Alguns modelos climáticos apontam para um aquecimento global de 3 °C, em relação à era pré-industrial, até 2050
Em 2024, com a temperatura média global a ultrapassar o limite de aquecimento estabelecido pelo Acordo de Paris, 1,5 °C, ficou sinalizado um alerta para a emergência climática.

No final de setembro, um relatório da Sociedade Meteorológica Alemã alertou que o limite de aquecimento de 3 °C poderia ser excedido daqui a 25 anos.
Limite estabelecido pelo Acordo de Paris será excedido duas vezes mais em 2050?
Pela primeira vez, em 2024, a temperatura média global de 15,10°C, ultrapassou o limite crítico de 1,5°C de aumento em relação aos níveis pré-industriais, marcando 1,6°C de aquecimento.
O Centro Europeu Copernicus e a NASA, bem como outros Centros Científicos, confirmaram o ano de 2024 como o ano mais quente da história desde 1850, ano do início dos registos. Desde junho de 2023 até agosto de 2024, o planeta esteve com 15 meses consecutivos de calor recorde.
Perante isto, muitas reações se fizeram sentir. De acordo com os cenários de aquecimento avaliados e publicados no relatório RA6 do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas), este cenário de aquecimento de 3 °C em 2050 é considerado extremamente improvável, embora não seja possível descartar totalmente.
Cientistas ao analisarem o conjunto completo de modelos climáticos CMIP6 (sexta fase do Projeto de Intercomparação de Modelos Acoplados, que reúne modelos de circulação geral oceano-atmosfera para simular o clima da Terra), verificaram que só um pequeno número, 3 em 37 modelos, atingem os 3°C até 2050.
No entanto, estes 3 modelos apresentam um aquecimento histórico excessivo, como por exemplo, aquecimento cerca de 2,2°C em 2024, o que não se verificou, e uma sensibilidade climática irrealisticamente elevada, aquecimento superior a 5°C por duplicação de CO2.

Mas, os cientistas ao restringirem o CMIP6 para corresponder às temperaturas globais observadas recentemente, não encontraram modelos a atingir os 3°C até pelo menos 2060.
Embora o IPCC e outros cientistas climáticos considerem este cenário extremamente improvável e sublinhem que apenas alguns modelos de alta sensibilidade o preveem, a publicação da Sociedade Meteorológica Alemã serve de alerta para a necessidade de reduções significativas e rápidas das emissões para evitar este resultado extremo.
Algumas consequências caso se verificasse um aquecimento de 3 °C
A temperatura média global já ultrapassou, em 2024, o limite de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. A comunidade científica sempre alertou que, caso esse limite fosse ultrapassado, o globo teria mais secas, incêndios florestais e outros impactos cada vez mais graves.

Segundo o WRI (World Resources Institute), foi revelada uma diferença considerável nos impactos entre 3°C e 1,5°C de aquecimento na maioria de cidades estudadas, como, por exemplo, Bengaluru, Johanesburgo e Rio de Janeiro.
Se o aquecimento for superior a 3 °C, quase 600 milhões de pessoas estarão expostas a inundações decorrentes da elevação do nível dos oceanos, a produção de alimentos cairá pela metade e teremos níveis catastróficos de perda de habitats.
Haverá assim consequências substanciais para a vida e os meios de subsistência das pessoas, bem como para as economias, infraestruturas e sistemas de saúde pública das cidades.
Considerando que as cidades abrigam 4,4 biliões de pessoas, mais de metade da população mundial, e devem crescer rapidamente nas próximas duas décadas, essas implicações são especialmente importantes.
Em 2050, quando mais 2,5 biliões de pessoas estarão em áreas urbanas, teremos dois terços da humanidade a viver em cidades, com mais de 90% desse crescimento concentrado na África e na Ásia.