Aumento de problemas de saúde mental atribuído às altas temperaturas que se fizeram sentir na Austrália
Um estudo recente avaliou como as temperaturas excessivas contribuíram para a perda de qualidade da saúde mental dos australianos no período de 2003 a 2018.

Esta investigação também analisou como a situação pode evoluir a curto e médio prazo, com recurso a uma série de cenários climáticos.
Calor extremo afeta a saúde mental
Um novo estudo da Universidade de Adelaide, na Austrália, publicado na revista Nature Climate Change, revela que as temperaturas elevadas que ocorreram contribuíram para uma perda anual de 8458 anos de vida ajustados por incapacidade, na Austrália.
Os australianos com idades compreendidas entre os 15 e os 44 anos são particularmente afetados, estando a maior parte das perdas associadas a uma má saúde mental.
De acordo com os autores, os impactos prejudiciais das alterações climáticas na boa saúde mental e nos estados emocionais têm sido cada vez mais reconhecidos em todo o mundo, e só vão piorar se não se tomarem medidas urgentes.

A exposição a temperaturas elevadas tem implicações importantes para os distúrbios mentais e comportamentais, o que poderá conduzir a um aumento dos riscos devido às alterações climáticas. No entanto, existem lacunas de conhecimento na quantificação da carga atribuível.
Neste estudo avalia-se a carga de distúrbios mentais atribuíveis a temperaturas acima dos limites específicos do local, na Austrália, no período de 2003 a 2018, usando anos de vida ajustados por incapacidade e projetam-se efeitos futuros.
Os distúrbios mentais e comportamentais devido a temperaturas extremas abrangem um vasto espetro de sintomas associados à angústia ou a perturbações em áreas funcionais importantes, incluindo a regulação emocional, a cognição ou o comportamento de um indivíduo, e incluem ansiedade, depressão, afetividade bipolar, esquizofrenia, álcool, consumo de drogas e outras perturbações mentais e de consumo de substâncias.
O estudo utilizou informação de diferentes bases de dados, entre elas a base de dados Australian Burden of Disease.
Com base em vários cenários climáticos, demográficos e de adaptação, os autores do estudo avaliaram o impacto na saúde mental das temperaturas elevadas na Austrália, até 2050.
Os jovens, que frequentemente enfrentam distúrbios comportamentais no início da vida, estão especialmente em risco à medida que a crise climática se agrava.

Os resultados do estudo sublinham o papel crucial dos decisores políticos no desenvolvimento de intervenções específicas de saúde pública para minimizar o aparecimento de impactos das alterações climáticas na saúde mental, dadas as suas significativas consequências humanas, sociais e financeiras.
Os investigadores apelam à tomada de medidas imediatas, incluindo planos de ação para a saúde pública, de forma a preparar os sistemas de saúde para as necessidades crescentes de saúde mental, soluções localizadas, como programas comunitários e espaços verdes para criar resiliência e apoio a grupos vulneráveis, garantindo que as pessoas em maior risco recebam os cuidados de que necessitam durante os períodos de calor.
O estudo sublinha o facto de os decisores políticos terem de avançar com estratégias direcionadas e centradas nas pessoas para proteger a saúde mental à medida que as temperaturas sobem.
Referência da notícia
“Increasing burden of poor mental health attributable to high temperature in Australia”, Jingwen Liu et al., Nature Climate Change, Published: April 2025.