Os modelos europeu e GFS insistem: o jato polar continuará curvado por mais 10 dias e atravessará Portugal

O jato polar vai intensificar-se nos próximos dias nas nossas latitudes, embora com vários sistemas frontais a afetar Portugal: saiba como sentiremos os seus efeitos a curto e médio prazo.

O anticiclone posicionado a oeste de Portugal continental manterá a sua influência por mais algumas horas, mas a situação meteorológica perderá estabilidade muito em breve, quando um novo sistema frontal atravessar o nosso país este fim de semana.

O que é o jato polar?
Conhecido como corrente de jato, “jet stream” ou muito simplesmente jato, é um canal de ventos muito fortes, em forma de tubo. Pode ser entendido como um rio de ar que flui acima das nossas cabeças (a cerca de 9-16 km acima da superfície da Terra) e a velocidades de 100-250 km/h, com milhares de quilómetros de comprimento, mas apenas alguns quilómetros de largura.

Como já foi anteriormente explicado aqui na Meteored, a configuração sinóptica vai alterar-se a curto e médio prazo. O jato polar ficará mais forte, deslocando-se para norte. Isto fará com que as depressões comecem a circular nas latitudes altas: este é um padrão clássico da NAO+.

O jato polar vai registar algumas ondulações: os efeitos em Portugal

Porém, isto não significa que estará sem chover durante muito tempo. De facto, tanto o modelo europeu (ECMWF) como o modelo americano (GFS) preveem a chegada de vários vales depressionários até ao fim de semana prolongado da Imaculada Conceição (feriado 8 de dezembro), que provocarão descidas temporárias das temperaturas e ocorrência de chuva numa parte considerável da nossa geografia, embora com uma distribuição muito irregular e desigual.

Mapa do vento previsto a 9000 metros de altitude: várias ondulações do jato polar irão atravessar Portugal continental, produzindo mudanças temporárias no estado do tempo.

Os modelos indicam que vários sistemas frontais associados a estes vales depressionários irão atravessar a nossa geografia, produzindo chuva mais frequente e intensa no Norte e Centro de Portugal continental, sobretudo no Noroeste, isto é, nas regiões situadas a oeste da Barreira de Condensação. No entanto, é possível que alguns destes sistemas frontais consigam surgir noutras zonas do país, eventualmente até mesmo nas regiões situadas a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela.

Estas ondulações do jato polar irão atravessar a nossa geografia, mas serão situações temporárias. Com um fluxo atlântico tão forte, é pouco provável que a curto e médio prazo se produza uma grande entrada de ar frio, com queda de neve abundante associada. É certo que até poderá cair alguma neve, mas em princípio restrita a cotas elevadas das serras do extremo norte e/ou da Serra da Estrela durante a passagem destes vales depressionários.

No arquipélago da Madeira a precipitação será relativamente reduzida neste período graças à influência das altas pressões durante grande parte deste período, porém, na vertente norte e regiões montanhosas da ilha da Madeira as acumulações poderão ser pontualmente significativas, segundo cenários vislumbrados tanto pelo modelo europeu, como pelo modelo americano.

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Nos Açores a precipitação será algo mais frequente, mas mesmo assim o tempo estará muito variável graças à constante alternância entre o anticiclone e os sistemas frontais.

O inverno climatológico vai começar sem episódios de frio intenso

Apesar das descidas temporárias das temperaturas, a presença destes fluxos atlânticos amenos fará com que as temperaturas registem entre 1 e 3 ºC acima dos valores média de referência nas Regiões Norte (distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real e Bragança) e Centro-norte (distritos de Aveiro, Viseu e Guarda) durante grande parte da primeira quinzena de dezembro.

A previsão aposta num estado do tempo ameno ao longo da primeira quinzena de dezembro.

Nas restantes regiões do país, incluindo Açores e Madeira, as anomalias térmicas positivas esperam-se mais suaves (+1 ºC). No Algarve, não se observam, por enquanto, anomalias significativas para esta época do ano.

Deste modo, é muito provável que os primeiros dias do inverno climatológico, que arranca a 1 de dezembro, decorram sem grandes dificuldades. Tudo indica que este padrão NAO+ se irá manter pelo menos até 8-10 de dezembro: a partir daí, a incerteza aumenta consideravelmente, com os modelos a perspetivarem vários cenários diferentes.