IPMA reforça previsão meteorológica para proteger os municípios dos fenómenos climáticos extremos
Os concelhos vão poder contar com um sistema do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) mais rigoroso nas avaliações e nos alertas meteorológicos, geofísicos e climatológicos.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) vão estreitar ainda mais a sua colaboração, passando a fornecer mutuamente dados meteorológicos, geofísicos e climatológicos dos concelhos que queiram aumentar a segurança dos seus territórios face aos fenómenos climáticos extremos.
O intuito deste intercâmbio de informações passa essencialmente por reforçar os serviços de previsão do IPMA com maior regularidade e, acima de tudo, com um grau de rigor aumentado, que possibilitará uma vigilância mais eficaz tanto no plano espacial como temporal.

A parceria irá procurar densificar a rede e os dados de observação meteorológica e sísmica, a fim de permitir uma escala de maior precisão ao nível municipal, essencial para salvaguarda de pessoas e bens, apoio às atividades económicas e alerta precoce para risco de incêndio rural e outros fenómenos climáticos extremos.
Uma nova geração de radares meteorológicos
O acordo, recentemente assinado por ambas as partes, surge na sequência de um investimento de cerca de 10 milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, que permitiu concluir finalmente a Rede Nacional de Radares Meteorológicos Nova Geração.
A infraestrutura foi especialmente desenvolvida para monitorizar com precisão e em tempo real as condições atmosféricas, avaliar a intensidade das precipitações, prever o deslocamento de tempestades ou detetar mudanças na pressão atmosférica entre outras condições extremas que podem, inclusive, indicar a formação de tsunamis.
A rede inclui radares em várias localidades, como Arouca, Coruche, Loulé, Porto Santo, Terceira, São Miguel ou Flores. O intuito do IPMA, no entanto, passa por recorrer à parceria com a ANMP para chegar ao maior número possível de territórios no país e aumentar gradualmente a sua escala e precisão.
O que se espera, no fundo, é uma melhoria na antecipação de fenómenos climáticos extremos, como ondas de calor e de frio, mas também um maior apoio e proteção de pessoas e património cada vez mais vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas.
Territórios cada vez mais expostos às mudanças climáticas
O protocolo agora assinado é o reconhecimento por parte do IPMA e da ANMP de que os eventos climáticos extremos são cada vez mais frequentes, colocando o território nacional sob constante ameaça.
A necessidade de os municípios terem acesso a um sistema estruturado, integrado e padronizado é por isso crítico para monitorizar os indicadores climáticos e as variáveis meteorológicas e geofísicas.

Nas décadas mais recentes, Portugal tem vindo a registar, aliás, um rasto assinalável de eventos climáticos extremos. Entre inundações, tempestades, incêndios florestais e tornados, o país enfrentou nos últimos 17 anos um total de 20 “eventos extremos”, na classificação usada pela Associação Portuguesa de Seguradoras.
No balanço feito no final do ano passado, o geógrafo da Meteored, Alfredo Graça, enumerou também os três fenómenos associados ao tempo e ao clima que se destacaram por terem sido os mais extremos em 2024. O tornado de 28 de março, em Lisboa, quando o país se encontrava afetado pela depressão Nelson, foi o primeiro a ser assinalado.
O temporal dos dias 8 e 9 de outubro, na sequência da passagem do ciclone extratropical Kirk e os incêndios, entre os dias 15 e 21 de setembro, completaram o top-3 do especialista da Meteored.
Uma nova ferramenta para apoiar os agricultores
A agricultura, em particular, é o setor mais afetado pelos efeitos das alterações climáticas e foi neste sentido que o IPMA lançou também recentemente o seu boletim agroclimático, com diferentes fileiras agrícolas, como milho, arroz, tomate, cereais, vinha ou montado. A informação destina-se não somente às comunidades locais, mas principalmente aos municípios predominantemente rurais e com significativa atividade agrícola.
O agricultor poderá, como tal, receber no seu smartphone, os alertas sempre que os critérios e os valores, definidos pelo próprio utilizador, forem ultrapassados.

Este novo recurso também está disponível gratuitamente na Plataforma Agroalimentar, que fornece indicadores detalhados por região, tipos de cultura e fenómenos climáticos, como escaldão, geada, período quente, vento forte, míldio, chuva persistente, entre outros.
A plataforma encontra-se divida em três blocos de informação com avisos agroclimáticos até dez dias de prognóstico. A ferramenta conta ainda com dados que permitem traçar a evolução dos indicadores ao longo do tempo, diagnósticos e prognósticos e, por fim, publicações consideradas úteis para o setor, como artigos informativos e workshops.
Referências da notícia
IPMA e ANMP assinam protocolo de colaboração - Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
ANMP e IPMA assinaram protocolo de colaboração para prevenir riscos e proteger pessoas e bens – Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Plataforma Agroclimática do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Inauguração de dois novos radares meteorológicos de última geração – portugal.gov.pt