vulcões.

A última erupção em abril de 1979 não causou vítimas, pois o aviso prévio permitiu que milhares de residentes locais evacuassem para as praias próximas, mas criou uma grande pluma de cinzas que atingiu Barbados, 160 km a leste do vulcão.

Desta vez a erupção, que já dura há seis dias, também foi prevista com alguma antecedência, o que facilitou a evacuação de 16.000 residentes, muitos deles através de navios cruzeiros que os levaram para outras ilhas que concordaram em recebê-los temporariamente. A assistência e o apoio financeiro de emergência estão a ser prestados por várias ilhas próximas, pelo Reino Unido e por agências como as Nações Unidas. Carrinhas, tendas, tanques de água e outros abastecimentos básicos têm chegado a São Vicente à medida que os países vizinhos apoiam as pessoas afetadas pelas erupções.

A erupção do vulcão La Soufrière

Uma série de eventos explosivos teve início a 9 de abril de 2021. A maior explosão da atual erupção gerou fluxos piroclásticos pelos flancos sul e sudoeste do vulcão. Os fluxos piroclásticos são o resultado devastador de algumas erupções vulcânicas e são constituídos por corpos fluidos, velozes, compostos de gás quente e piroclastos (cinza e pedra), que podem viajar com velocidade até 160 km por hora, destruindo tudo o que encontram.

"Está a destruir tudo no seu caminho", disse Erouscilla Joseph, diretora do Centro de Investigação Sísmica da Universidade das Índias Ocidentais, UWI-SRC.

De acordo com Richard Robertson, do Centro de Investigação Sísmica, a antiga e nova cúpula do vulcão foi destruída e foi criada uma nova cratera. Os fluxos piroclásticos teriam destruído tudo no seu caminho.

As explosões lançaram para a atmosfera nuvens de cinzas até 6 mil metros de altitude, sendo bem identificadas nas imagens de satélites. Estas partículas entram na circulação geral da atmosfera, atingindo outros continentes.

Após o vulcão La Soufrière ter começado a entrar em erupção, a ilha permanece sob uma chuva de cinzas, regiões da ilha sem energia e água potável, enquanto as autoridades se preocupam cada vez mais com a segurança daqueles que se recusaram a evacuar, apesar de não existirem até agora relatos de ferimentos ou morte.

O Gabinete Nacional de Gestão de Emergência de São Vicente e Granadinas advertiu as pessoas para esperarem por mais e eventuais maiores explosões e cinzas. Segundo o primeiro-ministro, Ralph Gonsalves, a normalidade poderá levar quatro meses a regressar a São Vicente.