Depressão Cláudia já provocou dois mortos e 32 deslocados
O pior já terá passado, mas a precipitação intensa mantém-se até sábado, com as autoridades da Proteção Civil em estado de alerta em todo o território continental e região da Madeira.

Inundações, quedas de árvores, deslizamento de terras ou estradas cortadas são algumas dos efeitos mais visíveis da passagem da Depressão Cláudia que continuaram esta sexta-feira a deixar um rasto de destruição por todo o território continental.
Este era o ponto de situação da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), lançado na tarde desta sexta-feira. As condições de maior severidade, no entanto, estão a terminar gradualmente, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Todo o território continental vai permanecer, no entanto, com o nível de aviso amarelo devido à precipitação com “aguaceiros por vezes fortes e acompanhados de trovoada”. Nas regiões costeiras, os alertas devem-se às “ondas de quatro a cinco metros” que poderão se prolongar até à noite de sábado.
Setúbal e Grande Lisboa são as regiões mais afetadas
A Península de Setúbal, com 577 ocorrências, a Grande Lisboa, com 265, e o Algarve, com 251, são as sub-regiões mais afetadas. A maioria das ocorrências está relacionada com inundações, totalizando 1.357 situações, seguindo-se a queda de 442 de árvores, limpeza de 264 vias, e ainda 182 infraestruturas tombadas e 171 deslizamentos de terra.
Houve ainda nove operações de resgate aquáticos e nove de salvamentos terrestres, que mobilizaram 7.682 operacionais, apoiados por 2.947 veículos da Proteção Civil.
Em Setúbal, a região mais afetada, a Estrada Nacional 378 - que liga o Seixal a Sesimbra - ficou parcialmente alagada, tendo dois bombeiros ficado presos dentro de uma ambulância.

Na baixa do Montijo, dezenas de lojas ficaram também alagadas, obrigando os comerciantes a encerrarem os estabelecimentos para proceder às limpezas e avaliar os prejuízos. As escolas foram forçadas a encerrar e, a poucos quilómetros, no concelho de Palmela, a chuva e, sobretudo, o vento forte destruíram os muros de um campo de futebol.
Em Azeitão, também no concelho de Setúbal, uma estrada abateu na sequência de um aluimento de terras, abrindo uma cratera de cinco a seis metros, que levou ao corte da via nos dois sentidos. Na freguesia, os bombeiros tiveram ainda de interditar a rua da Mata, após um repentino deslizamento de terra, que cortou a eletricidade de um hospital local, mas que foi restabelecida rapidamente pela E-Redes.
Ventos extremos no Alentejo e Algarve
Em Nisa, no alto Alentejo, ventos extremos, descritos como um “tornado” pelo autarca da cidade, danificaram dez habitações, mas a situação esteve sobretudo complicada na região algarvia.
Ao final da manhã, a cidade de Faro foi atingida por ventos extremos que fizeram tombar árvores e estruturas móveis, mas não houve vítimas. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera confirmou que a capital de distrito foi afetada por um fenómeno de vento que causa "rajadas muito intensas e localizadas" com "impacto destrutivo".
Madeira em prevenção
Embora no continente a situação meteorológica apresente agora um risco moderado, o IPMA prevê um agravamento do estado de tempo no Arquipélago da Madeira até à tarde de domingo, em especial na costa sul e zonas montanhosas, devido aos impactos da Depressão Cláudia, centrada a sudoeste das ilhas britânicas e quase estacionária.

A ANEPC reforça, todavia, que muitos dos impactos podem ser mitigados com comportamentos preventivos, sobretudo nas zonas mais vulneráveis a inundações, ventos fortes e galgamentos costeiros.
Entre as recomendações, destaca-se a necessidade de manter limpos os sistemas de escoamento das águas pluviais, assegurar a fixação de estruturas soltas, evitar a circulação em áreas arborizadas ou junto à orla costeira e adotar uma condução defensiva devido à formação de lençóis de água.