A La Niña mais longa da história

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) previu recentemente que o fenómeno La Niña poderia durar todo o inverno, sendo que desta forma, este seria o registo mais longo até hoje, com uma duração de 3 anos.

imagem ilustrativa; La Niña
A La Niña resulta no aumento das chuvas na Indonésia, enquanto que próximo às costas do Pacífico Equatorial Oriental tende a resultar num clima ainda mais seco e num maior número de secas.

Em meados de dezembro de 2022, as temperaturas da superfície do mar no Pacífico equatorial centro-leste permaneceram abaixo da média. As principais variáveis oceânicas e atmosféricas continuaram consistentes com as condições de La Niña, embora haja indícios de que o fenómeno esteja a enfraquecer.

Assim, o CPC La Niña Advisory permaneceu em vigor em dezembro de 2022. Vários modelos (11 de 18) preveem que as temperaturas da superfície dos oceanos passarão do nível de La Niña para o estado ENSO-neutro (valores neutros de ENSO) durante janeiro-março de 2023.

De acordo com a previsão (CPC La Niña Advisory) do início de dezembro, tanto o La Niña e como o ENSO-neutro são igualmente prováveis (50/50) durante janeiro-março de 2023, contudo, o ENSO-neutro é a categoria mais provável nas três temporadas subsequentes.

No entanto, com base nas previsões objetivas do ENSO, espera-se que La Niña faça a transição para ENSO-neutro durante janeiro-março de 2023, que continua a ser a categoria mais provável até abril-junho de 2023.

Estima-se que em fevereiro-abril de 2023, haja 71% de probabilidade de ENSO-neutro. Estes dados são resultado de um esforço consolidado da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), do Serviço Nacional de Meteorologia da NOAA e das suas instituições afiliadas.

Com isto, a probabilidade de haver um El Niño permanece baixa até abril-junho de 2023 (49% de probabilidade), e torna-se a categoria dominante posteriormente com probabilidades na faixa dos 60-66%.

O que acontece quando ocorre o La Niña?

As altas pressões são reforçadas no Pacífico Leste e enfraquecidas no Oeste, aumentando, assim, a força dos ventos alísios e a ressurgência das águas frias, o que explica o arrefecimento anómalo das águas no Pacífico Oriental.

Os efeitos do fenómeno La Niña passam por intensificar o clima de determinada região, como acontece na Indonésia, onde as chuvas se tornam mais intensas e persistentes e, como no caso do Pacífico Equatorial Oriental, onde as secas já existentes, aumentam.

Isto reforça a circulação de Walker - um modelo conceitual do fluxo de ar nos trópicos na troposfera -, que, ao reforçar o movimento ascendente, produz um aumento das chuvas na Indonésia, enquanto que próximo às costas do Pacífico Equatorial Oriental tende a resultar num clima ainda mais seco e num maior número de secas.