Onda de calor prolonga-se até agosto e intensifica-se: persistência de máximas próximas de 40 °C em Portugal Continental

Portugal continental enfrenta uma prolongada e intensa onda de calor, sem fim à vista até, pelo menos, 3 de agosto. As temperaturas vão subir ainda mais a partir desta terça-feira, com máximas a rondar os 40 °C em várias regiões, incluindo o litoral.

Portugal continental enfrenta uma prolongada e intensa onda de calor, sem fim à vista até, pelo menos, 3 de agosto. As temperaturas vão subir ainda mais a partir de terça-feira, com máximas próximas dos 40 °C em várias regiões, incluindo o litoral. O risco de incêndio é extremo e o desconforto térmico será agravado pelas noites tropicais.

A onda de calor que afeta o país desde 24 de julho deverá intensificar-se nos próximos dias, com uma nova subida acentuada das temperaturas prevista para esta terça-feira, 29 de julho. Os modelos meteorológicos apontam para pelo menos mais sete dias consecutivos de calor extremo, com temperaturas máximas que podem aproximar-se de forma persistente dos 40 °C no interior e em algumas áreas do litoral, como a Área Metropolitana de Lisboa.

O risco de incêndio é extremo e o desconforto térmico será agravado pelas noites com temperaturas muito elevadas.

Esta situação é especialmente preocupante devido à conjugação de fatores meteorológicos desfavoráveis: ausência de precipitação, vento por vezes forte, baixos teores de humidade relativa e persistência de noites quentes, que impedem o arrefecimento natural do ambiente. Tudo isto resulta numa pressão acrescida sobre a vegetação seca, criando um cenário propício à deflagração e propagação rápida de incêndios rurais.

Temperaturas persistentemente elevadas em Portugal Continental

A semana entre 29 de julho e 3 de agosto será marcada por tempo estável e muito quente. O céu apresentará geralmente pouca nebulosidade, o vento soprará moderado a forte e a massa de ar quente, de origem africana, permanecerá sobre o território, bloqueada por um anticiclone situado a oeste da Península Ibérica. Esta configuração atmosférica impede a entrada de frentes frias ou de ar marítimo mais fresco e favorece a acumulação de calor nos vales interiores e em áreas urbanas.

A terça-feira, 29 de julho, deverá ser o dia mais quente da semana. Está prevista uma subida acentuada das temperaturas mínimas e máximas, com o vento a soprar de leste, o que normalmente contribui para temperaturas mais elevadas até mesmo junto ao mar.

Em Lisboa, os termómetros poderão atingir temperaturas próximas dos 40 °C, valor pouco comum na capital, sobretudo em julho. Em áreas do interior centro e sul, como Évora, Santarém, Castelo Branco ou Beja, os valores máximos poderão ser ainda mais elevados. As noites serão tropicais em praticamente todo o país, com mínimas superiores a 20 °C e, em alguns locais, superiores a 25 °C. A conjugação de calor noturno persistente com calor diurno extremo representa um risco adicional para a saúde, particularmente para os idosos, crianças e pessoas com doenças crónicas.

Na quarta-feira, 30 de julho, mantém-se o padrão de temperaturas elevadas, mesmo no litoral, com a possibilidade rotação do vento para noroeste. No interior, o calor continuará intenso, com valores ainda perto dos 40 °C em vários distritos. O céu manter-se-á pouco nublado ou limpo e o vento soprará moderado. A sensação de desconforto térmico será mantida devido à fraca amplitude térmica e à ausência de humidade.

Temperaturas acima dos 35 ºC em grande parte do território
Temperaturas máximas permanecem elevadas durante a semana, com valores acima dos 35 ºC em grande parte do território.

Na quinta-feira, 31 de julho, o padrão meteorológico deverá manter-se. É possível a formação de alguma nebulosidade matinal no litoral oeste, mas que rapidamente dará lugar a céu limpo. O vento poderá soprar com mais intensidade, sobretudo no litoral, vindo de noroeste. No interior, o calor persistirá, com valores muito acima da média climatológica. A água do mar poderá atingir temperaturas próximas dos 20 °C na costa ocidental, proporcionando algum alívio junto à faixa costeira, embora as noites continuem abafadas.

E como estará o tempo no final de semana?

Na sexta-feira, 1 de agosto, embora com alguma incerteza, existe a possibilidade de uma rotação do vento para nordeste e de uma ligeira descida das temperaturas, particularmente no norte e litoral oeste. No entanto, os valores deverão continuar acima da média para a época do ano, e a previsão aponta para a manutenção de céu pouco nublado e tempo seco. A situação no terreno deverá agravar-se devido à progressiva secagem dos combustíveis finos e acumulados, e o risco de incêndio atingirá níveis críticos em muitas regiões.

Para o fim de semana, espera-se a manutenção de um padrão meteorológico similar ao que se sucede durante a semana, com temperaturas máximas a situar-se entre os 32 ºC e os 39 ºC no interior alentejano no sábado. No litoral mantém-se um padrão com anomalias térmicas positivas próximas ou acima dos 10 ºC.

Anomalia das temperaturas em Portugal
Fim de semana também com temperaturas elevadas. As áreas litorais apresentam uma anomalia próxima ou superior aos 10 ºC.

Nos arquipélagos, o tempo será mais estável. Nos Açores, prevê-se uma semana com nebulosidade variável, abertas e vento moderado de nordeste. As temperaturas estarão dentro da média e poderá haver uma ligeira descida no final da semana. Na Madeira, espera-se céu pouco nublado, temperaturas ligeiramente acima da média e vento forte a partir de quinta-feira.

Enquanto Portugal permanece sob influência de uma onda de calor persistente, a Europa continental enfrenta um contraste térmico marcado: temperaturas anormalmente baixas no centro e leste, e calor extremo na Escandinávia. Esta distribuição deve-se à presença de uma perturbação estacionária sobre os Balcãs, responsável por instabilidade e precipitação localmente intensa.

Com mais de uma dezena de dias consecutivos de calor acima da média, Portugal atravessa uma das ondas de calor mais prolongadas dos últimos anos. A vigilância deve ser reforçada e a população deve adotar medidas de autoproteção, como a hidratação regular, a permanência em locais frescos e a limitação de exposição solar durante as horas críticas.

O IPMA deverá manter os avisos meteorológicos em vigor, com 17 distritos com aviso amarelo devido a tempo quente até pelo menos 31 de julho. Neste momento, apenas o distrito de Faro não apresenta qualquer aviso devido ao calor extremo em Portugal Continental. A evolução desta situação será acompanhada com atenção, dado o seu potencial impacto na saúde, agricultura e segurança do território.