Degelo do Ártico contribui para a acidificação rápida do oceano na região

Investigadores revelam que o derretimento do gelo no Ártico acidifica o Oceano Ártico quatro vezes mais rápido que outros oceanos. Saiba mais aqui!

Derretimento do gelo
O rápido derretimento do gelo do Ártico está a provocar alterações irreversíveis na região.

O Ártico está a aquecer a uma maior velocidade do que qualquer região comparável da Terra, com uma consequentemente perda rápida de gelo marinho.

Estudo internacional

Foi publicado recentemente na revista Science, a principal revista da Associação Americana para o Avanço da Ciência, um estudo de uma equipa de investigadores internacionais, liderada por Wei-Jun Cai, especialista em química marinha da Universidade de Delaware, que alertou para a mudança química da região ocidental do Oceano Ártico.

Este estudo é a primeira análise da acidificação do Ártico que inclui dados de mais de duas décadas, abrangendo o período de 1994 a 2020. A referida equipa de investigadores descobriu que os níveis de acidez do Oceano Ártico aumentaram de três a quatro vezes mais rápido do que as águas oceânicas noutros lugares.

De acordo com o estudo, existe uma forte correlação entre a taxa acelerada de derretimento do gelo na região do Ártico e a taxa de acidificação do Oceano Ártico.

Foi identificada também a relação entre a taxa acelerada de derretimento do gelo na região e a taxa de acidificação dos oceanos, o que constitui uma ameaça à sobrevivência de plantas, moluscos, recifes de corais e outras formas de vida marinha e processos biológicos em todo o ecossistema do planeta.

Corais
Os recifes de corais, um dos ecossistemas mais ricos e diversos do ponto de vista biológico do planeta, estão em declínio.

Os cientistas previram que até 2050, se não antes, o gelo do mar ártico nesta região não sobreviverá mais às estações de verão cada vez mais quentes. Como resultado desta perda de gelo marinho a cada verão, a química do oceano ficará mais ácida, sem cobertura de gelo persistente para retardar ou mitigar o avanço.

Isto cria problemas de risco de vida para a população enormemente diversificada de criaturas marinhas, plantas e outros seres vivos que dependem de um oceano saudável para sobreviver.

Historicamente, o gelo marinho do Ártico derretia em regiões marginais rasas durante as estações de verão. No entanto, isto começou a mudar na década de 1980 e nos últimos 15 anos, o derretimento do gelo acelerou, avançando para a bacia profunda no norte.

Sumidouro de Carbono

Os cientistas pensavam que o gelo derretido poderia fornecer um promissor "sumidouro de carbono", onde o dióxido de carbono da atmosfera seria absorvido para as águas frias. Essa água fria conteria mais dióxido de carbono do que águas mais quentes, e poderia ajudar a compensar os efeitos do aumento do dióxido de carbono noutros lugares da atmosfera.

No entanto, descobriu-se mais tarde que a água fresca derretida não se misturava em águas mais profundas, o que teria diluído o dióxido de carbono. Em vez disso, a água superficial absorveu o dióxido de carbono até atingir os mesmos níveis da atmosfera e depois parou de recolhê-lo. Este fenómeno contribui para mudar o nível de pH das águas do Ártico.

Oceanos
Os oceanos são considerados os principais sumidouros de carbono naturais.

No estudo referido, os investigadores apontam o derretimento do gelo marinho como o mecanismo chave para explicar essa rápida diminuição do pH, porque muda a física e a química da água superficial.

Ácido e alcalino

Qualquer líquido que contenha água pode ser caracterizado pelo seu nível de pH, e varia de 0 a 14. A água pura, considerada neutra, contém um pH de 7. Todos os níveis inferiores a 7 são ácidos, todos os níveis superiores a 7 são básicos ou alcalinos. A água do mar é normalmente alcalina, com um valor de pH de cerca de 8,1.