Efeitos de uma tempestade que promete deixar chuva abundante em Portugal

O nosso país está às portas do primeiro temporal de chuva deste outono. Prevê-se acumulações muito significativas em várias regiões, contudo, insuficientes para a reversão da seca. Quais os principais efeitos desta depressão? Consulte a previsão!

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Entre chuva e trovoada, esta tempestade, ex-furacão Danielle, promete descarregar com abundância em Portugal continental na primeira metade da próxima semana.

Portugal continental está prestes a receber o primeiro temporal de chuva do outono climatológico. Uma tempestade (ex-Danielle) irá causar uma mudança significativa no estado do tempo nas próximas horas, descarregando precipitação que, sem exceções, abrangerá todo o território continental português na primeira metade da semana. Nalguns locais acumulará quantidades bastante expressivas.

Frentes muito ativas e trovoadas localmente fortes

No momento da escrita deste artigo, a tempestade estava situada defronte da costa ocidental portuguesa, prestes a canalizar um fluxo de ar subtropical muito húmido em direção ao nosso país, um rio atmosférico possuidor de uma grande quantidade de água precipitável, pelo que as frentes associadas serão muito ativas.

Este robusto temporal atlântico produzirá frentes muito ativas que descarregarão chuva abundante de norte a sul de Portugal continental nos primeiros dias da semana que vem, entre segunda (12) e quarta-feira (14).

É insuficiente para acabar com a grave seca que o nosso país atravessa, mas contribuirá para um alívio da situação. Como já é habitual neste tipo de situações, as frentes irão desgastar-se à medida que forem percorrendo o país de oeste para leste, com o centro da tempestade a permanecer estático nas redondezas da nossa costa. Irá enfraquecer gradualmente.

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Até ao final da semana, prevê-se acumulações muito expressivas de precipitação em várias regiões de Portugal continental, algumas delas superiores a 150 mm.

A partir do início da madrugada de segunda-feira, dia 12, chegará a primeira frente atlântica. Ao avançar de oeste para leste, prevê-se que a chuva caia de lés a lés de Portugal continental na primeira metade da semana, com abundância e, por vezes, com forte intensidade. De acordo com o nosso modelo de confiança, nenhuma região do Continente irá escapar a este robusto temporal atlântico.

Acumulações iguais ou superiores a 100 mm em 48 horas

A última atualização do modelo do ECMWF prevê as maiores acumulações de chuva em áreas montanhosas – como a do sistema montanhoso Montejunto-Estrela mas também nas que possuem fachada atlântica, tais como o Minho e Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa, regiões muito expostas aos fluxos húmidos do sudoeste.

Se este cenário se cumprir, acumular-se-iam, pontualmente, mais de 150 ou 200 mm na primeira metade da próxima semana – já a contar com quarta-feira (próximas 72 horas).

Em regiões a sul do Tejo, como o Litoral Alentejano e o Algarve as acumulações serão finalmente expressivas após meses sem ver “pinga de água”, ao poderem ultrapassar os 50 mm em poucos dias.

No entanto, no setor do Vale do Guadiana e nalguns pontos do leste do distrito da Guarda, a quantidade de chuva deverá será muito menos abundante do que quando comparada às restantes regiões do nosso país.

Risco de trovoadas intensas entre segunda e quarta-feira

Além disso, para segunda, terça e quarta-feira, mas sobretudo para os dias 12 e 13, há que salientar a provável ocorrência de trovoadas a acompanhar os fortes períodos de chuva ou aguaceiros. Ao estarmos sujeitos ao limite oriental da tempestade, isto favorecerá o desenvolvimento de precipitação convectiva, com a atividade elétrica a poder ser localmente intensa em qualquer ponto do nosso país.

Além da provável ocorrência de trovoada, não se descarta o risco de formação e queda de granizo, para além de possíveis fenómenos extremos de vento localizados.

Há uma boa probabilidade para o interior das Regiões Norte e Centro, mas também poderão descarregar noutros pontos do país - como o Sotavento Algarvio, Grande Porto ou Grande Lisboa – embora mais dispersas.

Não se descarta a formação e queda de “chuvadas” de granizo, hidrometeoro que pode provocar grandes danos e destruir culturas agrícolas e infraestruturas “num abrir e fechar de olhos”. Tampouco há que descartar a possibilidade de fenómenos extremos de vento à escala local.

Insuficiente para reverter a seca, e outros efeitos deste temporal atlântico

Apesar das reconhecidas vantagens e benefícios que este temporal de chuva abundante trará a um país severamente afetado pela seca, é importante salientar os riscos associados a um evento de chuva forte, que por vezes poderá assumir um carácter torrencial. Tal como abordado neste artigo, nem sempre a precipitação expressiva é benéfica e muitas vezes até pode ser bastante prejudicial.

Desde a Meteored recordamos que este episódio de precipitação é uma excelente notícia, mas não será suficiente para reverter a grave seca que afeta o país inteiro: teríamos de viver vários temporais consecutivos de grandes dimensões para sanar a situação.

Por último, lembrar que haverá um aumento da intensidade da agitação marítima diante da nossa costa nos próximos dias. A ondulação irá fortalecer-se a partir da tarde do dia 12, com ondas entre 2,5 e 3,5 metros de altura significativa. Esta situação irá, previsivelmente, durar até ao fim de terça-feira, dia 13, começando a amainar no dia 14.