Colóquio em Oeiras debate a produção, comercialização e os benefícios para a saúde dos pequenos frutos

O setor dos pequenos frutos - amora, framboesa, morango, mirtilo, medronho, fisália e outros - está numa “dinâmica extremamente forte”. No conjunto, as exportações atingiram 293 milhões de euros em 2023. O evento tem lugar a 25 e 26 de setembro em Oeiras.

Amoras e framboesas
Os pequenos frutos e, entre eles, os frutos vermelhos, são alimentos bastante completos e devem fazer parte de uma dieta equilibrada, uma vez que trazem múltiplos benefícios para a saúde humana.

Os pequenos frutos - amora, framboesa, morango, mirtilo, medronho, fisália e outros - e, entre eles, os frutos vermelhos, são alimentos bastante completos, que devem fazer parte de uma dieta equilibrada, uma vez que trazem múltiplos benefícios para a saúde humana.

Estes frutos são uma excelente fonte de antioxidantes, mesmo quando comparados com outras frutas e vegetais, bem como de vitaminas do complexo B (niacina), de betacaroteno (percursor da vitamina A), de vitamina C e de minerais como o potássio, o ferro e o manganês, que reforçam a proteção da saúde da pele, nervos, rins e aparelho digestivo.

A produção e comercialização de pequenos frutos em Portugal está em alta. Em 2023, as exportações de pequenos frutos atingiram os 294 milhões de euros, quando em 2010 se situaram em apenas 29,6 milhões de euros.

E com a framboesa à cabeça, que muito tem impulsionado as exportações neste segmento, quer em volume, quer, sobretudo, em valor. Em 2010, por exemplo, as vendas de framboesas para o estrangeiro atingiram os 16,5 milhões de euros e em 2023 chegaram aos 206 milhões, de acordo com a Portugal Fresh - Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal.
Portugal é, aliás, um caso único, uma vez que consegue obter produção de framboesa 52 semanas por ano na zona de Odemira.

Há, porém, dificuldades e desafios para ultrapassar. E o VII Colóquio Nacional da Produção de Pequenos Frutos pretende debatê-los.

O evento vai realizar-se nos dias 25 e 26 de setembro, em Oeiras, no auditório do Tagus Park, e terá como tema central “Alterações climáticas e a produção de pequenos frutos”.

Morangos
Os frutos vermelhos são uma excelente fonte de antioxidantes, bem como de vitaminas do complexo B (niacina), de betacaroteno (percursor da vitamina A), de vitamina C e de minerais.

O colóquio conta com “um painel de oradores nacionais e estrangeiros de reconhecido mérito”, garante o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), que tem a seu cargo a organização do Colóquio, em colaboração com a Associação Portuguesa de Horticultura (APH) e o Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional – Centro de Competências (COTHN-CC).

Programa inclui 24 comunicações

Entre os oradores há investigadores, técnicos, produtores e outros agentes.

No dia 25 de setembro, o programa inclui 24 comunicações orais subdivididas em quatro sessões, além de 28 comunicações em poster.

Para falar de “Melhoramento, técnicas biotecnológicas e avaliação de variedades”, o orador convidado é o investigador Bruno Mezzetti, da Università Politecnica delle Marche (Itália), que abordará "O desenvolvimento de novas variedades de pequenos frutos adaptados às alterações climáticas".

Nesta sessão serão também apresentadas técnicas consideradas inovadoras, como a micropropagação e a micorrização em medronheiro, a produção de framboesa sob painéis fotovoltaicos e a biotecnologia aplicada ao melhoramento genético de amora.

Ondas de calor e seca: stresses abióticos

Outro dos temas diz respeito às “Tecnologias de produção face às alterações climáticas”. A oradora convidada é a investigadora Pauliina Palonen, da Universidade de Helsínquia (Finlândia), que fará uma comunicação sobre “Ondas de calor e seca: stresses abióticos que afetam a produção de framboesa num clima em mudança”.

Outros temas são os ensaios de otimização do uso de água, redução da dotação de rega e reaproveitamento da água de drenagem em framboesa, a produção de camarinha com rega moderada e, ainda, a avaliação do efeito da micorrização na cultura de mirtilo.

Mirtilos
O setor dos pequenos frutos está numa “dinâmica extremamente forte”. No conjunto, as exportações atingiram 293 milhões de euros em 2023.

Ecossistemas e sanidade vegetal” é outro dos temas a abordar e que ficará a cargo de José Carlos Franco, professor e investigador do Instituto Superior de Agronomia (ISA). Vai dar a conhecer o impacto das infraestruturas ecológicas na produção de pequenos frutos.

Nesta sessão serão ainda abordadas as estratégias ecológicas para o controlo de Scirtothrips aurantii e Scirtothrips dorsalis em framboesa e mirtilo, assim como a avaliação do efeito de bioestimulantes na produção de mirtilo e a aplicação de exsudados de leveduras endofíticas no controlo de doenças fúngicas em pequenos frutos.

Visita à Logofruits, a maior produtora de mirtilo

A sessão IV é dedicada à “Qualidade e benefícios para a saúde” dos pequenos frutos e a oradora convidada é Cláudia Nunes dos Santos, investigadora da NOVA Institute for Medical Systems Biology (NIMSB), da Universidade Nova de Lisboa. Vai dissertar sobre o tema “Pequenos frutos, grandes efeitos: estratégias nutricionais baseadas em (poli)fenóis para modular o eixo intestino-cérebro”.

Dentro da temática dos benefícios para a saúde, será abordada a importância dos pequenos frutos na mitigação dos sintomas da doença de Parkinson e ainda se falará da suplementação da dieta com pequenos frutos e o seu efeito na microbiota intestinal e dos biocontroladores verdes como estratégia para melhorar a qualidade nutricional de frutos vermelhos.

No dia 26 de setembro, os participantes no Colóquio visitam a Logofruits, a maior empresa portuguesa produtora de mirtilo, em Almograve, e o Polo de Inovação da Fataca do INIAV, dedicado à investigação em pequenos frutos, em Odemira.