Segunda quinzena de março: temperatura variável e mais chuva à espreita

A primeira metade de março foi caracterizada pela alternância de dias frescos e amenos, alguns soalheiros e outros chuvosos. E para a segunda quinzena do mês, que tempo se prevê em Portugal?

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O tempo na segunda quinzena de março prevê-se muito variável em Portugal continental. Em que regiões poderá chover mais? Fará calor ou frio?

A primeira quinzena de março revelou-se uma verdadeira "montanha russa" em relação à temperatura, com sucessivas descidas e subidas, dependentes das intrusões de ar polar e/ou subtropical que têm marcado presença em Portugal continental nestas últimas semanas.

Por outro lado, este panorama meteorológico não é de admirar: afinal de contas, esta variabilidade é típica da primavera que, para a Climatologia, arrancou no passado 1 de março.

Após um fevereiro estável, normal em temperatura, mas muito seco em relação à precipitação, março de 2023 tem sido pródigo em alternar dias soalheiros com outros mais nublados, húmidos e chuvosos – ainda que a precipitação tenha estado espacialmente mais restrita ao Norte de Portugal e parte do Centro, e em quantidades que, em termos pluviométricos, não são demasiado abundantes.

A verdade é que se não chover bem esta primavera, o verão será muito duro em várias regiões do país, com Alentejo e Algarve logo à cabeça.

É um facto que em grande parte do país as albufeiras e barragens estão de “boa saúde” em termos hídricos, mas, uma vez mais, o Sul (grande parte do Alentejo e todo o Algarve), carente de água e com algumas barragens em condições críticas em relação ao armazenamento hídrico, foi a área geográfica do país menos beneficiada pela pluviosidade e, dando continuidade ao ocorrido em janeiro, o mês de fevereiro também verificou uma diminuição da percentagem da água no solo em Portugal.

Iremos dizer adeus ao frio invernal?

Tal como já explicámos na nossa previsão semanal na Meteored Portugal, esta semana haverá um sobe e desce da temperatura muito pronunciado, associado às consideráveis ondulações que o jato polar sofrerá. Deste modo, espera-se uma alternância entre cristas anticiclónicas e depressões muito móveis.

Apesar disto, até domingo (19) estão previstos valores de temperatura entre 1 e 3 ºC acima da média climatológica no Nordeste Transmontano, Beira Alta, em grande parte do Alentejo e em praticamente todo o Algarve, algo que se espera também na Madeira e Grupo Oriental dos Açores.

Na maior parte da geografia de Portugal continental e nos Grupos Ocidental e Central dos Açores a temperatura prevê-se entre 0 e 1 ºC acima do normal para esta altura do ano. No Alto Minho e no Alto Tâmega a temperatura prevê-se dentro do padrão. Apesar de alguns dias mais frescos, o calor será tónica dominante na maioria das regiões e dos dias da semana de 13 a 20 de março.

Apesar de estarem previstos alguns dias marcados pela frescura e pela instabilidade, tudo indica que o resto do mês de março seja caracterizado por temperatura mais elevada do que o normal em relação à média da época em grande parte dos territórios nacionais.

Para a próxima semana, que terá lugar entre 20 e 27 de março, as previsões do nosso modelo de maior confiança não antecipam grandes novidades na temperatura: entre 1 e 3 ºC acima da média climatológica em grande parte de Portugal continental, exceto na faixa territorial correspondente aos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria e Santarém onde se prevê uma anomalia térmica positiva mais suave (0 a 1 ºC acima do habitual para estas datas).

Também se espera temperatura entre 0 e 1 ºC acima do normal no Grupo Oriental dos Açores e na Madeira. Nas restantes ilhas açorianas – exceto na do Corvo (anomalia térmica negativa de até -1 ºC) – espera-se um padrão térmico standard. Março poderá terminar com uma anomalia térmica positiva ainda mais vincada, podendo vir a ser classificado como um mês quente.

E quanto à chuva, o que se espera?

Para esta semana prevê-se a passagem vertiginosa de várias frentes. Mas as acumulações de chuva não serão muito significativas, exceto nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Vila Real e Viseu. Nestes distritos a anomalia de precipitação será positiva, contrastando com o resto do país que registará valores pluviométricos normais (Nordeste Transmontano, Regiões de Coimbra e Leiria) e inferiores ao normal, nas regiões a sul da Serra da Estrela e também nalguns pontos a norte (Beira Alta).

Em quase todo o Algarve a ausência de chuva será francamente notória, esperando-se entre 10 a 30 mm a menos de precipitação em relação ao habitual.

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A semana de 20 a 27 de março em Portugal continental poderá ser mais chuvosa do que o normal em praticamente metade da geografia.

Para a próxima semana espera-se uma continuidade do padrão húmido e chuvoso no Noroeste do país, desta vez com possibilidade de expansão a mais regiões. Prevê-se quantidades de chuva acima da média em toda a Região Norte e parte da Região Centro.

A anomalia pluviométrica prevê-se particularmente expressiva – entre 10 e 30 mm acima da média - nas regiões a oeste da Barreira de Condensação e até à foz do Mondego (inclui distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, e parte dos de Vila Real e Viseu), sendo mais suave mas também positiva no distrito de Bragança e partes dos de Vila Real, Viseu e Guarda.

No resto do país e nos Grupos Ocidental e Central será normal para a época do ano. Quanto à Madeira e Grupo Oriental dos Açores espera-se tempo mais seco, o que resultaria em níveis pluviométricos abaixo da média.

Aqui na Meteored lembramos que à medida que nos afastamos no tempo só se pode projetar tendências muito gerais, existindo uma elevada incerteza e baixa fiabilidade. Além disso, estamos numa das estações mais variáveis do ano.

Para os últimos dias de março não se antecipam anomalias consideráveis, mas parece que haverá dias menos chuvosos em relação aos valores médios em parte do Algarve, em contraste com o Alto Minho. Realce-se o facto de que o valor de previsão a estes prazos é consideravelmente baixo, e ainda mais o é tendo em conta a estação em que estamos.