Outubro começa com calor fora de época. Humberto não chega a Portugal, mas influencia o tempo até ao fim de semana

O mês de outubro arranca com temperaturas elevadas, céu limpo e persistência de uma forte crista anticiclónica. Apesar de muito se falar do ciclone tropical Humberto, até ao fim de semana, espera-se calor em todo o país, embora com sinais de mudança a partir de sábado.

Depois de setembro ter sido marcado por estabilidade e valores acima da média, outubro repete, para já, a mesma tendência. O tempo mantém-se seco, com máximas que voltam a ultrapassar os 30 ºC em muitas regiões do interior e do sul, sob influência direta da alta pressão que domina a Península Ibérica. No entanto, o destaque da semana vai para o ciclone Humberto, que tem gerado especulação quanto a eventuais impactes no território português.

Qual poderá ser o efeito de Humberto em Portugal?

Há apenas dois dias o Furacão Humberto atingiu a categoria máxima (5), com ventos superiores a 250 km/h, tornando-se um dos mais intensos da estação. Naturalmente, surgiram dúvidas: poderá esta tempestade atingir o nosso país?

A resposta é clara: não. Humberto não chegará a Portugal Continental, nem às regiões autónomas, mas influenciará o tempo de forma indireta, em duas fases distintas. A primeira sente-se já na quinta-feira, quando o forçamento no Atlântico impulsiona a dorsal africana do anticiclone, traduzindo-se em temperaturas ainda mais elevadas. A segunda ocorrerá no fim de semana, após a passagem do sistema pelas Ilhas Britânicas, quando se prevê uma descida térmica, maior ondulação e aumento da humidade relativa.

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É, assim, incorreto afirmar que existe um furacão a caminho de Portugal, e muito menos dois, como chegou a ser noticiado. Os efeitos indiretos resumem-se a calor reforçado na quinta-feira e ligeira mudança atmosférica no sábado e domingo.

Na quarta-feira, 1 de outubro, o cenário é de céu pouco nublado ou limpo, vento fraco a moderado de nordeste, rodando para norte durante a tarde. As temperaturas voltam a subir ligeiramente, com máximas acima de 30 ºC em várias cidades. Lisboa rondará os 30 ºC, o Porto ficará entre 27 e 29 ºC, e no interior alentejano as máximas poderão atingir 32 ºC.

Próximos dias com bom tempo, apesar do furacão Humberto no Atlântico, devido ao reposicionamento da dorsal africana do Atlântico.
Os próximos dias serão caracterizados por calor em Portugal Continental, devido ao forçamento no Atlântico que impulsionará a dorsal africana do anticiclone.

Na quinta-feira, 2 de outubro, regista-se o pico da semana. O reforço do anticiclone africano, em resposta ao Humberto, levará os termómetros aos 33 a 35 ºC nos vales do Tejo, Sado e Alentejo. O vento rodará para noroeste no litoral durante a tarde, originando alguma descida térmica junto à costa, mas transportando o calor para o interior e Algarve.

Do calor intenso a ar mais húmido durante o fim de semana

Na sexta-feira, 3 de outubro, mantêm-se as temperaturas altas, embora com maior nebulosidade nas áreas costeiras. O vento de oeste a noroeste contribuirá para maior humidade relativa e algum arrefecimento no litoral.

O fim de semana assinala o início de uma transição. No sábado, 4 de outubro, e no domingo, 5, prevê-se maior nebulosidade, especialmente no litoral norte e centro, com possibilidade de chuviscos dispersos. As temperaturas descem ligeiramente, com as máximas entre 24 e 28 ºC no litoral e entre 28 e 30 ºC no interior. Nada de drástico, mas suficiente para quebrar a monotonia do calor persistente.

Nebulosidade deverá aumentar durante o fim-de-semana em Portugal Continental.
Nebulosidade deverá aumentar durante o fim-de-semana, cifrando-se em valores próximos dos 100% em várias regiões.

Este tempo quente resulta da ação prolongada das altas pressões sobre a Península, criando uma verdadeira “cúpula de calor” que impede a chegada de ar mais fresco e frentes húmidas. Embora as temperaturas não atinjam os picos de julho ou agosto, permanecem bem acima da média para outubro, um mês que, climatologicamente, já deveria apresentar maior variabilidade.

O risco de incêndio permanece elevado. A chuva do último fim de semana foi insuficiente para alterar de forma significativa a situação. Com a nova subida térmica e a baixa humidade, mantém-se o perigo em níveis moderados a elevados.

Além disso, outubro marca a entrada no chamado “Inverno Solar”. Nesta fase do ano, a radiação solar já não garante a produção adequada de vitamina D no organismo. Daí a importância de aproveitar os dias de sol nas próximas semanas, com 15 minutos diários de exposição recomendados por especialistas.