O modelo europeu aposta numa viragem de 180° rumo ao inverno: Portugal estará na trajetória do ar frio

Após a passagem da depressão Claudia, prevê-se uma mudança drástica em Portugal continental. Uma massa de ar polar marítimo provocará uma descida acentuada e generalizada das temperaturas, bem como formação de gelo e geada em várias zonas.

Este fim de semana o estado do tempo continuará a ser condicionado pela depressão Claudia, que já trouxe chuva persistente e localmente forte a várias regiões, tendo inclusive produzido um tornado em Albufeira (distrito de Faro), ocorrência que infelizmente já causou 1 morte, mais de 20 feridos e numerosos danos materiais. No entanto, Claudia perderá gradualmente intensidade nas próximas horas e amanhã - domingo, 16 -, embora com alguns restos de instabilidade a persistir pelo país até segunda-feira (17).

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Um grande sistema de baixas pressões carregado de ar polar marítimo vai deslocar-se para a Europa durante a próxima semana, deixando um ambiente invernoso em vários países. Em Portugal, as temperaturas vão descer acentuadamente e prevê-se formação de gelo ou geada em vales e terras baixas do interior Norte e Centro.

Este panorama meteorológico (depressão Claudia) tem os dias contados, já que durante a próxima semana uma massa de ar polar marítimo proveniente das latitudes setentrionais provocará uma mudança radical do tempo em Portugal.

A próxima semana arrancará com temperaturas mais baixas

Como já foi referido anteriormente, na segunda-feira (17) a instabilidade atmosférica manter-se-á ativa sobre várias regiões de Portugal continental devido a um vale depressionário que conterá os remanescentes da depressão Claudia, provocando aguaceiros, possivelmente acompanhados de trovoada, nas primeiras horas do dia pelo litoral Norte, mais tarde entre Mondego e Tejo, e nas horas seguintes a concentrarem-se sobretudo nas regiões situadas a sul do Tejo.

Remanescentes da depressão Claudia manter-se-ão sobre a geografia do Continente até segunda-feira, 17 de novembro.

O vento deixará finalmente de soprar de Su-Sudoeste, passando a soprar do quadrante Norte e sinalizando a transição para um estado do tempo mais estável. Prevê-se a possibilidade de formação de neblina ou nevoeiro matinal em vários locais do interior Norte e Centro.

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Logo no início da próxima semana já será sentida uma descida das temperaturas à superfície em grande parte do país, especialmente na terça (18), quando se prevê que os valores das mínimas estejam abaixo de 10 ºC em grande parte do país (exceto Lisboa e Faro) e inclusive próximos aos 0 ºC nas cidades de Guarda e Bragança. No entanto, os dias de segunda (17) e terça-feira (18) em termos térmicos serão apenas um aperitivo do que virá mais tarde, quando um fluxo de norte se abrir rumo à nossa geografia.

Chegada do ar polar tem data marcada, eis quando

A partir de quarta-feira, dia 19, a corrente de jato polar estará muito ondulante sobre os países europeus com fachada atlântica. Uma crista anticiclónica subirá em latitude, de sul para norte em direção à Islândia, enquanto um grande sistema de baixas pressões se desenvolverá sobre o continente europeu e várias depressões secundárias formar-se-ão sob a sua alçada.

Entre as altas e as baixas pressões irá canalizar-se um fluxo de Norte que transportará uma massa de ar polar marítimo que afetará grande parte da Europa, incluindo Portugal continental, e especialmente as regiões do interior Norte e Centro.

A entrada de rompante do ar polar marítimo traduzir-se-á em anomalias térmicas negativas substantivas de norte a sul de Portugal continental, isto é, são expectáveis temperaturas abaixo dos valores médios da normal climatológica de referência para esta altura do ano.

É importante recordar que, embora o termo “ar polar” possa parecer impactante ou surpreendente, esta massa de ar chega normalmente às nossas latitudes já muito mais temperada do que no resto da Europa. A região de origem do ar polar marítimo situa-se nas imediações do Círculo Polar Ártico e, no nosso país, costuma provocar temperaturas baixas e gelo e geada. Se houver humidade suficiente em altitude, poderá provocar precipitação sob a forma de neve (o que não parece ser o caso desta vez, embora ainda exista incerteza quanto a este cenário, pelo que as previsões podem alterar-se).

Eis os prováveis efeitos da massa de ar polar e do vento Norte em Portugal

De acordo com o nosso modelo de confiança (Europeu - ECMWF), entre quarta-feira (19) e sexta (21) vislumbra-se a possível descida para sul de uma massa de ar polar marítimo proveniente das latitudes altas. A instalação do ar frio na nossa geografia será gradual, e embora se preveja uma 'estadia' breve (dias 19 a 21), será muito intensa à medida que se espalhar sobre boa parte do território de Portugal continental (grosso modo a Região Norte e o interior Centro).

Caso esta configuração sinóptica se concretize, provocará uma descida acentuada e generalizada das temperaturas no nosso país, obviamente com valores térmicos mais reduzidos quanto mais para norte e para o interior, devido a fatores como a origem da massa de ar (vem de Norte), a latitude e o efeito de continentalidade.

frio Portugal
Neste mapa de temperatura do ar a 1500 metros de altitude vislumbra-se a 'invasão' de ar polar marítimo em Portugal continental, que poderá ocorrer a partir de meados da terceira semana de novembro. Apesar do elevado grau de incerteza na previsão, sexta-feira, 21 de novembro, poderá ser um dos dias mais frios deste episódio.

Para já, tudo indica que sexta-feira, 21 de novembro, poderá ser o dia mais frio deste episódio, não só em termos de intensidade (valores muito baixos das temperaturas máximas e mínimas) como também em termos de área geográfica abrangida, quando a isotérmica de -2 ºC a 1500 metros alcançar grande parte da nossa geografia, sendo que a isotérmica de -4 ºC a 1500 metros de altitude poderá inclusive manifestar-se sobre o Nordeste Transmontano e a Beira Alta, segundo os mapas de referência da Meteored.

No entanto, como é normal num prazo temporal tão distante, ainda persiste uma elevada incerteza, com alguns cenários a projetarem valores menos rigorosos.

Prevê-se a formação de gelo e geadas nos vales e terras baixas do interior Norte e Centro e nalgumas zonas montanhosas do Alto e Baixo Minho. Ao amanhecer espera-se uma temperatura igual ou inferior a 0 ºC nalgumas capitais de distrito: em Bragança ou Guarda a temperatura mínima poderá oscilar entre os 0 e -4 ºC entre quarta (19) e sexta (21). A partir de sábado (22), as temperaturas deverão voltar a subir.